Atriz paquistanesa é condenada à prisão por representar a filha de Maomé em filme

As minorias religiosas, incluindo os cristãos, são frequentemente alvos da lei de blasfêmia, motivo pela qual a atriz foi condenada.

Fonte: atriz, paquistão, condenada, blasfêmia, perseguição, religiosaAtualizado: sábado, 29 de novembro de 2014 às 0:11

A atriz paquistanesa, Veena Malik, foi sentenciada a 26 anos de prisão por aparecer em uma cena de uma produção baseada no casamento da filha do profeta Maomé. Representações de figuras do Alcorão são consideradas blasfêmia no país islâmico.

"Os atos maliciosos dos infratores proclamados, inflamou e feriu os sentimentos de todos os muçulmanos do país, que não podem considerar este ato de maneira leve", diz a ordem judicial.

O marido de Malik, Asad Bashir Khan, bem como Mir Shakil-ur-Rahman, quem comanda a Geo TV, canal que exibiu a cena do casamento, também foram condenados a 26 anos de prisão.

A cena foi ao ar em maio, e gerou polêmicas no país conservador desde então.

Veena Maik, que é atriz de Bollywood – a maior indústria de cinema indiana –, afirma sua esperança na mudança do veredicto. "26 anos! Vamos, 26 anos é uma vida! Mas eu tenho fé nos tribunais superiores do Paquistão. Quando o veredicto final vier, ele irá fazer justiça a meu favor. Nada de ruim vai acontecer", disse a atriz.

Malik disse também que acredita não ter feito nada de errado. "Tenho enfrentado altos e baixos na minha vida. Mas eu tenho certeza que eu não fiz nada de errado".

Além da pena de prisão, as partes condenadas também terão que pagar uma multa de 3 milhões de rúpias (equivalente a 75 mil reais), entregar seus passaportes e vender suas propriedades.

As instâncias do Paquistão aplicam frequentemente as leis de blasfêmia em pessoas que eles consideram como ofensores do profeta Maomé ou da fé islâmica. As minorias religiosas, incluindo os cristãos, são frequentemente alvos de tais leis. Um relatório divulgado no início de novembro pela ONG Awaz-e-Haq Itehad constatou que houve um total de 1.438 pessoas acusadas de blasfêmia no Paquistão entre 1987 e Outubro de 2014.

As instituições islâmicas se manifestaram fortemente contra a representação de figuras bíblicas em filmes. O épico de filme “Noé” (2014), de Darren Aronofsky, foi proibido em vários países islâmicos. Al-Azhar, a principal instituição sunita no Egito, disse que o filme é "contrário à fé e aos fundamentos islâmicos."

Al-Azhar sustentou que a "caracterização pessoal" de Noé e outras figuras bíblicas é "proibido na sharia islâmica, e constitui uma clara violação dos princípios da lei islâmica estipulados pela Constituição."

Vários grupos sem fins lucrativos se manifestaram contra as leis de blasfêmia do Paquistão, incluindo Sardar Mushtaq Gill, diretor nacional da advocacia Associação do Desenvolvimento Legal Evangélico.

"O governo deve tomar medidas ousadas imediatas para revogar as leis de blasfêmia. O governo tem falhado absolutamente em proteger os direitos dos seus cidadãos à vida e à propriedade", disse Gill. "Os cristãos no Paquistão não são seguros, desde que as leis de blasfêmia atuais existem. Eles estão utilizando essa lei apenas para perseguir-los."

 

Com informações de The Christian Post / www.guiame.com.br

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