Pelo menos 70 igrejas do Níger ainda tentam se reerguer após ataques em resposta à Charlie Hebdo

No mínimo, 70 casas de culto foram destruídas em janeiro, como forma de vingança pelos desenhos da revista francesa Charlie Hebdo, que satirizou o profeta muçulmano Maomé.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: sexta-feira, 24 de julho de 2015 às 13:17
Fachada de igreja destruída, em Niamey (Níger)
Fachada de igreja destruída, em Niamey (Níger)

Igrejas cristãs no Níger estão enfrentando a falta de recursos e condições difíceis na reconstrução de seus templos após meses da onda de ataques islâmicos furiosos, que destruíram pelo menos 70 casas de culto em vingança pelos desenhos da revista francesa Charlie Hebdo, satirizando o profeta muçulmano Maomé.

"Uma vez que estes incidentes aconteceram, é como se a vida tivesse parado", disse o Rev. Jacques Kangindé, líder da Igreja Batista 'Roundabout', em Niamey. "A igreja tornou-se uma fonte de curiosidade para os transeuntes e um esconderijo para desocupados. Infelizmente, as finanças atuais da igreja não nos permitem começar a reconstrução".

A missão 'World Watch Monitor' informou que a maioria das 70 igrejas destruídas nos ataques, bem como várias escolas cristãs e um orfanato, ainda não foram reconstruídas.

"Nós sentimos que, como a emoção dos primeiros dias já passou, o nosso caso não é mais do interesse dos nossos líderes políticos", acrescentou Kangindé.

"Eles parecem mais preocupados com os preparativos para as eleições [em 2016] e com a luta contra o Boko Haram. As igrejas são abandonados à sua sorte".

Além dos danos às propriedades, extremistas islâmicos mataram pelo menos 10 pessoas durante o tumulto dos ataques, que aconteceram em janeiro deste ano (2015).


Sangue inocente

Os ataques visavam punir os cristãos pelas charges publicadas na revista satírica francesa Charlie Hebdo - apesar do fato de que Hebdo é uma revista secular, que tem abertamente ridicularizado também os cristãos e de nenhuma maneira é afiliada a igrejas.

A revista sofreu um ataque terrorista em seu escritório, na França, em janeiro, quando homens armados - terroristas islâmicos - mataram 12 de seus funcionários (cartunistas, editores, etc) por causa dos desenhos de Maomé.


Escassez
Igrejas do Níger têm tentado sobreviver e se reconstruir desde os ataques, mas esta é uma tarefa difícil, segundo o Rev. Zakaria Jadi, da igreja Salama na zona norte da capital de Bani Fandou 2.

"É um duro golpe para a nossa igreja. Durante quase um mês, não havia água, nem eletricidade. Nós fizemos o nosso melhor para permitir que nossas atividades de adoração reiniciassem, mas chegamos agora ao nosso limite. O trabalho de reconstrução provavelmente pode levar algum tempo ", disse o líder.

O pastor perdeu a sua casa e sua igreja no mesmo dia com os ataques e falou da dor que ele sentiu ao voltar para Salama para ver o estrago.

"Eu me senti muito mal, um sentimento indescritível, quando eu vi minha Bíblia rasgada no chão. Para um pastor, foi como se toda a minha vida fosse dilacerada. Eu não conseguia parar de derramar lágrimas", acrescentou.

"Foi realmente doendo, mas eu estava bem apoiado pelos irmãos e irmãs, que me incentivaram muito. Eu recebi o meu maior incentivo de Deus. Ele tem realmente me fortalecido, a fim de superar essa provação. E ele também me permitiu apoiar aqueles que estavam em lágrimas".

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