"Nenhum país está livre da perseguição religiosa", alerta o Secretário de Estado dos EUA

O Relatório sobre Liberdade Religiosa Internacional, que está agora em seu 17º ano de existência, é compilado por funcionários do Departamento de Estado dos EUA, que procura dar voz às pessoas que foram vítimas de várias formas e graus de perseguição religiosa em todo o mundo.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quinta-feira, 15 de outubro de 2015 às 13:23
John Kerry é Secretário de Estado dos Estados Unidos.
John Kerry é Secretário de Estado dos Estados Unidos.

O Secretário de Estado dos EUA, John Kerry e o Embaixador Internacional do Departamento de Liberdade Religiosa, David Saperstein introduziram na última quarta-feira (14), o Relatório sobre Liberdade Religiosa Internacional de 2014, que destaca as tendências perturbadoras de perseguição religiosa que ocorreram em todos os continentes do mundo.

O Relatório sobre Liberdade Religiosa Internacional, que está agora em seu 17º ano de existência, é compilado por funcionários do Departamento de Estado, que procura dar voz às pessoas que foram vítimas de várias formas e graus de perseguição religiosa em todo o mundo.

O relatório de 2014 incidiu sobre uma série de tendências preocupantes, incluindo o aumento da violência extremista global, o aumento contínuo de anti-semitismo na Europa Ocidental, o impacto negativo que as leis de blasfêmia e apostasia têm sobre as liberdades de minorias religiosas, a hostilidade religiosa governamental e social, além da violência e da discriminação.

"A mensagem no coração deste relatório é que os países se beneficiam quando os seus cidadãos gozam plenamente dos direitos a que lhes são previstos", disse Kerry, durante uma conferência de imprensa na última quarta-feira. "E isso não é uma 'teoria esperançosa'; esta é uma realidade comprovada. Nenhuma nação pode cumprir o seu potencial se seus habitantes não têm o direito de praticar, manter, modificar ou professar abertamente suas convicções mais íntimas".

Com o grupo terrorista Estado Islâmico sendo destacado no Iraque e na Síria durante o meio do ano de 2014, a introdução do relatório pintou um quadro sombrio sobre a situação das comunidades religiosas históricas da região. Entre os fatores mais marcantes do texto estão: militantes que forçaram os crentes não-muçulmanos a se converter, pagar um imposto abusivo ou morrer; centenas de milhares de cristãos, Yazidis, drusos e até mesmo os muçulmanos que tiveram que fugir de suas terras ou correram o risco de ser mortos, torturados ou as mulheres sendo vendidas como escravas sexuais.

"Em ambos os lados da fronteira, o Estado Islâmico procurou eliminar membros de qualquer grupo que foi avaliado como desvio da própria interpretação violenta e destrutiva do Islã, adotada pelo EI", afirma o relatório. "Tem deslocado à força centenas de milhares de pessoas, realizado execuções em massa, sequestrado, vendido, escravizado, estuprado e / ou convertido à força milhares de mulheres e crianças. Tudo com o fundamento de que essas pessoas estão em oposição ao dogma religioso de estabelecido por estes extremistas".

Embora o EI tenha sido o principal culpado pela violação dos direitos humanos na região, o grupo não é o único apontado no relatório. Militantes xiitas da Frente Al Nusra (Al Qaeda) no Iraque e na Síria também se comprometeram com sua cota de de raptos, execuções e atrocidades.

Já o grupo terrorista Boko Haram tem sido tão ruim ou pior, quando se trata de dizimar cristãos e inimigos políticos na Nigéria, Chade e Camarões (África). Apesar de o grupo militante existir há de cerca de seis anos, o relatório afirma que Boko Haram matou mais pessoas em 2014, que nos cinco anos anteriores somados - mais de 9 mil pessoas.

"A repugnância destes atos só se multiplicada quando os agressores procuram justificar-se, apontando o dedo para Deus e afirmando que de alguma forma, Ele aprova esses atos", afirmou Kerry. "Nós somos, e continuaremos a nos opor a esses grupos com muito mais que as palavras de condenação que estão contidas neste relatório".


Leis de Blasfêmia
Embora Saperstein afirme que o terrorismo radical é a maior ameaça à liberdade religiosa internacional em todo o mundo, ele afirmou que as leis de blasfêmia e apostasia em países como Arábia Saudita, Paquistão, Sudão e Egito estão sendo usadas para justificar atos societários de violência contra as minorias religiosas.

No Paquistão em novembro passado, um casal cristão foi espancado por uma grande multidão na província de Punjab e, em seguida, queimado vivo em um forno de tijolos, porque eles foram acusados de profanar páginas do Alcorão. Em 8 de maio de 2014, um atirador não identificado matou Rashid Rehman, um advogado que representa um professor universitário acusado de blasfêmia.

Leis de blasfêmia e apostasia também têm sido usadas contra as minorias religiosas para sentencia-las a punições injustas e hediondas. Em 15 de maio de 2014, a mãe cristã Meriam Ibrahim foi sentenciada a 100 chibatadas e condenada à morte por enforcamento no Sudão, porque ela foi acusada de cometer apostasia, quando se casou com um homem cristão. Na Arábia Saudita, a blogueira liberal Raif Badawi foi acusado de apostasia e condenada a 10 anos de prisão e mil chicotadas.

"Os Estados Unidos se opõem com unanimidade a essas leis que são usadas para oprimir aqueles cujas crenças religiosas ofendem a maioria. Tais leis são incompatíveis com os direitos humanos internacionais e as liberdades fundamentais. Vamos continuar a pedir a sua revogação universal", disse Saperstein.

"A existência de tais leis foi usado em alguns países como pretexto para justificar a violência em nome da religião para criar uma atmosfera de impunidade para aqueles recorrer à violência e / ou conduz a falsas alegações de blasfêmia."

Em suas observações, Saperstein também falou sobre o quão repressivo são os governos ao sujeitarem seus cidadãos à violência e prisão simplesmente por expressar suas crenças.

"Vemos isso dramatizado pela situação de um número incontável de prisioneiros de consciência", disse Saperstein. "Continuamos profundamente empenhados em ver tais indivíduos libertados em todo o mundo".


Repressão
O embaixador destacou particularmente o Vietnã, onde as autoridades locais e a polícia, juntamente com os empregados, assediaram um grupo de menonitas não registrados. De acordo com os líderes da igreja, as forças do governo invadiram aulas bíblicas, espancaram e detiveram congregantes. Além disso, vandalizaram as casas e igrejas das vítimas.

"Em minhas viagens ao Vietnã, eu vi em primeira mão, como os grupos religiosos são obrigados a passar por processos de registros onerosos e arbitrários para operar legalmente", disse Saperstein.


O perigo dentro de casa
Embora alguns países sejam piores do que os outros, quando se trata de violações dos direitos humanos e as violações da liberdade religiosa, Kerry afirmou em seu discurso de encerramento que nenhum país do mundo está livre de perseguição religiosa.

"Noto que o fanatismo religioso está presente em certo grau em todos os continentes e todos os países. Infelizmente isso inclui o nosso próprio país", Kerry admitiu. "Isso pode ser expresso através do anti-semitismo ou o preconceito contra os muçulmanos; através da perseguição aos cristãos, hindus, budistas, sikhs e outros; ou pode vir na forma de ataques contra a própria religião, como vimos tão tragicamente em Oregon, no início deste mês".

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