Conselho escolar do Canadá afasta professora que questiona livros transgêneros

“Não sou uma pessoa transfóbica. Acho uma loucura ser chamada assim só por fazer um comentário”, ela se defendeu.

Fonte: Guiame, com informações de National Post e CBN NewsAtualizado: quinta-feira, 27 de janeiro de 2022 às 15:11
Professora Carolyn Burjoskic. (Foto: Captura de tela/Twitter Carolyn Burjoskic)
Professora Carolyn Burjoskic. (Foto: Captura de tela/Twitter Carolyn Burjoskic)

A professora canadense, Carolyn Burjoski, há 20 anos atuando na Educação, foi colocada em “licença remunerada” após dar sua opinião sobre quais livros seriam apropriados ou não nas bibliotecas do distrito.

Carolyn atua como professora de inglês e se especializou no trabalho com crianças imigrantes de vários países afetados pela guerra e agitação política.

Ela participava de uma reunião virtual junto ao Conselho Escolar do Distrito de Waterloo (WRDSB), em Ontário, no Canadá. Após dizer sobre os livros e publicações que considerava inadequados para as idades do jardim de infância até a 6ª série, a apresentação dela foi interrompida pelo presidente do Conselho.

Scott Piatkowski disse que seus comentários sobre questões transgêneros violavam o Código de Direitos Humanos da província. Na sequência, o Conselho votou por 5 a 4 que ela “não poderia continuar”. 

Carolyn foi removida da reunião, conforme informações do National Post. A lei canadense proíbe a discriminação com base na identidade de gênero em relação à moradia, emprego e prestação de serviços. 

Por que a professora foi “cancelada”?

De acordo com a CTV News, durante sua apresentação, Carolyn começou a ler um trecho de um dos livros que considerava “inadequado”, já que um dos personagens, Rick, se identificava como assexual. 

“Enquanto lia este livro eu estava pensando: 'Talvez Rick ainda não tenha sentimentos sexuais porque ele é uma criança. Me preocupa que isso deixe os meninos se perguntando se há algo de errado com eles se não estiverem pensando em meninas nuas o tempo todo”, disse.

“Que mensagem isso passa para as meninas da 3ª ou 4ª série? Elas são crianças. Deixe-as crescer no seu próprio tempo e parem de pressioná-las a serem sexuais tão cedo”, continuou.

A professora também informou à diretoria que “alguns dos livros podem parecer legais, mas incentivam crianças a tomar bloqueadores da puberdade e hormônios do sexo oposto.

Posicionamento do Conselho Escolar

Procurado pela CTV News, Piatkowski disse que fez o certo. “Eu mantenho isso. É extremamente importante que respeitemos o Código de Direitos Humanos. Houve comentários francamente transfóbicos”, ele declarou.

O vídeo da transmissão ao vivo da reunião do Conselho Escolar foi removido do YouTube. Em um comunicado, Eusis Dougan-MacKenzie, diretora interina de comunicações do WRDSB, argumentou que a gravação da transmissão ao vivo não foi publicada oficialmente devido a preocupações com uma violação do Código de Direitos Humanos. 

“Também somos sensíveis aos muitos estudantes, funcionários e membros da comunidade em geral que foram impactados pelos comentários feitos durante a reunião”, disse. 

“Se há uma razão para esconder esta discussão do escrutínio público, então há realmente algo errado”, rebateu a professora. 

“Eu não sou uma pessoa transfóbica”

A professora disse que ficou espantada com as ações de Piatkowski e seus comentários posteriores. “Eu não sou uma pessoa transfóbica. Acho uma loucura ser chamada assim só por fazer um comentário, ela se defendeu. 

“Precisamos ter uma conversa sobre a interseção entre biologia e gênero. Não estamos tendo essas conversas em nossa cultura porque veja o que aconteceu comigo”, apontou.

No dia seguinte à reunião, Carolyn foi notificada pelo departamento de Recursos Humanos do distrito que deveria ficar em casa. Ela também foi informada de que haveria uma investigação sobre seus comentários.

Em suas declarações, a professora disse que a escola está usando ela como um “exemplo” de punição. “A mensagem é clara: nenhuma discordância é permitida”, ela resumiu.

Um administrador de Waterloo que veio em defesa de Carolyn na segunda-feira (24), porém, criticou a decisão do Conselho e disse que nunca viu uma delegação silenciada dessa maneira antes.

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