“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” – Lamentações de Jeremias 3:21
O ser humano tem uma capacidade fantástica para ultrapassar os pequenos problemas. Dia a dia eles aparecem, mas a experiência vai nos ajudando a administrá-los e vencê-los.
Muitas pessoas, no entanto, não sabem como se comportar, quando surgem os grandes e graves problemas! Morte na família ou de alguém muito querido; a demissão de um ótimo emprego, quando você esperava uma promoção; a notícia de que contraiu uma doença incurável e fatal; um casamento sólido, sendo destruído por uma traição; negócios que iam bem, em instantes tendo perdas milionárias; estes são apenas alguns exemplos de grandes problemas.
Ao vivenciar estes momentos, precisamos de calma e tranquilidade, mas é comum encontrarmos os que entram em pânico e ficam em “estado de choque”! O abalo é tão grande que ficam “paralisados” pelo medo do que pode acontecer, ou pela angústia de pensar: “por que isto aconteceu?”.
Estas dificuldades podem levar a: sentimento de impotência diante do problema; crescimento da ansiedade; desesperança total (falta de esperança); tendência de culpar a Deus; rebeldia contra os valores de Deus (passa a mentir, agir desonestamente etc.); abismo chama abismo (Sl 42:7 – acontecem as consequências das más ações); depressão e mais desorientação.
Gostaria de contar como o profeta Jeremias enfrentou uma situação muito grave e de muito estresse, que o abalou profundamente. Suas atitudes diante de tanta tensão, poderão nos ensinar a enfrentar os NOSSOS graves problemas.
Ele viveu por volta de 630 a.C., tendo quase 50 anos de ministério como profeta, passando por 5 reis de Judá. Deus o levanta para “falar duro” contra o seu povo (Jr 1:16-19). Por dezenas de anos o Senhor mandou profetas, que diziam: “Parem de fazer o que é errado e de cultuar aos ídolos! Ou então, Deus mandará juízo contra vocês!”. Mas os judeus não mudaram de atitude! Portanto, através de Jeremias Ele diz: “O juízo virá! Vocês serão dominados e levados cativos por uma nação estrangeira, os babilônios”.
O profeta obedeceu a Deus e foi preso como “traidor”. Mais ainda: foi jogado em uma “cova”, uma espécie de poço desativado, cheio de lama até a cintura, onde os prisioneiros eram deixados e “esquecidos” para morrerem lentamente (Jr 38). Um empregado não judeu (etíope), intercede pelo profeta diante do rei. Depois de um tempo, Jeremias é solto e colocado em uma prisão comum.
Os inimigos vindos da Babilônia invadiram Jerusalém (586 a.C.) e deixaram um cruel rastro de destruição. Uma das piores derrotas do povo judeu em todos os tempos. Mas os babilônios foram avisados por Deus, de que deveriam poupar a vida de Jeremias e do etíope!
Quando o profeta sai da prisão e vê a devastação e destruição de Jerusalém, ele se abala e chora muito! Por isso ele escreve o livro chamado “Lamentações”. A cidade que é “símbolo de glória” para sua nação, agora está com mortos por todos os lados: homens, mulheres e crianças. Casas em chamas, gente agonizando, muito sangue, muito terror, saque de bens e os que sobraram vivos, eram preparados para tornarem-se escravos numa terra distante.
Diante de tantas imagens de desgraça, captadas por seus olhos ao sair da prisão, Jeremias absolutamente chocado diz: “Quero trazer à memória o que me pode dar ESPERANÇA!” (Lm 3:21).
Fico imaginando que ele deve ter fechado seus olhos, para conseguir momentaneamente se desligar daquela cruel realidade. E foi trazendo à memória, pouco a pouco, fatos bem conhecidos, que lhe trouxeram ESPERANÇA! E na passagem de Lm 3:22-25, Jeremias lembra de três fatos que lhe renovaram as forças, para que pudesse administrar sua vida, dali para frente:
Lm 3:22-23a: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã”.
O que é “Misericórdia”? Poderíamos neste contexto, resumir dizendo que é – Deus deixar de dar o castigo que mereceríamos receber. Jeremias diz logo a seguir: “Suas misericórdias são a causa de não sermos consumidos”. É como se ele dissesse: “Poderia ter sido MUITO PIOR – mas o Senhor poupou uma parte do nosso povo, para preservá-lo!”.
Deus será sempre bonzinho e NÃO PUNIRÁ o culpado? Nada disso! O livro de Naum 1:3 diz: “O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e JAMAIS inocenta o culpado”. A única possibilidade dEle inocentar o culpado, é quando este se arrepende do seu mau caminho. O objetivo de Deus é RECUPERAR a quem verdadeiramente se arrependeu:
Lm 3:31-33: “O Senhor não rejeitará para sempre; pois ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias; porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens”.
Pv 28:13: “O que encobre suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”.
1Jo 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça”.
Aqui temos a garantia de que seremos perdoados por Deus, se confessarmos e abandonarmos a prática do pecado. Mas existem pessoas que NÃO SE PERDOAM, pelo que fizeram! Neste caso, tais pessoas são mais cruéis consigo mesmas, do que o próprio Deus o seria!
Lm 3:23b “Grande é a tua fidelidade!”
Quando o “problemão” chega, a tendência é dizer: “Será que Deus me abandonou?” – NÃO! Porque Deus é FIEL e fez uma aliança com o seu povo! A INFIDELIDADE (bem como a inconstância, insegurança, volubilidade) não é característica do Senhor – é marca dos seres humanos: nos casamentos, nos negócios, nas amizades etc.
Dt 7:9: “Saberás pois, que o Senhor teu Deus é Deus. O Deus FIEL, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações, aos que amam e cumprem os seus mandamentos.”
2Ts 3:3: “Todavia o Senhor é FIEL; Ele vos confirmará e guardará do maligno”.
2Tm 2:13: “Se somos infiéis, ELE permanece FIEL, pois não pode negar-se a si mesmo”.
Como é TRANQUILIZADOR, quando lembramos que somos do Senhor e Ele é nosso! Mesmo que por alguma razão “Soberana”, Deus não nos tire da situação que nos aflige, Ele garante que estará ao nosso lado, dando-nos sabedoria para enfrentá-la!
Lm 3:24-25 “A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele. Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca”.
O v.24 mostra que nossas almas precisam se alimentar de Deus! “Porção” é o suficiente para que se possa sobreviver. Quanto MAIS buscamos ao Senhor (através da oração, leitura da Bíblia, meditando e maturando o que dEle aprendemos), MAIS queremos conhecê-lO! Mas o contrário também é verdadeiro: quanto MENOS buscamos e nos “alimentamos” de Deus, mais “anêmicos” ficamos e MENOS queremos estar com Ele. Você conhece pessoas “anêmicas espiritualmente”?
Aos que O buscam e confiam nEle, Deus mostra que NÃO PERDERAM TEMPO:
Sl 55:22: “Confia teus cuidados ao Senhor e Ele te susterá: jamais permitirá que o justo seja abalado”.
Sl 84:11b: “(Deus) NÃO NEGARÁ bem algum aos que vivem corretamente”.
A comprovação maior de que Deus é Bom, foi feita pelo próprio Jeremias quando estava no fundo daquela cova: ele clamou ao Senhor e Ele o atendeu!
Lm 3:55-59: “Clamei pelo teu nome, Senhor, das profundezas da cova. Tu ouviste o meu clamor: ‘Não feches os teus ouvidos aos meus gritos de socorro’. Tu te aproximaste quando a Ti clamei e disseste: ‘Não tenha medo’. Senhor, tu assumiste a minha causa e redimiste a minha vida. Tu tens visto, Senhor, o mal que me tem sido feito. Toma a teu cargo a minha causa!”.
Finalizando: quando temos grandes problemas, por vezes ficamos tão estressados, que não conseguimos aprender “saídas novas” ou pensar em “conceitos inovadores”. Numa hora de crise, dificilmente conseguiremos assimilar novos princípios bíblicos. Assim sendo, como aprendemos com Jeremias, devemos lembrar os conceitos que já sabemos e que podem nos renovar a esperança, como por exemplo:
1. A Misericórdia de Deus não tem fim;
2. Deus é Fiel e não nos abandonará;
3. O Senhor é Bom para com os que confiam nEle!
Por Sergio Leoto (pastor) e Magali Leoto (psicóloga) escritores, palestrantes e trabalham junto às famílias, através do ministério “Fortalecendo a Família”, desde 1990.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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