Especialistas analisam o impacto da aliança entre os grupos Boko Haram e Estado Islâmico

Enquanto alguns especialistas afirmem que foi aberta uma porta de entrada para o jihadismo, outros acreditam que o intercâmbio efetivo entre os dois é difícil de acontecer

Fonte: Guiame, com informações da BBCAtualizado: quarta-feira, 18 de março de 2015 às 13:00
Grupos terroristas islâmicos Boko Haram e Estado Islâmico
Grupos terroristas islâmicos Boko Haram e Estado Islâmico

Dias atrás, o Boko Haram garantiu lealdade ao Estado Islâmico que, por sua vez, gravou uma mensagem aceitando a promessa de lealdade.

Os dois grupos terroristas islâmicos têm espalhado horror, principalmente entre os cristãos, cada um em uma região específica. O Estado Islâmico se concentra na Síria e Iraque e o Boko Haram na Nigéria.

Para entender melhor o que essa promessa de lealdade significa, a BBC entrevistou alguns especialistas no assunto.

Aliyu Tanko, jornalista que acompanha de perto a atuação do Boko Haram, afirma que "definitivamente, a ameaça agora é muito maior", pois foi aberta uma "porta de entrada" para o jihadismo. Homens dispostos a lutar ao lado dos extremistas agora têm a Nigéria como opção.

Mas um intercâmbio efetivo entre os dois grupos não é assim tão simples, pelo menos é o que pensa Jesús Díez Alcalde, do Instituto Espanhol de Estudos Estratégicos, órgão ligado ao Ministério da Defesa da Espanha.

"Além de distantes, são dois cenários completamente diferentes (...) Por isso acredito que seja difícil o intercâmbio em termos práticos", diz ele.

Apesar dessas dificuldades, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, informou que militantes do Boko Haram estavam viajando para campos de treinamento do EI, embora não tenha dito em que países ficam esses campos.

Para Aminu Gamawa, advogado e analista especializado em jihadismo, "não está claro como será organizada a relação entre os dois grupos e se uma rede será realmente formada", além disso, ele pondera sobre a falta de evidência do impacto dessa aliança.

O Boko Haram é liderado por Abubaker Shekau e tem cerca de 9 mil combatentes divididos em seis grupos. Pensando na grandeza do grupo nigeriano, Alcalde, do Instituto Espanhol de Estudos Estratégicos, não crê que o Estado Islâmico vai passar a dar ordens de onde e como atacar.

Jonathan Hill, analista do King’s College de Londres, bem como os outros especialistas entrevistados concordam em um aspecto: a aliança ajuda os grupos pela ótica da propaganda.

"Ao unir-se ao EI, o Boko Haram ganha visibilidade, já que passa a poder se apresentar como algo muito maior. E o EI, por sua vez, consegue manter o momentum quando o combate contra o jihadismo começa a ganhar força no Iraque", diz Hill.

 

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