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“Yom Kippur está relacionado à volta do Messias”, diz hebraísta sobre o Dia do Perdão

Em 2022, o “Dia do Perdão” será junto do “Ano do Jubileu”, que acontece a cada 50 anos, ou seja, a cada 7 shemitás.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: terça-feira, 4 de outubro de 2022 às 14:24
Reunião de judeus no Muro das Lamentações, em Jerusalém, Israel. (Foto: Unsplash/Sander Crombach)
Reunião de judeus no Muro das Lamentações, em Jerusalém, Israel. (Foto: Unsplash/Sander Crombach)

O Dia do Perdão ou Dia da Expiação — Yom Kippur, é um dos dias mais sagrados do judaísmo e terá início ao pôr do sol desta terça-feira (4). Entre os judeus, essa festa de outono também é o dia de anúncio do “Ano do Jubileu”, um tempo muito especial que acontece a cada 50 anos. 

O hebraísta e escritor, Getúlio Cidade, lembra que o dia conhecido como "HaYovel” é uma ordenança que pode ser encontrada no livro de Levíticos, capítulo 25, e sua referência é a Shemitá. 

A cada sete shemitás, ou seja, sete vezes sete anos, que equivalem a 49 anos, o ano seguinte que inicia o primeiro de um novo ciclo é o Jubileu. Esse ano especial, então, ocorre a cada 50 anos. Ele somente era anunciado, mediante o toque do shofar, no décimo dia de Tishrei, exatamente em Yom Kippur”, explica o hebraísta em entrevista ao Guiame

Apesar de ser uma “festa”, não há comida e nem bebida. “É um grande jejum de 25 horas. Começa uma hora antes do pôr do sol e termina no pôr do sol de amanhã”, disse ao explicar que, praticamente, toda a nação jejua. 

“É um jejum de quebrantamento e pedido de perdão pela nação. Yom Kippur fala de uma redenção nacional. Profeticamente fala de um remanescente que estará aqui após toda a perseguição do Anticristo”, contou. 

“A terra pertence a Deus”

Getúlio conta que tanto o Jubileu quanto a Shemitá são mandamentos de Deus e devem ser observados em Israel. O 50º ano dedicado a Deus é também uma proclamação de liberdade. 

“Cada homem tinha suas dívidas perdoadas e o direito de retornar à sua possessão. E aqueles que tinham se tornado escravos devido a dívidas, ganhavam o direito de retornar a suas famílias”, lembra Getúlio. 

“O mandamento de que a terra não seria vendida continuamente, mas teria de voltar à posse da família garantia a identidade geográfica de cada tribo, algo que remontava à divisão da terra por Josué, após a entrada do povo em Canaã, proveniente da peregrinação do Sinai. Nisso refletia-se a mesma ideia do mandamento da shemitá: a terra pertence a Deus e não ao indivíduo”, continuou.


Judeus no Muro das Lamentações. (Foto: Unsplash/Anton Mislawsky)

O Jubileu não é observado há 2.700 anos

De acordo com o hebraísta, o Jubileu deixou de ser observado durante o exílio babilônico. “E quando Israel regressou do exílio, muitos judeus escolheram permanecer na diáspora. Sendo assim, mesmo após a construção do segundo Templo, não havia condição para se proclamar o Jubileu”, observou ao explicar que os judeus deveriam estar em suas terras para tal comemoração. 

“O Jubileu não é observado em Israel há cerca de 2.700 anos, pois o povo judeu se dispersou, não apenas no exílio babilônico, mas também após a destruição do Segundo Templo pelos romanos, em 70 d.C.”, continuou. 

E, mesmo herdando Israel como nação e reforçando sua identidade nacional, em 1948, Getúlio explica que o povo judeu ainda não está completo: “Ainda há milhões de judeus na diáspora. Logo, esse é o motivo pelo qual o Jubileu não é observado atualmente”. 

Houve uma tentativa de se declarar o ano de Jubileu no Yom Kippur de 5.776, após o ano de shemitá correspondente a 2014/2015. 

“Isso foi feito por uma corte rabínica de Israel (beit din), conhecida como sinédrio nascente. Esses rabinos concluíram que as condições para se declarar o Jubileu haviam sido cumpridas e que, embora haja muitos judeus na diáspora, isso não seria impedimento para cumprir o mandamento”, esclareceu. 

“O ano de Jubileu ainda está por ser declarado”

De acordo com o hebraísta, a corte alegou que não havia outro Estado judaico fora da terra de Israel e que a maioria dos judeus que lá vivem não negam sua identidade judaica. 

“Além disso, eles interpretaram que o número de judeus que habitam a terra ultrapassa o mínimo de 600 mil. Esta foi a quantidade de judeus que entrou na terra proveniente do Egito, sob o comando de Josué, ocasião em que se iniciou a contagem para o Jubileu, após a distribuição da herança às doze tribos”, detalhou.

“Entretanto, muito poucos judeus reconhecem a autoridade deste sinédrio nascente, tampouco a decisão de se declarar o Jubileu. Logo, o ano de Jubileu permanece em aberto e ainda está por ser declarado”, disse também. 


Bandeira de Israel. (Foto: Unsplash/Taylor Brandon)

“Jubileu e liberdade são sinônimos eternos”

As condições para se cumprir o Jubileu são várias, porém, seu significado mais importante se resume em uma só palavra: liberdade. 

“Era o ano em que se proclamava liberdade a todos os cativos, pois o perdão da dívida era incondicional, a fim de que todos os judeus, sem exceção, fossem livres para servir a Deus em sua própria terra e no seio de sua família. Jubileu e liberdade são sinônimos eternos”, disse Getúlio. 

“O perdão da dívida está diretamente relacionado à Festa de Yom Kippur. Aqui não se trata de perdão de dívida financeira, porém, perdão da dívida dos pecados cometidos”, continuou.

“Yom Kippur era o dia do ano escolhido por Deus para perdoar os pecados da nação, não apenas no nível individual, mas nacional. Embora o ano de Jubileu se iniciasse em Rosh HaShanah, faz todo sentido que fosse proclamado apenas dez dias depois, em Yom Kippur, pois assim era declarado o perdão de todo tipo de dívida”, enfatizou.

“Yom Kippur está relacionada à volta do Messias”

Segundo a escatologia messiânica, Yom Kippur também é a Festa do Senhor relacionada à volta do Messias diante de todo o mundo. “Há plenitude de profecias que apontam para isso, tanto no Velho quanto no Novo Testamento”, disse o hebraísta.

Uma delas está em Isaías 61 e Jesus a declarou, conforme mostra o livro de Lucas (4.18-19): “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”. 

“As palavras lidas por Yeshua são uma menção direta ao ano do Jubileu, pois este era o ‘ano aceitável do Senhor’. Deus tinha prazer nele por ser um tempo de libertação da servidão, de perdão de dívidas e de restituição para todos de seu povo”, relacionou o hebraísta. 

Quando Jesus disse aos seus ouvintes: “Hoje esta Escritura se cumpriu aos seus ouvidos”, isso gerou espanto e revolta, pois o ano de Jubileu não era mais celebrado no tempo de Jesus há pelo menos sete séculos, desde o exílio babilônico.


Pergaminhos da Bíblia e menorah. (Foto: Unsplash/Diana Polekhina)

Mistérios do Jubileu

Conforme as profecias no livro de Ezequiel, os filhos de Israel que foram espalhados pelo mundo serão congregados em sua própria terra novamente (Ez 37.21-22). E quando o profeta proclamou que “Davi reinaria sobre eles”, se referia ao Messias, chamado de “Filho de Davi”. 

“O Messias é o único capaz de reunir as doze tribos da diáspora e, assim, declarar o ano aceitável do Senhor. Mas ninguém em Nazaré cria que Yeshua era o Messias”, lembrou Getúlio. 

Há ainda um outro mistério envolvido no Jubileu: “Em Lucas 4, Jesus leu a profecia de Isaías até o verso 2, mas não o completou. Ele parou em ‘apregoar o ano aceitável do Senhor’, porém, o verso 2 diz ‘o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus’”, observou ainda.

“Por que Ele teria suprimido esse trecho? Porque esse verso sozinho abrange as duas vindas do Messias, embora ambas falem do mesmo dia”, esclareceu. 

O hebraísta aponta para Yom Kippur como o dia em que se tocava o shofar em toda a terra para anunciar o Jubileu — primeira vinda do Messias para libertar a humanidade do pecado por intermédio de seu sacrifício. 

Porém, Yom Kippur também é conhecido como o Dia da Vingança ou Yom Nakam. “Esse dia ainda não chegou e refere-se à volta do Messias para se vingar dos inimigos de Israel e libertar a nação”, disse. 


Hebraísta e escritor, Getúlio Cidade. (Foto: Divulgação/LC Agência)

“O êxodo irá aumentar exponencialmente”

Uma das condições para que se cumpra Yovel é que todo Israel esteja habitando em sua terra, conforme as profecias e isso vem ocorrendo gradativamente. 

“A cada ano, aumenta o número de imigrantes judeus do mundo inteiro. Esse êxodo irá aumentar exponencialmente quando se levantar a perseguição contra o povo judeu, encabeçada pelo anticristo”, mencionou.

Esse é exatamente o aspecto profético da Festa de Yom Kippur que se dá em um tempo de angústia — Teshuvá, jejum e muitas orações por perdão. 

“Esse clamor que se repete ano após ano atingirá seu clímax em algum Yom Kippur. E é nesse contexto que o Messias se manifesta, no Dia da Vingança, para livrar Israel e reafirmar sua aliança com toda a nação”, resumiu. 

Yeshua será reconhecido por toda a nação como Messias, não apenas individualmente, mas ao nível da identidade nacional. Assim, Ele restabelecerá o ano de Jubileu na terra de Israel, apregoado com o som do shofar, iniciando a era messiânica a partir de seu trono firmado em Jerusalém. Essa é a conexão de Yom Kippur e o ano do Jubileu”, conclui o hebraísta. 


Judeus estão retornando a Israel. (Foto representativa: Unsplash/Blake Campbell)

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