Com caveiras, caixões e rock secular, igreja reúne amantes do heavy metal

Fundada há 25 anos pelo pastor Enok Galvão de Lima, de 52 anos, a igreja tem características típicas da cultura metal – e bem atípicas para uma igreja comum.

Fonte: Guiame, com informações de UOLAtualizado: sexta-feira, 17 de julho de 2015 às 17:55
Enok, pastor da igreja Metanoia, exibe crânio e cruzes penduradas no teto. (Fábio Teixeira/ UOL)
Enok, pastor da igreja Metanoia, exibe crânio e cruzes penduradas no teto. (Fábio Teixeira/ UOL)

 

Direcionada aos amantes do rock 'n roll, principalmente do heavy metal, a igreja Evangélica Metanoia foi estabelecida como um reduto de cristãos quase nada ortodoxos. Fundada há 25 anos pelo pastor Enok Galvão de Lima, de 52 anos, a igreja tem características típicas da cultura metal – e bem atípicas para uma igreja comum.

Na entrada, uma placa saúda os convidados: "entrai-vos, mortais". O verso da tampa de um caixão preto encostado na parede adverte: "Não se escandalize. Jesus venceu a morte, ele ressuscitou". Cruzes negras são penduradas no teto, desenhos de caveiras e uma decoração sombria compõem o lugar.

A história da Metanoia é ligada à vida de Enok. Convertido quando jovem na década de 80, depois de viver uma vida de mulheres, drogas e rock, ele foi a um culto de uma igreja evangélica congregacional e foi tocado por Deus. "Minha vida era o rock 'n roll e tudo o que a vida oferece: álcool, maconha, alucinógenos… Traçava tudo o que rolava na época", relata o pastor. "Fui, gostei e aceitei a proposta. Só não larguei o rock".

Sentindo que os jovens do heavy metal não tinham acesso à palavra de Deus, tomou a decisão de fundar uma igreja que pudesse acolhê-los, em 1990. "Por ser roqueiro, eu percebi que o pessoal do rock teria como vir para Deus associando a cultura e a música dentro do evangelho. Para a gente, o heavy metal não é coisa do diabo. Somos seguidores de Jesus, sem os dogmas e a paranoia de religião", afirma.

No princípio, as reuniões aconteciam em uma pequena sala. Anos depois, houve uma mudança para um espaço um pouco maior que funciona hoje, no terceiro andar de um prédio na zona norte da capital fluminense, Rio de Janeiro.

Atualmente a igreja reúne cerca de 30 fiéis. No passado, o número já foi mais de três vezes maior. "Na minha visão, a pressão do mundão aí fora é muito forte", explica Enok.

Apesar do visual, a Metanoia diz seguir princípios da Bíblia. "No evangelho, a própria palavra de Jesus ensina que não devemos nos embriagar, que o nosso corpo é o templo de Deus. Então tudo aqui que vem para nos destruir, a gente evita", diz se referindo às drogas. O pastor também orienta que os fiéis não pratiquem sexo antes do casamento.

"Já chamei pastores de outras igrejas evangélicas, como a Assembleia de Deus, para pregar aqui. Também já veio mãe de santo aqui. Homossexual vem de montão e é sempre muito bem-vindo. Se eu pudesse encher isso aqui de gay, de travesti, seria ótimo. Para ouvirem a palavra de Deus, é claro", enfatiza Enok.

Na visão dele, Jesus seguiria esta cultura. "Jesus é totalmente sombrio. Para nos salvar, ele usou a própria morte. É o senhor da luz e das sombras. Hoje em dia, ele certamente teria uma uma banda heavy metal. Seria o primeiro maluco a pegar o microfone".

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