O capítulo quatro de Apocalipse mostra uma retirada da época da Graça para os sete anos da Tribulação. Percebemos um salto da terra para o céu, passando de uma dimensão terrestre para uma visão celestial. Os capítulos anteriores mostram a história da Igreja na terra, enquanto este mostra a história da Igreja no Céu. Quando findar na terra no Céu vai continuar.
– Esta é uma antevisão da glória celestial
A Igreja verdadeira não será mais encontrada na terra. O Corpo de Cristo foi removido da sujeira que o circundava e apesar de pisar na lama, não se contaminará. Nossa missão é resgatar pessoas atoladas e trazê-las para os braços de Jesus, pois só nele há salvação. Penetraremos, a partir daqui, em uma zona de guerra, pois assim será depois do arrebatamento. O Apocalipse mostrará a Igreja no Céu e os tormentos montados em uma Terra sem Deus. Deixaremos a Igreja falsa, abandonada à sua própria sorte.
Há uma diferença entre arrebatamento e segunda vinda de Jesus. O arrebatamento envolverá exclusivamente a Igreja (1Ts.4.13-17). Virá como um ladrão (1Ts.5.2-7), sem prévio aviso. Na realidade não é Ele que virá, nós é que iremos subir. A segunda vinda de Cristo, terá alcance universal. “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem” (Mt.24.27,30,31). Será então quando Ele vier para todas as nações. Virá como um relâmpago. Assim sendo, o arrebatamento é para a Igreja e a Segunda vinda de Cristo será para as nações.
Tanto o ladrão como o relâmpago, vêm sem avisar. O ladrão vem silenciosamente, o relâmpago é acompanhado de muito barulho. O ladrão vem buscar objetos valiosos para guardá-los em lugar seguro e Jesus, como um ladrão, arrebatará sua Igreja para estar segura com ele. O relâmpago, vem em consequência de uma atmosfera carregada, produzindo alívio de tensão e purificação e Jesus estará purificando o mundo dominado por satanás e seus demônios. O ladrão vem arrebatar a Noiva, o relâmpago vem trazer juízo para as nações.
O céu se encherá de festa com a presença da nova moradora, a Noiva de Cristo. Na terra, as tragédias previstas no livro de Apocalipse, ou seja, a Grande Tribulação se dará no mesmo momento em que a Noiva de Cristo comemora no céu.
A agenda de Deus já está lotada, restando apenas algumas páginas a serem viradas. O Senhor Jesus voltará para sua Igreja e finalmente compareceremos à mais importante de todas as reuniões. O local desta reunião, não poderia ser mais espetacular, pois acontecerá em plenas nuvens 1Ts.4. E ali estaremos para sempre com o Senhor.
Segundo o Evangelista Lucas (Lc.21.23,24), o tempo dos gentios está se completando. Podemos deduzir desta passagem que este período durará até que Jerusalém seja totalmente reconquistada pelos israelitas. Sabemos que Jerusalém é hoje uma terra de judeus e não de gentios, embora ainda não totalmente, pois restam sinais fortes da presença gentílica na cultura local. Esta crescente conquista de Jerusalém pela cultura hebraica, coisa da qual a Igreja deve procurar participar, acontece, para que Jesus não tenha que voltar para uma cidade pisada por um povo que não lhe pertence.
Jerusalém é chamada nas Escrituras de Cidade do Grande Rei. Deus está no momento, tratando com a Igreja, que foi enxertada na videira. Houve portanto, um acoplamento entre judeus e gentios na Igreja. “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade”. No futuro, Israel será restaurado juntamente com a Igreja (Romanos 9-11).
Ainda no Evangelho de Lucas, capítulo 21.29-33, vemos um outro sinal dos tempos. É o Florescimento da Figueira. A figueira é historicamente considerada como símbolo da nação de Israel. Este povo já havia deixado de ser uma nação, fazia muito tempo. Aconteceu, porém, que no ano de 1948, uma decisão da ONU, devolveu-lhe o “status” de nação, assim como a conhecemos hoje. O texto de Lucas afirma que a geração que presenciou o florescimento da figueira, é a mesma que presenciará a volta de Jesus. Há, portanto, uma forte indicação de que isto poderá ocorrer ainda em nossos dias.
Há ainda os que defendem a teoria de que a história humana se divide em três períodos iguais. Diga-se de passagem, uma teoria que não é de se jogar fora. Interessante notar que estes períodos têm a mesma duração. De Adão até Moisés, foram-se dois mil anos. De Moisés até Cristo, passaram-se também dois mil anos. De Cristo até o arrebatamento serão mais dois mil anos? Já se passaram quase dois mil anos e se esta teoria estiver correta, está para acontecer o arrebatamento a qualquer momento.
O cenário político parece estar se acomodando de maneira a facilitar a ocorrência dos últimos acontecimentos. O antigo Império Romano, ressurge, numa versão bem mais moderna, é claro, mas ocupando a mesma localização geográfica e ganhando um poderio econômico tal que pode devolver-lhe a antiga influência. A unificação europeia foi prevista pelo profeta Daniel a milhares de anos, e segundo ele, deveria ocorrer por volta da segunda vinda de Cristo (Dn.2.31-45 e Dn.7).
Não temos o direito e nem a autoridade para marcar hora, pois o dia e a hora, são de competência exclusiva do Pai. Nosso papel, como filhos de Deus, é vigiar, para que naquele dia não sejamos apanhados de surpresa.
Haverá festa nas nuvens, onde estaremos a salvo das investidas mais ferozes do Anticristo. Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, depois, nós os vivos, seremos transformados para o encontro com o Senhor (2Ts.4.16,17). Esta será a vinda de Jesus para a Igreja.
O próximo acontecimento da agenda de Deus, será a vinda de Jesus para julgar as nações, o que acontecerá depois da tribulação. Ele virá como um relâmpago rasgando os céus e todo olho o verá. Com ele, estarão as milícias celestiais e nós seremos parte deste grande espetáculo (Mt.24.27-31).
A visão pré-tribulacionista entende que o arrebatamento acontecerá antes da tribulação. Ela estará a salvo dos juízos que virão sobre a humanidade durante a grande tribulação. Assim como Enoque foi arrebatado do meio da apostasia do mundo antediluviano, a Igreja estará protegida das calamidades que sobrevirão ao mundo (Sofonias 1.14-18). Há, porém, a possibilidade de haver algum tipo de confronto com o Anticristo, pois a Igreja é descrita por Paulo como aquela que o detém (2Ts.2.6-8).
É interessante que este capítulo mostra a posição da Igreja antes de mostrar o que irá acontecer durante a tribulação. Assim como o Céu se abriu para Estêvão, se abrirá também para a Igreja de Jesus Cristo.
– A visão do trono e do juízo (V.2)
Vamos ganhar as maiores alturas. Quando subimos, conseguimos enxergar mais longe e quando antevemos a glória celestial, começamos a levantar voo. A Igreja que eleva sua compreensão espiritual, consegue ver o trono de Deus e a majestade de Jesus, submetendo-se inteiramente ao seu domínio.
João vê em seu arrebatamento, um trono ocupado (V.2). “E eis armado no céu um trono, e no trono alguém sentado”. Este trono é o centro do universo. Ao redor deste trono giram acontecimentos mundiais do passado, do presente e do futuro.
Ao redor do trono havia um arco íris (v.3). Isso nos lembra de que Deus é fiel as suas alianças. “Sim, estabeleço o meu pacto convosco; não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio; e não haverá mais dilúvio, para destruir a terra. E disse Deus: Este é o sinal do pacto que firmo entre mim e vós e todo ser vivente que está convosco, por gerações perpétuas: O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra” (Gn.9.11-13).
Havia 24 anciãos ao redor do trono (v.4). Estes vinte e quatro anciãos podem ser Israel (12 patriarcas) e a Igreja (12 apóstolos) e podem ser representantes da humanidade redimida (judeus e gentios).
Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões (v.5). Os trovões anunciaram os últimos juízos sobre o Egito (Ex.9.23,28). Os trovões anunciaram a lei dada a Israel (Ex.19.16) e foi uma trovoada de Deus que derrotou os filisteus (1Sm.7.10).
Os quatro seres viventes (v.6). Há várias teorias sobre estes seres: Estes podem representar os quatro ministérios de Cristo:
O Leão mostra sua potência e majestade encontradas no Evangelho de Mateus. O Touro aponta seu ministério de servo, sempre pronto a carregar as cargas dos seres humanos decaídos, conforme é mostrado no Evangelho de Marcos. O rosto de homem faz-nos lembrar de sua beleza e simpatia, e foi este o objetivo de Lucas, ao escrever se Evangelho. A Águia mostra sua visão notável, seu discernimento e a sua divindade desfrutada nas alturas dos horizontes celestiais (João).
Podem representar também as diversas formas de vida de nosso planeta. O leão é o cabeça dos animais ferozes, o touro é o cabeça dos animais domésticos, o homem é o cabeça da humanidade e a águia é a representante das aves.
Diante do trono, nós estaremos. “Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal” (2Co.5.10). Será um ato de premiação e não de condenação. A base para esta premiação, são as nossas obras (1Co.3.1-10). É neste momento que receberemos nossas coroas e seremos classificados conforme o nosso grau de fidelidade ao Senhor.
O importante nisto tudo, é que todos os seres viventes deverão se apresentar perante o Senhor. O Tribunal de Cristo é para "nós", e o Trono Branco, que ocorrerá no final de tudo, é para os incrédulos. O acontecimento do trono é inevitável. Creio que ao redor deste trono estarão anjos, homens e demônios para prestar contas a ele. A grande notícia é que nós já estaremos ali para sempre com o Senhor.
Por Ubirajara Crespo, pastor, conferencista, editor, autor das notas de rodapé da Bíblia do Guerreiro e dos livros “Qual o limite para o sofrimento” e “Rota de colisão”.
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