Genocídio de cristãos leva a milhares de mortos e estupro de mulheres grávidas, em Mianmar

Enquanto a mídia internacional foca na perseguição dos muçulmanos Rohingya, cristãos sofrem um limpeza étnica velada em Mianmar.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 6 de junho de 2018 às 13:18
Milhares de cristãos já foram mortos e mulheres - até mesmo as grávidas - têm sido estupradas no povoado cristão de Kachin. (Foto: Accredited Times)
Milhares de cristãos já foram mortos e mulheres - até mesmo as grávidas - têm sido estupradas no povoado cristão de Kachin. (Foto: Accredited Times)

Um relatório investigativo revelou que, em regiões isoladas de Mianmar, acusadas de realizar um genocídio contra os muçulmanos Rohingya, os militares birmaneses também estão realizando secretamente uma limpeza etnicamente da minoria cristã Kachin.

A equipe de investigação da Sky News conseguiu viajar e documentar a situação no remoto estado de Kachin, onde os moradores locais dizem que uma "segunda campanha genocida" está em andamento.

A área está escondida de grande parte do mundo, já que a maioria budista de Mianmar negou aos jornalistas e agências de ajuda o acesso à região.

O povo Kachin, que tem lutado por auto-determinação há décadas e formado seus próprios exércitos, como o Exército Independente Kachin, teria morrido aos milhares em ataques realizados pelos militares de Mianmar.

Os moradores dizem que os ataques do governo central aumentaram significativamente desde janeiro. A perseguição em massa aos refugiados Rohingya também é suspeita de ter começado por volta de agosto passado e cerca de 700.000 foram forçados a fugir para Bangladesh.

A Sky News informou que milhares de civis Kachin, que são predominantemente cristãos, ficaram presos em selvas densas, tendo que fugir do pesado bombardeio de artilharia do exército central.

"Estou convencida de que o governo birmanês está tentando limpar etnicamente o povo Kachin", disse uma mãe de quatro filhos, com o nome de Lashi Ókawn Ja. "Sempre que eles vêem o povo Kachin eles tentam nos matar e eles estupram as mulheres, até mesmo as mulheres que estão grávidas".

O general Sumlut Gunmaw, vice-presidente do Conselho de Independência de Kachin, também argumentou que Mianmar está submetendo o povo a uma grande perseguição.

"Talvez suas ações contra nós não sejam tão súbitas quanto a violência contra os Rohingya, mas suas intenções são as mesmas. Eles querem nos eliminar", disse ele.

O grupo de vigilância de perseguições, Missão Portas Abertas EUA, que classifica Mianmar como a 24ª nação entre os países onde os cristãos sofrem a pior perseguição em todo o mundo, já alertou que os cristãos no estado de Kachin enfrentam grande violência na comunidade.

Centenas de milhares de crentes são forçados a viver em campos para deslocados internos, privados de comida e recursos de saúde.

A Portas Abertas também alertou que movimentos budistas radicais, como o "Ma Ba Tha", frequentemente visam seguidores de Cristo, com governos locais mostrando tendência para líderes budistas e discriminação contra cristãos.

Em maio, o The Guardian também relatou um "genocídio lento" dos cristãos em Mianmar.

O ativista dos direitos humanos San Htoi, secretário-geral da Associação de Mulheres Kachin da Tailândia, advertiu que uma "guerra invisível" está ocorrendo e acusou a mídia internacional de se concentrar apenas na crise Rohingya, ignorando a situação sombria em Kachin.

Os Rohingya enfrentaram uma violência horrível, com relatos de bebês cortados ao meio, e mães e filhas foram estupradas. Em abril, clérigos budistas, cristãos, judeus e muçulmanos fundaram a Coalizão de Fé para Acabar com o Genocídio na Birmânia, viajando para Bangladesh para aumentar a conscientização sobre a crise.

O imã muçulmano Malik Mujahid, um dos organizadores da coalizão, disse ao The Christian Post que cerca de 500 a 600 refugiados rohingya continuam a chegar todas as semanas nos campos de refugiados de Bangladesh, na cidade fronteiriça de Cox's Bazar.

"Eu perguntei às pessoas várias vezes por que elas vieram", disse Mujahid ao CP. "Eles disseram: 'Bem, eles atiraram em nós'. Em alguns casos, o presidente da aldeia disse-lhes para sair ou eles ouviram que as aldeias vizinhas estão sendo atacadas. As mulheres dizem que suas vizinhas foram estupradas, então elas foram embora".

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