Autoridades chinesas removem cruzes dos telhados de centenas de igrejas

Um novo projeto de lei tem cerceado ainda mais a liberdade religiosa no país. As cruzes foram citadas pelo governo como uma violação dos códigos de construção do regime comunistas.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: sexta-feira, 15 de maio de 2015 às 13:41
Cristãos se reúnem durante final de semana, em uma igreja subterrânea, na região de Tianjin (China).
Cristãos se reúnem durante final de semana, em uma igreja subterrânea, na região de Tianjin (China).

As autoridades chinesas removeram as cruzes de centenas de igrejas protestantes e católicas na província de Zhejiang. Os cristãos acreditam que isto possa acontecer com todas as casas de culto da região, porque o governo vê o rápido crescimento do cristianismo no país como uma ameaça.

"As autoridades têm dado grande importância a este símbolo religioso", disse Zheng Leguo, um pastor da província, que agora vive nos EUA, em uma reportagem da CBS News. "Isso significa que nenhum tipo de manifestação do cristianismo possa acontecer em praça pública".

A província sofre agora com uma proibição oficial sobre qualquer outra colocação de cruzes em cima de santuários. Mas isso não impediu que os funcionários de Zhejiang derrubassem mais de 400 cruzes do alto de igrejas desde o início de 2014. O governo justificou a ação, alegando que as cruzes eram uma violação dos códigos de construção do regime comunistas.

"Este novo projeto de lei é apenas mais uma tentativa do governo em legitimar sua violenta campanha ilegal existente de destruição e remoção da cruzes", disse Bob Fu, da organização norte-americana 'China Aid'.

O governo lançou o projeto com novas regras para os símbolos religiosos em prédios na semana passada. O texto diz que as cruzes devem ser inteiramente afixadas à fachada de um edifício e não a mais de um décimo da altura da fachada. Elas também devem se encaixar com a fachada e os arredores, de acordo com a proposta. Autoridades do governo, no entanto, não revelaram a razão pela qual a proibição está sendo proposta neste momento.

Fang Shenglan, um engenheiro do Instituto Provincial de Arquitetura, Design e Pesquisa de Zhejiang esteve envolvido na a investigação para os projectos de regras e confirmou que o governo vai em breve proibir cruzes nos telhados da igrejas.

A província de Zhenjiang inclui a cidade de Wenzhou, considerada a Jerusalém da China por alguns, e é o lar de cerca de 2.000 igrejas, muitas das quais tiveram suas cruzes removidas.

Apesar de se identificar como um país ateu, a China é tem uma história de religiões orientais, como o budismo e tem representado um solo fértil para o crescimento do cristianismo desde os anos 80, quando Pequim 'amenizou' restrições à religião.

Fenggang Yang, professor de sociologia na Universidade de Purdue, disse que em 2025 poderia haver até 160 milhões de cristãos protestantes vivendo na China, de acordo com um relatório da 'Telegraph', divulgado em abril de 2014.

"Pelos meus cálculos, a China está destinada a se tornar o maior país cristão do mundo, muito em breve", disse Yang. "Isto está a menos de uma geração para acontecer. Muitas pessoas não estão preparadas para esta mudança dramática".

Em 2010, o país abrigava em torno de 70 milhões de cristãos, e já era o sétimo maior país cristão do mundo, de acordo com o instituto de pesquisas 'Pew Research'.

A perseguição do governo tem levado milhões de cristãos a adorar nas igrejas das casas 'ilegais' (não registradas pelas autoridades). O evangelismo é 'permitido', mas apenas em locais religiosos aprovados pelo Estado e configurações privadas.

A lista com o Ranking Mundial sobre perseguição religiosa classifica a China como o 37º pior país do mundo em nível de perseguição aos cristãos.

Apesar de não muito recente (2014), o vídeo mostra o momento em que autoridades chinesas removem a cruz de uma igreja da cidade de Wenzhou. Na cena, cristãos entraram em confronto com a polícia, gritando: "Parem de demolir a cruz".

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