Cristã diz que era forçada a acreditar que Kim Il Sung era o “Deus da Coreia do Norte”

Após quatro tentativas de fuga e sofrer três deportações, Ji Hyeona agora vive na Coreia do Sul.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: sexta-feira, 27 de julho de 2018 às 16:10
Ji Hyeona se lembra de ter sofrido lavagem cerebral para acreditar que deveria adorar as três gerações da ditadura de Kim. (Foto: Reprodução)
Ji Hyeona se lembra de ter sofrido lavagem cerebral para acreditar que deveria adorar as três gerações da ditadura de Kim. (Foto: Reprodução)

A norte-coreana Ji Hyeona chorou enquanto compartilhou seu testemunho sobre como deixou o país para se refugiar na Coreia do Sul. Ela relatou os abusos e torturas que sofreu ao falar na Primeira Reunião Ministerial do Departamento de Estado dos EUA, evento que visa promover a liberdade religiosa.

Ji, que agora vive na Coreia do Sul depois de fugir da Coreia do Norte pela última vez em 2007, ressaltou a importância de não silenciar os abusos de direitos humanos cometidos pelo país e pelo regime de Kim Jong Un.

A Coreia do Norte é classificada como o pior país do mundo em perseguição cristã. Ji disse que estava participando da reunião ministerial para representar todos os cristãos perseguidos no país, que aprisiona cerca de 120 mil cristãos, desertores e dissidentes políticos em campos de concentração de trabalho.

"Desde que escapei pela primeira vez da Coreia do Norte, em 1998, fugi um total de quatro vezes e fui deportada três vezes até finalmente chegar à Coreia do Sul em 2007", explicou. "Eu fui vítima de tráfico humano e também fui submetida a um aborto violentamente forçado, mesmo sem anestesia, porque o regime norte-coreano não aceita o que eles chamam de 'amor misto'".

Como cristã, Ji lembrou como se sentiu forçada a negar sua fé quando foi questionada pelas autoridades do regime. "Cada vez que eu era deportada, um total de três vezes, eles nunca terminavam o interrogatório sem me fazer perguntas relacionadas a minha fé: se eu ia à igreja, se eu conhecia Jesus e se acreditava em Deus", lembrou.

"Se houver uma menor indicação ou confissão de que você crê em Jesus, certamente será enviado para um campo de prisioneiros políticos ou executado. Assim como Pedro negou a Jesus três vezes, eu menti como ele, sempre que era deportada", lamentou.

Lavagem cerebral

Quando era criança, Ji sofreu lavagem cerebral para acreditar que deveria adorar as três gerações da ditadura de Kim. Ela disse que o povo norte-coreano é forçado a memorizar os aniversários dos ditadores.

"Fui forçada a acreditar que Kim Il Sung era literalmente o filho do Céu e Deus da Coreia do Norte", disse ela. "Eu cresci vendo propagandas na TV descrevendo os missionários cristãos como maus. Lembro-me particularmente de assistir a um filme em que um missionário americano derramou ácido clorídrico na testa de uma garota norte-coreana que a chamou de ladrão só porque comia uma maçã".

Como a Bíblia é um texto ilegal na Coreia do Norte, Ji teve acesso a uma pequena edição das Escrituras graças a sua mãe, que contrabandeou em um saco de arroz quando foi à China comprar comida para sua família, durante um período de fome de um ano. Mas essa mesma Bíblia se tornaria mais tarde ponto de um interrogatório de segurança de cinco horas.

"Eu leio a Bíblia secretamente todas as noites. Um dia eu fui convocada pelo departamento de segurança do Estado e fui torturada por eles. Inicialmente, eu nem sabia por que estava sendo torturada. Mas como eu fui chutada com botas e espancada impiedosamente, todo o meu corpo foi banhado em sangue. Durante essa tortura, agentes de segurança me perguntaram: ‘Desde quando você manteve contato com a CIA sul-coreana e com missionários americanos e que missão foi dada por eles?’ Eu não tinha absolutamente nenhuma ideia de onde essas perguntas vieram", ela lembrou.

"Eu não parava de dizer que eu não fazia ideia. Eu repeti a mesma resposta para a mesma pergunta por cinco horas. Os agentes pararam a tortura, mas colocaram a Bíblia que eu tinha lido secretamente em minha casa na mesa. Eles me perguntaram: ‘O que é isso então?’. Eu menti na tentativa de me salvar de mais abuso”, finalizou.

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