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Muitas pessoas na América Latina têm descendência judaica, aponta estudo

Os dados são resultados do movimento de judeus que fugiram da Espanha e Portugal durante a Inquisição rumo às Américas.

Fonte: Guiame, com informações do HaaretzAtualizado: quarta-feira, 6 de março de 2019 às 15:21
Muitas pessoas na América Latina têm descendência judaica, diz estudo. (Foto: Exército Brasileiro-12 BI/Rafi Green)
Muitas pessoas na América Latina têm descendência judaica, diz estudo. (Foto: Exército Brasileiro-12 BI/Rafi Green)

Muitos indícios históricos indicam uma significativa ascendência judaica entre as populações da América Latina, América do Norte e Europa. A tendência se deve ao grande número de judeus que foram forçados e se converter ao catolicismo na Espanha e Portugal e fugiram da Inquisição para as Américas no final do século XV.

Um estudo publicado na revista científica Nature Communications, em dezembro de 2018, indica que quase um quarto da população na América Latina são descendentes de comunidades judaicas espanholas e portuguesas. Os autores do estudo dizem que este é um fenômeno mais difundido do que se pensava, e observam que hoje há mais descendentes judeus na América Latina do que na Espanha e Portugal.

O estudo, que envolveu mais de 8 mil pessoas do México e outros países, não reflete uma amostra representativa de todos os latino-americanos porque se concentrou em habitantes de áreas urbanas. Por isso, não foi possível atribuir um número percentual à população geral da América Latina.

Uma das descobertas mais importantes diz respeito à proporção relativamente grande de pessoas com raízes genéticas hispano-judaicas. Segundo os autores do estudo, 1% dos brasileiros, 4% dos chilenos, 3% dos mexicanos e 2% dos peruanos são descendentes de judeus do norte da África e do leste do Mediterrâneo. Os pesquisadores dizem que pelo menos 5% do genoma que se origina nessas áreas foi detectado em 23% de todos os indivíduos.

“Não ficamos surpresos com a presença de ascendência judaica na América Latina, uma vez que documentos históricos sugerem uma possível migração, apesar dos registros serem escassos”, disse o geneticista Kaustubh Adhikari, da University College London. “Ficamos surpresos, no entanto, com a ampla extensão de sua presença, já que não havia indicação anterior dessa magnitude. Assim, realizamos testes extensivos para verificar se o que observamos não era um mero artefato de nossa análise”.

Os pesquisadores também analisaram a conexão entre as heranças genéticas e as características físicas externas. Por exemplo, eles descobriram que em uma população mista com uma taxa maior de raízes do noroeste da Europa, a cor da pele era mais clara, em média. Os pesquisadores também analisaram dois grupos com diferenças genéticas claras — um grupo relacionado ao povo indígena mapuche (que é nativo do Chile e do sul da Argentina) e o outro relacionado aos habitantes dos Andes Centrais. O estudo revelou que, além de possuírem um perfil genético diferente dos moradores dos Andes, os descendentes dos mapuches também possuem narizes mais chatos e largos.

Por outro lado, Adhikari observa que, diante da taxa de origem genética judaica relativamente baixa, as ferramentas usadas no estudo não são suficientes para ligar raízes judaicas com as características físicas. “Mas este é um tópico muito interessante e esperamos voltar nisso em estudos futuros”, avaliou.

Apesar da maior precisão das novas descobertas, o geneticista Shai Carmi, da Universidade Hebraica, destaca que “é difícil medir com precisão os percentuais”. No entanto, ele diz que o estudo apoia dados anteriores e aumenta a relevância das informações históricas. Talvez o estudo estimule as pessoas em toda a América Latina a buscarem suas raízes judaicas.

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