Cedo para comemorar

Lutemos, portanto, para que a Copa termine bem. Apoiemos nossas autoridades públicas nos esforços de preservar a ordem pública. Que nossos governantes, contudo, mantenham o equilíbrio. Esperem o apito final

Fonte: guiame.com.brAtualizado: segunda-feira, 30 de junho de 2014 às 11:57
neymar
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NeymarGostaria de falar, nesta manhã de sábado, sobre o perigo do clima de triunfalismo em torno da Copa do Mundo. Tem-se falado muito sobre o sucesso da competição. Autoridades públicas brasileiras atacam os "pessimistas que esperavam o pior". As imagens dos jogos associadas ao colorido da presença de tantos turistas estrangeiros no país têm impressionado a milhões.

Preocupa-me, no entanto, o fato de não termos chegado ainda à metade da competição. Precisamos manter a vigilância e sobriedade. Considero tudo bastante frágil. O que me causa apreensão?

1. A possível desclassificação do Brasil. Isso pode ampliar o sentimento presente em muitos de que a Copa não foi boa para o país. A frustração associada ao descontentamento pode trazer problemas às ruas. Dizer que é o que vai acontecer seria um desatino da minha parte. Afirmar que não acontecerá em hipótese alguma é irresponsabilidade.

2. A quantidade de torcedores de outros países presentes no Brasil. Vi no calçadão de Copacabana, na manifestação que realizamos, muita gente bêbada. Nosso país é violento. Há risco de roubo e latrocínio. Outro ponto. Há muito argentino. Cantando e dançando alegremente em nossas ruas. Amo vê-los sentindo-se seguros no meu país. Todos sabemos, contundo, que a rivalidade, irresponsavelmente insuflada por muitos, pode causar tragédias.

3. Temo pela faísca que incendeia a floresta. Estamos todos diante do imponderável. Milhões de brasileiros ainda não digeriram a Copa. Basta um fato novo, seja de que natureza for, para produzir instabilidade.

Lutemos, portanto, para que a Copa termine bem. Apoiemos nossas autoridades públicas nos esforços de preservar a ordem pública. Que nossos governantes, contudo, mantenham o equilíbrio. Esperem o apito final.

Se houver vitória, mesmo assim, comemorem com moderação, para que sua alegria não seja vista como escárnio pelos milhões que fazem distinção entre seleção brasileira e política, e que continuam afirmando: "melhor seria se encantássemos o mundo com escolas, hospitais e segurança pública campeões mundiais de respeito à dignidade humana."


- Antônio Carlos Costa

 

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