Jesus Cristo e o Feminismo

Logo de início é importante afirmar que não existe feminismo, o que há são “feminismos", no plural. Uma rápida volta histórica faz isso ficar bem claro.

Fonte: Guiame, Jean FrancescoAtualizado: quarta-feira, 11 de novembro de 2015 às 19:32

Jesus e o Feminismo

Falar de feminismo hoje é muito arriscado e por um motivo simples: pouca gente sabe o que realmente é feminismo. Geralmente pessoas mais conservadoras, de direita, não sabem o que é o feminismo por acharem que ele é uma coisa só: um machismo ao avesso que apoia a dominação das mulheres sobre os homens, que prega o lesbianismo, a homossexualidade, anti-casamento, anti-família e o conceito de aborto indiscriminadamente e etc.

Por outro lado, algumas vertentes de feminismo fizeram do movimento uma espécie de "religião camisa de força”, cheia de normas e regras do tipo: 1. Sexo entre um homem e uma mulher é sempre uma violência ou estupro, 2. heterossexualidade é uma construção machista e opressora; 3. A maternidade é um retrocesso, 4. Ser dona de casa é optar por uma vida de escravidão masculina; e pior ainda, 5. O cristianismo foi o grande responsável por tudo isso.

Logo de início é importante afirmar que não existe feminismo, o que há são “feminismos", no plural. Uma rápida volta histórica faz isso ficar bem claro. A maioria dos historiadores concorda que o feminismo pode ser dividido em três "ondas”. As três ondas tem em comum que "feminismo é o movimento que luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres."

1º ONDA. Teve início no Reino Unido e Estados Unidos no fim do século XIX e início do XX. Naquela época mulheres protestavam por direitos à propriedade — que antes eram apenas dos maridos — e se opunham aos casamentos arranjados. Depois no fim do sec. XIX o foco foi político, lutavam pelo direito a voto e, com muita luta, essas mulheres conseguiram seus direitos.

2º ONDA. Aconteceu em boa parte da Europa e Américas entre as décadas de 1960 até 1980. As mulheres continuaram a luta contra desigualdades sociais, culturais e políticas. Em poucas palavras, elas lutaram para se inserir na conjuntura da sociedade e tirar a pecha que mulher só serve para gerar filhos.

Então, pouco a pouco as mulheres foram conquistando leis contra o estupro, violência doméstica, direito ao trabalho, educação, posições iguais e justas na sociedade e mais e mais o assunto sexualidade foi ganhando espaço nos debates. Nos anos 80’s as mulheres já faziam uso de métodos contraceptivos e tinham direitos quanto a sua vida reprodutiva.

3º ONDA. Já na década de 1990 o feminismo de terceira onda tentou compreender quais eram as raízes da desigualdade e discriminação contra as mulheres. Qual foi a resposta? Várias, mas uma que ganhou muito peso foi a ideia de que o gênero masculino e feminino são apenas construções históricas e sociais.

Para uma parte das feministas de 3º onda, acreditar que homem e mulher são por natureza diferentes não é apenas um problema, é a própria raiz da desigualdade social entre homens e mulheres. Portanto, qual deve ser a principal luta delas? Acabar com a construção de gênero homem e mulher, do tipo: “isso é coisa de homem, aquilo é coisa de mulher". E para outros grupos mais radicais a solução é tirar de circulação a ideia biológica ou teológica de que homem nasce homem e mulher nasce mulher, pois nosso gênero "não é", ele apenas "se constrói" socialmente.

Aida hoje a questão de gênero tem um peso relevante na agenda feminista de 3º onda, tanto é que alguns definem feminismo apenas como o “feminismo da terceira onda”, excluindo as duas ondas anteriores. A razão é que o feminismo da 3º onda se distanciou em muito das definições do que “é o ser feminino” em relação a primeira e segunda onda.

Todos nós temos uma grande dívida de gratidão pela militância das mulheres, mas acho importante questionarmos algumas coisas: 1. É realmente a diferença de gêneros, "homem nasce homem, mulher nasce mulher ou homem é isso e mulher é aquilo” as causas da desigualdade social; 2. A identidade homem e mulher é apenas resultado de uma construção social-histórica e nada mais?

A discussão sobre ideologia de gênero realmente é enorme e não é meu objetivo lidar com profundidade agora. Mas antes de dizer qualquer coisa, quero propor uma reflexão: qual foi o personagem mais importante que lutou pela igualdade entre mulheres e homens da história? Jesus Cristo. O fundador do cristianismo. O Deus cristão foi e é o principal defensor das mulheres em toda história. Alguns exemplos:

1. Jesus confrontou a cultura machista judaica escolhendo discípulas para andar com ele (Mc 15.40-41);
2. Jesus ofereceu salvação para uma mulher samaritana após seu quinto divórcio (Jo 4);
3. Jesus confrontou o machismo judaico sendo sustentado financeiramente por mulheres (Lucas 8.1-3);
4. Jesus andou com as mulheres ricas e as oprimidas (Lucas 8.42-48);
5. Jesus confrontou o patriarcado ensinando que mulheres também podiam oferecer carta de divórcio (Mt 19,7-12, Mc 10.12);
6. Jesus livrou prostitutas da morte (Jo 8.1-11);
7. Jesus foi visto ressuscitado pela primeira vez e pregado por mulheres (Lucas 24.1-10).

Jesus é, sem dúvidas, o maior defensor das mulheres de toda história e para ele homem não é apenas uma construção histórica, há uma identidade masculina na visão cristã. Igualmente, mulher não é apenas uma construção social, mulher tem uma identidade feminina própria.

Sem dúvidas no curso da história a cultura machista aproveitou-se de elementos próprios da identidade feminina como a maternidade, sensibilidade, emoção e ciclos hormonais para “caricaturar” a mulher como “só” isso, reduzindo suas potencialidades em outras áreas da vida, a fim de explora-la. Neste aspecto, a reação feminista é singular e necessária, mas chegar ao ponto de propor a abolição da identidade feminina ou qualquer outra coisa do gênero é ir longe demais.

Na visão cristã as diferenças entre homens e mulheres não são antagônicas, mas complementares. Quando homens se juntam com mulheres tendo Cristo como eixo, ao invés vez de guerra, celebram com beleza a unidade na diversidade. Por isso, para deixar tudo mais claro, qual tipo feminismo acho saudável? Sou a favor daquele que diz:

I. Sim para salários iguais e justos;
II. Sim para votar e serem votadas;
III. Sim para liberdade de escolha profissional;
IV. Sim para educação de todas;
X. Sim, a educação é obrigação dos pais, não apenas da mãe;
VI. Não, não a qualquer tipo de violência contra a mulher;
VII. Sim, atividades domésticas são do homem e da mulher;
VIII. Sim, mulheres tenham controle do seu corpo (não entrarei na questão do aborto aqui), mas com responsabilidade. Esse feminismo terá sempre o meu apoio.

Lembre-se, o plano mais maravilhoso da história humana — Deus resgatando o ser humano do pecado e da morte — só foi possível porque Deus escolheu uma mulher para ser mãe do Salvador. Deus decidiu que do ventre de uma jovem menina estaria a esperança para a raça humana.

Dedico este texto-vídeo à minha mãe, dona Neiva, que mesmo sem um homem ao lado me criou sozinha trabalhando em três empregos. À minha avó Ana que cuidou muito bem de seu neto enquanto a mãe trabalhava. E à minha esposa Gesie que cuida até hoje de mim. Sem dúvidas caricaturas históricas-reducionistas da mulher são opressoras e odiosas, mas tenho certeza que não é nenhum pouco necessário abrir mão da identidade masculina e feminina para continuar lutando pelos direitos delas

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