Cristãos viram soldados para enfrentar o Estado Islâmico: “Queremos libertar nosso povo”

Jovens cristãos que vivem na Síria se uniram para combater os militantes do Estado Islâmico e proteger sua pátria.

Fonte: Guiame, com informações do Gospel HeraldAtualizado: segunda-feira, 3 de julho de 2017 às 13:55
Dezenas de cristãos da Síria receberam treinamento militar e se juntaram à luta contra o Estado Islâmico. (Foto: AFP).
Dezenas de cristãos da Síria receberam treinamento militar e se juntaram à luta contra o Estado Islâmico. (Foto: AFP).

Dezenas de cristãos que vivem na Síria se uniram para combater os militantes do Estado Islâmico em Raqqa, impulsionados pelo desejo de proteger sua pátria e livrar a região do extremismo islâmico, pela primeira vez em três anos.

"Estou me sacrificando pela barbaridade que eles fizeram com o nosso povo, pelas igrejas que foram explodidas, por todas essas coisas", disse Aleksan Chmou, um cristão siríaco, à agência de notícias AFP.

O Estado Islâmico ainda opera em Raqqa, uma de suas duas principais fortalezas, desde 2014. No entanto, o grupo terrorista está perdendo terreno à medida que as Forças Democráticas Sírias (SDF) apoiadas pelos EUA, confrontam a região.

O grupo terrorista pode ser derrotado em meses, disseram os soldados, já que as forças descartaram a última rota de fuga dos militantes, na última quinta-feira (29). Enquanto os ataques terrestres estão sendo realizados pelo SDF, uma maioria curda e árabe, dezenas de cristãos da seção siríaca também se juntaram à luta.

Linha de frente

Muitos deles possuem símbolos em torno de seus pulsos com a palavra "Jesus" para imprimir sua fé. "Em alguns bairros, estamos na linha de frente da luta", disse Fadi, um cristão de 23 anos. "Recebemos treinamento militar e colocamos esse uniforme para lutar contra o Estado Islâmico. Queremos libertar nosso povo e todos os povos desta região", disse ele.

Milhares de cristãos siríacos já moraram em Raqqa ao lado de armênios, curdos e a população principalmente sunita da cidade, mas muitos fugiram. Depois que o grupo extremista declarou um "califado islâmico" em Raqqa, foi dito que os cristãos poderiam permanecer na região se pagassem um imposto especial ou se eles se convertessem ao islamismo. Em vez de cumprir a ordem, muitos fugiram.

Um relatório investigativo sobre o deslocamento e emigração de cristãos na Síria e no Iraque recentemente estimou que pelo menos 50% e até 80% dos cristãos fugiram dos dois países desde o início da guerra civil síria em 2011. Abboud Seryan, também cristão, disse à AFP: "Estamos participando da libertação de Raqqa em nome de todos os sírios. Somos todos irmãos".

Os jihadistas "explodiram as igrejas de Raqqa e forçaram os cristãos a se converterem ao Islã. É também por isso que estamos participando dessa batalha", disse ele. Enquanto milhares de combatentes do EI acreditavam ter fugido de Raqqa para o território do grupo no sul, os membros restantes do grupo terrorista aumentaram o uso de homens bomba e barreiras na cidade. No sábado, dois carros-bomba dirigiram a sede da SDF nos distritos de Jazara e AL-Idkhar, de acordo com a agência de notícias Amaq.

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