Missionário fala sobre perseguição religiosa na África: "Cremos que o Senhor nos protege"

Marcos Freire, que passou dois anos no Congo, alerta que todo missionário precisa estar bem preparado para lidar com dificuldades no campo.

Fonte: Guiame, Karlos AiresAtualizado: terça-feira, 25 de abril de 2017 às 20:14
Marcos chegou a representar o Brasil em uma campanha à convite do presidente. (Foto: Reprodução/Facebook).
Marcos chegou a representar o Brasil em uma campanha à convite do presidente. (Foto: Reprodução/Facebook).

O cantor e missionário Marcos Freire tem apenas 23 anos e já tem muita história para contar. É que o jovem teve uma grande experiência missionária durante dois anos na República Democrática do Congo. Em entrevista exclusiva para o Portal Guiame, ele conta como a África começou em sua vida.

“Eu fui para a África aos 17 anos. O pessoal olha pra mim e diz: 'Caramba, só 17 anos?'. E foi um tempo maravilhoso. As pessoas chegaram a me subestimar, por causa da minha idade, diziam que eu não estava preparado. 'O que que tu vai fazer na África? Só vai aguentar um mês, dois meses'. E nessa brincadeira eu fiquei dois anos seguidos lá, sem voltar para o Brasil. Então, foi um tempo maravilhoso, voltei com quase 19 anos e foi um tempo ímpar”, conta.

Marcos também explicou como se dava seu trabalho. “Inicialmente eu fui para estabelecer alguns trabalhos com ações sociais, alguns trabalhos humanitários e ali a gente foi desenvolvendo projetos com crianças, dando aula de música, de português para essas crianças. Porque o Congo foi colonizado pela Bélgica. Então a língua oficial é a francesa. A gente dava aula de português, aula de canto, estudos bíblicos, atendimentos emergenciais com roupas, calçados em algumas aldeias”, disse.

“E daí, quando descobriram que eu cantava, começaram a espalhar isso até que eu comecei a cantar na língua deles. Que é algo muito marcante, eles tem mais de 400 dialetos e eu cantava em cinco. É difícil pra quem escuta, mas pra quem está lá fica mais fácil. Daí eu desenvolvi esses dialetos”, respondeu.

Representando o Brasil

Marcos também revelou que representou a nação brasileira a pedido do presidente do país. “A gente começou a chamar muita atenção, até que o presidente do país nos convidou para participar de uma campanha para arrecadar fundos para o país, que sofre com muitos conflitos militares. E aí a gente continuou desempenhando um trabalho ministerial e um trabalho com ações sociais”, explanou.

Cristianismo e bruxaria

“Especialmente no Congo, 99% da população se diz cristã. Claro que tem uma porcentagem que é da bruxaria, catolicismo e do espiritismo, mas é um país que graças a Deus se apega muito ao Senhor. Infelizmente a gente se apega ao Senhor quando estamos em necessidade, então eles estão na lista de IDH, nos últimos países, é sofrido pra caramba”, revela.

“Não tem salário mínimo, escola pública, hospital público, Governo que trabalhe. O presidente está no poder há mais de 20 anos, mudando a Constituição para permanecer. Então, é um povo sofrido demais e por isso se apegam ao Evangelho. Eles são intensos demais. Ou eles são apegados ao Senhor com intensidade ou eles são apegados a bruxaria com intensidade. Mas, lá é tranquilo pra se pregar o Evangelho. Como missionário, não tive dificuldade não”, ressaltou.

Marcos foi para o Congo aos 17 anos e disse que pessoas o subestimaram por sua pouca idade. (Foto: Reprodução/Facebook).

Um povo intenso

“O africano é um povo muito intenso. Se eles se dedicam ao Evangelho, eles são fiéis a isso. Na bruxaria da mesma forma. Aqui no Brasil quando mulheres e homens têm um nível de sensualidade maior, a gente diz que ele tem a pomba gira. Lá é diferente. Quando a mulher é muito sensual dizem que elas têm um pacto com sereia. É muito mais pesado, porque elas fazem pactos no mar. Eu tenho relatos de brasileiros que moram lá há mais de 20 anos e falam sobre mulheres que entram no mar, passam horas lá dentro, somem e depois aparecem com outras mulheres”, disse Marcos.

“É muito diferente do que a gente está habituado a ver. A gente tem que estar bem preparado para conseguir estar firme diante disso, crendo que o Senhor está ali para nos proteger. Brasileiros são mortos lá por envenenamento. Então, existe esse perigo e se você não for um missionário preparado para o campo, você não consegue lidar com essas situações”, comentou.

Ministério na música

“Eu tenho meu ministério hoje como ‘antes da África’ e ‘depois da África’. Antes eu era um menino que estava aqui no Brasil e só viajava ali pela Paraíba e ai eu fui para a África e quando eu voltei, depois de dois anos, amadureci durante esse tempo, porque o campo nos trás tantas experiências que a gente amadurece muito rápido”, pontuou.

“Quando eu voltei da África, meu ministério alavancou. Dentro e fora do Brasil. Essa experiência missionária me trouxe a certeza de que sou chamado por Deus. Não só mais um artista que quer aparecer na mídia, mas que de fato tem um trabalho sólido, uma base bem estabelecida para poder utilizar a arte e a música para alcançar as nações”, finalizou.

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