Como os cristãos perseguidos são afetados pela atual crise no Cazaquistão

O presidente assinou a Lei de Religião em 29 de dezembro, mas com sua renúncia a situação pode mudar.

Fonte: Guiame, com informações de Portas Abertas e CNNAtualizado: quarta-feira, 12 de janeiro de 2022 às 12:56
Manifestantes no Cazaquistão. (Foto: Captura de tela/Euronews)
Manifestantes no Cazaquistão. (Foto: Captura de tela/Euronews)

O Cazaquistão se tornou notícia no mundo todo depois que o povo foi para as ruas protestar contra o alto preço dos combustíveis. Houve mais de 160 mortes, incluindo crianças, quase 8 mil pessoas foram detidas em meio à violência e cerca de 100 policiais ficaram feridos.

O presidente do país, Kassym-Jomart Tokayev, renunciou ao governo no dia 5 de janeiro, de acordo com informações de seu gabinete e agora as leis podem ser alteradas. Entre elas, está a Lei de Religião.

Enquanto o país passa por este momento de turbulência, os cristãos se preocupam também com as possíveis mudanças que podem afetá-los. Tokayev assinou a lei em 29 de dezembro, mas é possível que ela não seja executada. 

Mudanças podem acontecer de repente

“Vemos a rapidez com a qual a situação de um país pode mudar, como está em Salmos 46.6: ‘Nações se agitam, reinos se abalam; ele ergue a voz, e a terra se derrete’”, disse  Jan de Vries (nome fictício por razões de segurança), um parceiro da Portas Abertas que atua na Ásia Central.  

Ele explica que o Ministério da Informação e Desenvolvimento Social do Cazaquistão, que decreta o controle sobre o exercício da liberdade de religião ou crença, preparou mudanças na Lei da Religião. 

As mudanças previstas têm o intuito de dificultar a realização de reuniões cristãs, e isso afetaria consideravelmente as igrejas que não são registradas. 

Cristãos em meio ao caos

Um líder da igreja local disse que se sente como na Perestroika. A Perestroika foi um plano de reestruturação econômica da antiga União Soviética, que não obteve sucesso, e transformou o período em um caos econômico. A pobreza foi espalhada e os benefícios sociais removidos. 

“Tudo o que acontece neste momento me lembra a época da Perestroika. As lojas estavam fechadas, como agora. Há longas filas para o pão, e só podemos comprar uma unidade”, ele relatou.

“Ouvi dizer que uma mãe de cinco filhos, querendo alimentar a sua família, pediu para comprar pelo menos um pão extra e não pôde. A situação também é complicada pelo fato de que existem pessoas roubando lojas e roubando outras pessoas”, continuou.

“Como igreja, nos mantemos calmos e oramos pelo nosso país. O que pode ser bom dentro dessa agitação política é que a nova lei religiosa não será executada. Essa nova lei afetaria as muitas igrejas domésticas que não têm registro legal”, conta o líder da igreja local.  

Perseguição aos cristãos cazaques

Apesar de o Cazaquistão ter passado por uma grande reforma governamental, a perseguição aos cristãos no país não mudou ao longo dos anos. 

A legislação restringe a capacidade de adorar a Deus livremente. E as autoridades aumentaram o controle sobre a expressão religiosa no país, o que significa aumento da vigilância, incursões em reuniões e prisões na igreja. 

Aqueles que decidem seguir a Cristo podem ser trancados pelas famílias por longos períodos, espancados e até expulsos das comunidades. Há relatos de que mulás locais [líderes muçulmanos xiitas] também pregam contra os cristãos, intensificando assim a violência contra eles.

O governo usa a ameaça do islã militante para restringir mais liberdades. O Cazaquistão ocupa o 41º lugar na Lista Mundial da Perseguição de 2021, mas sua posição pode mudar neste ano.

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