Pastor lista 6 erros que os pais cometem na criação dos filhos

“Amar um filho não é suficiente para garantir o sucesso da criação”, ensina pastor Ricardo Vasconcellos, do Ministério Família de Sucesso.

Fonte: Guiame, Luana NovaesAtualizado: quarta-feira, 16 de março de 2022 às 16:53
Pastor Ricardo Vasconcellos na MCI Sintra. (Foto: Marcos Paulo Correa/Guiame)
Pastor Ricardo Vasconcellos na MCI Sintra. (Foto: Marcos Paulo Correa/Guiame)

O pastor Ricardo Vasconcellos, fundador do Ministério Família de Sucesso, ofereceu conselhos práticos aos pais de crianças e adolescentes, fazendo uma análise: onde nossos pais erraram e onde estamos errando?

“Amar um filho não é suficiente para garantir o sucesso da criação. Não é só ter o amor, é saber dar esse amor”, disse Vasconcellos nesta terça-feira (15) durante um Café de Pastores em Sintra, Portugal.

O encontro, no qual o Guiame esteve presente, foi promovido pela Missão Cristã Internacional (MCI), liderada pelo pastor Sidson Novais. 

Pai de quatro filhos, o pastor Ricardo e sua esposa, Mairla, já passaram por diversos desafios. Há mais de 12 anos, eles têm ministrado as famílias e promovido os valores bíblicos para dentro dos lares.

“Nosso sonho como pais é que nossos filhos sejam bem sucedidos, mas, muitas vezes, ficamos frustrados com o resultado que obtemos. Isso nos desanima e começamos a nos questionar o por quê”, observou.

Por isso, o pastor listou 6 pontos importantes que destacam os erros dos pais, tanto na geração anterior como na atual:

1. Antigamente os pais cobravam demais. Hoje não cobramos nada.

Ricardo Vasconcellos lembra que a geração de seus pais era extremamente exigente — as crianças eram criadas ajudando nas tarefas de casa e ouvindo frases como “se não fizer direito, vai ter de fazer tudo de novo” e “se reclamar, vai apanhar!”

“Muitos de nossa geração se tornaram perfeccionistas. Tínhamos que fazer tudo em um padrão alto, se não a gente apanhava. Ficar parado era sinal de preguiça”, ele lembra.

Hoje ele observa que os pais cobram muito pouco dos filhos. “A varinha saiu de um extremo e foi para o outro”, disse. “Antigamente a gente estudava, ajudava em casa, lavava a louça, limpava o quintal, fazia tabuada, caligrafia e ainda passava de ano. Os filhos hoje não fazem nada disso e ainda não dão conta”.

O pastor avalia que por causa do excesso de exigência no passado, os pais exigem pouco. Com isso, os filhos foram criados distantes de tarefas básicas do dia a dia. “Não ensinamos os meninos a trabalhar, arrumar o quarto, lavar a louça, cozinhar. Temos uma visão como se nunca fosse acontecer uma guerra como agora na Ucrânia, uma crise, uma pandemia, que leve a pessoa precisar fazer essas coisas”, afirma.

“Coloque seus filhos para fazer algo em casa, ainda que não precise e que você tenha alguém que faça. É para o bem deles”, o pastor alerta.


Pastores Sidson Novais e Ricardo Vasconcellos na MCI Sintra. (Foto: Marcos Paulo Correa/Guiame)

2. Antigamente os pais não conversavam. Hoje conversamos demais.

“Nossos pais não sabiam conversar. Eles só diziam: faça porque eu mandei”, lembra o pastor Ricardo. “Às vezes você levava um beliscão tendo que adivinhar o que eles estavam pensando”, brinca.

Hoje ele observa um comportamento oposto. “Uma geração não falava, a outra não para de falar. Há mães dizendo ‘se você fizer isso, você vai ver’. E o filho nunca vê nada. Os filhos passam dos limites e nunca há consequências. Ele cresce acreditando que não vai ter problemas quando limites são ultrapassados”, avalia.

3. Antigamente os filhos não dormiam até tarde. Hoje dormem muito.

O pastor lembra que, mesmo aos finais de semana, as crianças tinham que acordar cedo e começar suas atividades. “Poucos da minha geração dormiam até meio dia. Era dormir cedo e acordar cedo”, lembra.

Hoje, ele comenta que a atual geração dorme demais, sem limites na disciplina do sono. “Deixamos esses meninos dormirem muito. A gente dormia 8 horas, agora o pessoal dorme 10 ou 12 horas”.

4. Antigamente os pais batiam demais. Hoje não há mais disciplina.

Vasconcellos lembra que a geração de seus pais batia excessivamente para ensinar os filhos. Hoje há uma geração de pais que “não bate” e não ensina com disciplina.

Ele ainda cita dois ensinamentos bíblicos sobre o assunto: 

“Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura.” (Provérbios 23:13-14)

“A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe.” (Provérbios 29:15)

“É uma promessa, é uma afirmação bíblica”, lembra. “Filho não sabe o que é melhor para ele. Pai e mãe não tem que fazer o gosto do filho, mas sim o que é melhor para o filho. A dó que os pais têm de corrigir e achar que falta de vara é amor, é uma das maiores distorções desse tempo. Criança tem que ter limites.”

Ele também orienta sobre a fase certa de aplicar a disciplina: deve ser feita principalmente na infância, para se colher os frutos na adolescência.

“Filho vai dar trabalho, o que você precisa é escolher a época em que ele vai ter trabalho. Se na infância você gastar tempo orando, conversando, corrigindo, disciplinando, você não vai ter esse trabalho na adolescência. Mas se você não tiver trabalho com o filho pequeno, ele vai dar trabalho mais tarde.”


Pastor Ricardo Vasconcellos na MCI Sintra. (Foto: Marcos Paulo Correa/Guiame)

5. Antigamente tudo era para os pais. Hoje tudo é para os filhos.

“Se saísse de férias, os pais eram quem ficava no melhor quarto. Se o jantar fosse frango, a coxa era para os pais. Não faltava comida, não faltava roupa, mas a gente sabia que se tivesse alguma coisa diferenciada, era para eles”, afirma o pastor.

Ele vê que se antes tudo era para eles, agora tudo é para os filhos. Ele ensina que é errado os filhos terem celulares melhores, roupas de marca e todo o conforto, se os pais não tiverem nada disso.

“O que fez você querer vencer na vida? Uma das coisas é não ter tudo. Você não tem o tênis que todo mundo tem, então isso gera o desejo de trabalhar para ter”, ensina Vasconcellos, acrescentando que é preciso despertar nos filhos uma ambição e vontade de trabalhar.

Ele também exorta os pais a não viverem em função dos filhos. “Isso é um erro muito grande. Se você vive em função dos filhos, quando eles saírem de casa, vocês serão dois estranhos em casa”, afirma. “E deixe eu te contar algo: eles vão embora!”

6. Antigamente os filhos eram “deus” e nós nada. Hoje nós somos nada e eles são “deus”.

Antes, os filhos ouviam dos pais: “Cala a boca, você não sabe de nada” ou “Se põe no seu lugar”. Hoje o quadro se inverteu, segundo o pastor. “Para de poupar o seu filho e se poupe. Isso vai ser bom para eles”, aconselha.

O pastor também mostra uma consequência disso na vida espiritual — é preciso educar os filhos de modo a entenderem que Deus é o centro da vida deles, e não sua própria vontade,

“Deus a nós, Seus filhos, ‘sim’, mas também diz ‘não’ e ‘espera’. Ele também disciplina, porque a Bíblia diz que Ele corrige a quem chama de filho. Deus é o centro, e não nós. Fazemos a vontade Dele e não a nossa”, observa o pastor.

“Mas quando criamos os filhos sem ouvir ‘não’, sem saber esperar, sem disciplina, essa criança vai ter problemas quando Deus disser não. Eles podem pensar: ‘Deus me diz não, mas meus pais não dizem não para mim. Deus me diz para esperar, mas eu gosto de ter as coisas na hora. Deus me diz que é o centro e que eu devo fazer a vontade Dele, mas quero fazer a minha.’”

O pastor continua: “Sabe o que pode acontecer? Eles podem não querer esse Deus. Ou eles vão sair da igreja, ou serão atraídos para a perigosa mensagem da ‘super graça’. Vão começar a ouvir que Deus é amor, compreensivo, que tudo pode, e que você é o centro do universo. Essa mensagem não é bíblica e você pode perder o seu filho.”

Por fim, o pastor Ricardo Vasconcellos deixa mais um alerta: “Vejo pais preocupados em ver seus filhos estudando e ganhando dinheiro. Mas a maior preocupação deveria ser que eles tenham o nome escrito no Livro da Vida.”

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