O laço entre o pai e o filho desde a gravidez

O contato com a barriga da mãe na gravidez e o acompanhamento nas consultas médicas durante a gestação, por exemplo, criam um vínculo mais forte entre o pai e o bebê

Fonte: bebe.abril.com.brAtualizado: quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015 às 13:14
pai e filha
pai e filha

Muito se fala sobre o vínculo mãe e filho, um elo forte que começa já na gravidez. Afinal, a mulher sente, dentro dela, o desenvolver de uma vida. E quando o bebê nasce, é a mãe que amamenta e passa a maior parte do tempo com o pequeno nos braços. Mas, a participação do pai nestes dois momentos é fundamental para que a criança se sinta amada e protegida. E você, papai dedicado, pode e deve dividir e compartilhar com a parceira algumas funções.

Diferente da mulher, o pai não sente as mudanças físicas da gestação. “O ser pai é uma realidade que, muitas vezes, só acontece quando a criança nasce, pois ele se torna um espectador do processo”, explica Ricardo Monezi, psicobiólogo e pesquisador do Instituto de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo.

Após o nascimento do bebê, os homens costumam ter maneiras diferentes de reagir. “Mas, no geral, pode parecer difícil participar dos cuidados do filho, já que a ideia comum é de que é a mulher quem deve assumir essa função”, ressalta o Ricardo Castro, psicólogo com mestrado em saúde coletiva e coordenador geral do Instituto Papai.

E como o pai pode criar laços desde o momento em que o bebê está na barriga? Com a chegada do pequeno, por que é importante participar do dia a dia do filho? Para responder essas perguntas, conversamos com especialistas para ajudar o papai a ser ainda mais presente.

Na gravidez
Contato com a barriga da mãe: Ricardo Monezi sugere que os pais se aproximem das mulheres, ajudando-as a passar óleo na barriga, por exemplo. “A criança sente o toque e, além disso, vai ser um exercício para aproximar pai, mãe e filho. O bebê reage às reações emocionais da mãe e quando esta se sente cuidada e acariciada contribui positivamente para a criança”, completa.Converse com o bebê: O pequeno já vai conhecendo a voz do pai. “O ato é importante, pois o pai vai criando um lugar para o filho na vida dele. Quando nascer, ele já terá um espaço dentro da família”, afirma Milena Rosa Silva, professora e pesquisadora do Departamento de psicanálise e psicopatologia do Instituto de Psicologia da UFRGS e coautora do livro Maternidade e paternidade – a parentalidade em diferentes contextos.

Acompanhamento médico
Ir às consultas médicas e se inteirar sobre os assuntos do universo do bebê são fatores importantes que ajudam os pais a criar laços com os filhos. “Temos que ser mais proativos e participar dos pré-natais, conversar com outros pais, discutir sobre como será o parto e ler sobre o assunto”, observa Castro. Fazendo isso, os pais darão mais segurança para as futuras mamães e consequentemente para os filhos. Depois do nascimento do pequeno, acompanhe as consultas sempre que puder. “Ele deve se programar para conseguir ir junto com a mãe e a criança ao pediatra. O pai não pode ter medo de tirar suas dúvidas com o médico”, ressalta Monezi. Ao esclarecer as dúvidas, ele adquire mais segurança para cuidar do filho, o que reforçará o vínculo entre os dois.

Ajuda nos cuidados diários com o bebê
Nos primeiros meses, a principal função do pai vai ser dar suporte à mãe. Ele pode assumir as tarefas quando a companheira está muito cansada. É uma maneira de se aproximar do bebê, enquanto a mulher recarrega as energias. Como pai, Ricardo Monezi defende que não dá para ser um mero espectador do processo. “Tem que ser companheiro, cúmplice. O casal vai continuar a ser marido e mulher, mas eles estão assumindo a questão do terceiro elemento na família, e isso não pode ficar só com a mãe”, afirma. O psicobiólogo sugere que o paizão ajude na troca de fraldas, dê banhos e colo, converse, coloque os bebês para dormir, acalme suas dores fazendo massagens para aliviar as cólicas. “O pai começa a entender melhor a criança à medida que ele fica mais com ela. Ele percebe que o cuidado traz uma satisfação e vai querendo manter esse vínculo” aponta. Para Milena, o pai e a mãe podem ter relações diferentes com o bebê. “Se o pai não gosta de trocar a roupa, ele pode dar o banho. Todo mundo não precisa fazer a mesma coisa. É melhor para o bebê se eles estiverem fazendo aquilo que ficam mais à vontade”, revela.

Vencendo a insegurança
O fato de ter uma criança pequena e totalmente dependente pode assustar alguns homens que acham que não estão preparados para isso. É normal que a situação nova traga inseguranças aos futuros papais. “A proximidade do pai com a criança após o nascimento é um exercício de perda de medo e enfrentamento de uma nova realidade. Nós, homens, estamos carregados de medos e quando a criança nasce temos esse confronto com a realidade. Depois de nove meses, você está vendo a concretização daquela realização, você está ocupando uma nova função de pai e isso traz medo porque é novo”, esclarece Monezi. Para ele, o ideal é que os pais se deixem contaminar pelo amor à criança. Eles não devem ter medo de pegá-las no colo, de embalá-las ou ouvi-las chorar.

A mulher precisa confiar
Tanto o pai quanto a mãe da criança desenvolvem maneiras únicas de cuidar do pequeno. Por isso, é importante que as mães confiem e deixem os homens entrarem em ação. “Primeiro copiamos um pouquinho as mulheres e depois criamos o nosso próprio jeito”, revela Castro.

Licença paternidade
A licença paternidade no Brasil é de cinco dias consecutivos após o nascimento do bebê. “O afastamento foi pensado a partir da lógica de garantir o registro do filho para que o homem possa ir ao cartório”, afirma Castro. Infelizmente, o tempo é curto. Uma boa alternativa é marcar as férias para depois do nascimento do filho. “Ele poder ficar um mês mais próximo. Vai ser bom para o casal e vai ajudar o pai a conhecer melhor o bebê”, adverte Milena. Entretanto, se não for possível desfalcar o trabalho, o homem precisa aproveitar o tempo disponível da melhor maneira ao lado dos filhos.

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