Desafios na promoção da justiça

Necessitamos, pois, de cristãos justos que proclamem com sua vida santa que os direitos devem ser vividos primeiramente nos lares, com cônjuge e filhos, nos centros de trabalho, nas organizações eclesiásticas

Fonte: UltimatoAtualizado: quinta-feira, 5 de junho de 2014 às 14:47
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injustiçaA justiça bíblica não depende de sistemas ideológicos. O sentido de justiça brota de Deus e está dirigido à Ele. Creio que é necessário que incluamos esta perspectiva de justiça social em todos nossos programas de assistência ou desenvolvimento. Os projetos assistenciais ou de ajuda técnica aos pobres são bons e necessários, mas necessitamos denunciar os sistemas sociais injustos para contribuir em sua transformação. Isto passa necessariamente pela proposta ou reforma de leis e pela luta para que o Estado cumpra com suas funções de respeitar e garantir o cumprimento dos Direitos Humanos de todos, especialmente dos mais vulneráveis.

(…)

A justiça social deve estar precedida pela justiça pessoal. Necessitamos cidadãos retos de coração. Lewis Smedes afirma que, em última análise, a justiça de uma sociedade se esvai se em tal sociedade exista um alto percentual de pessoas que não são justas. E aqui surge um grande desafio para as crescentes igrejas latino-americanas: temos necessidade de cristãos justos. Eu sei que o adjetivo parece estar a mais, pois se uma pessoa é cristã se supõe que é justa, e é uma aberração falar de cristãos injustos, mas lamentavelmente nos aproximamos perigosamente a um ponto sem retorno em relação a qualidade dos evangélicos que enchem os templos latino-americanos. As vozes que gritam que o avivamento chegou, deveriam calar um pouco para escutar a opinião das pessoas na rua sobre a conduta ética dos evangélicos, especialmente daqueles que têm ocupado cargos públicos. Seria bom recordar a pregação de Isaías, filho de Amós, uns dois mil e setecentos anos atrás, a um povo próspero, muito piedoso, que buscava a excelência na adoração e louvor a Deus, mas cuja vida era injusta e cuja prosperidade de baseava na negação dos Direitos Humanos aos pobres, as viúvas e aos órfãos (Is 1:15-17). Como é evidente, nada há de novo debaixo do sol.

Necessitamos, pois, de cristãos justos que proclamem com sua vida santa que os direitos devem ser vividos primeiramente nos lares, com cônjuge e filhos, nos centros de trabalho, nas organizações eclesiásticas. Devemos derrubar essa parede que os homens e as mulheres construíram entre a vida privada e a vida pública, entre o discurso e a prática.

Incluir uma perspectiva de justiça deve impulsionar-nos a sair fora do gueto evangélico. Devemos nos juntar com outros grupos civis ou governamentais na busca de que os Direitos Humanos sejam promovidos e respeitados, mas fazendo-o desde nossas convicções evangélicas. Jamais devemos nos envergonhar da gloriosa cruz de Cristo, que pode parecer loucura para o mundo.

(…)

Somente compartilhei, desde minha pouca experiência e compreensão da Bíblia, que a luta pelos Direitos Humanos não é um acessório da missão cristã. Não tenho nenhum temor em dizer que se não buscarmos justiça em nossa vida pessoal e na de nossos povos, estaremos mutilando a missão. Felizmente, o Espírito de Deus nos guiará a toda verdade. Que belo é o versículo escrito em Isaías 61:8: “Porque eu, o Senhor, amo o direito.” O Deus que nos chamou esta perdidamente enamorado pelo direito e pela justiça. Todo o Seu ser deseja liberdade para os homens e as mulheres que Ele criou. Deus passa sonhando com a justiça. E já sabemos que o servo não é maior do que o seu senhor.


Alfonso Wieland. Dios ama la justicia: reflexiones sobre el tema desde América Latina. In: Haugen, Gary. Buenas noticias acerca de la injusticia. Buenos Aires, Kairos, 2002.

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