Governo de Ruanda já fechou mais de 8 mil igrejas somente em 2018

Desde o início do ano, o governo de Ruanda tem aplicado requisitos sobre a parte estrutural das igrejas.

Fonte: Guiame, com informações do World Watch MonitorAtualizado: segunda-feira, 30 de julho de 2018 às 13:35
Crianças ruandesas durante um culto de domingo em Kigali, capital de Ruanda. (Foto: AP/Ben Curtis)
Crianças ruandesas durante um culto de domingo em Kigali, capital de Ruanda. (Foto: AP/Ben Curtis)

As igrejas que não estão cumprindo os requisitos estabelecidos no início do ano pelo Conselho de Governança de Ruanda estão sendo fechadas. De acordo com a agência de notícias africana KT Press, pelo menos 8 mil congregações tiveram suas portas lacradas.

Dentre os novos requisitos, estão exigências relacionadas a parte estrutural dos prédios das igrejas, que devem se adaptar para continuarem funcionando. Segundo analistas ruandeses, as diretrizes fazem parte de um esforço do governo para secularizar Ruanda.

“Percebemos que todas as igrejas estão sofrendo o mesmo destino. Até mesmo as igrejas consideradas luxuosas para os padrões locais tiveram que fechar”, disse um analista ao World Watch Monitor, que preferiu permanecer anônimo.

Novos requisitos

Além dos requisitos incluídos inicialmente na diretiva do governo, outros itens foram adicionados, como:

▪ Banheiros devem ser instalados a uma certa distância da entrada da igreja;

▪ As igrejas devem instalar um tipo específico de teto de lona, ​​mesmo que esse material represente um risco considerável de incêndio;

▪ As estradas de acesso da igreja, bem como seus compostos, precisam ser pavimentados;

▪ As paredes internas e os tetos da igreja devem ser rebocados e pintados. Tijolos expostos não são mais permitidos;

▪ Todas as igrejas devem ter condutores de luz;

▪ Todos os pastores agora precisam ter formação teológica de um instituto credenciado;

▪ Apenas instituições que ensinam ciência e tecnologia podem ministrar cursos de teologia. Isso significa que poucas das instituições teológicas ou escolas bíblicas são consideradas válidas.

A nova lei está sendo aplicada mesmo que ainda não tenha sido aprovada oficialmente pelo governo de Ruanda. Na maioria dos casos, é quase impossível que as igrejas consigam fazer as mudanças dentro do prazo de 15 dias.

Muitos casos de repressão por parte das autoridades tem revelado a real intenção com a nova lei. Uma das igrejas, que já tinha cumprido 80% dos requisitos, foi fechada durante a realização de um culto. Em outra denominação, os oficiais lacraram as portas enquanto acontecia um casamento. O casal e todos os convidados tiveram que parar a cerimônia e sair do prédio.

“Em um distrito, as autoridades proibiram todas as reuniões de uma igreja que foi fechada, e os membros não têm permissão nem mesmo para se encontrar nas casas”, revela o analista.

País secular

O direito dos ruandeses à liberdade religiosa é defendido pela Constituição de Ruanda mas, na prática, o governo tem sido conduzido pelo secularismo. As orações não são mais permitidas nas instituições governamentais, as palavras referentes à fé cristã foram removidas do preâmbulo da Constituição e líderes religiosos (padres e pastores) não fazem mais parte de celebrações oficiais.

Depois que as novas exigências começarem a ser implementadas, oficiais prenderam seis pastores acusados ​​de conspirar contra as ordens do governo. Os pastores foram libertados em seguida, mas um líder da igreja explicou que a prisão serviu como um aviso para que outros não resistissem ao movimento.

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