Igreja dos Estados Unidos orienta cidadãos negros a "sobreviverem a abordagens policiais"

Formada majoritariamente por negros, a Igreja Batista Shiloh elaborou o material devido a episódios recentes que envolveram conflitos entre policiais e cidadãos negros norte-americanos.

Fonte: Guiame, com informações do G1Atualizado: sexta-feira, 14 de agosto de 2015 às 19:11

Milhares de pessoas protestaram em Baltimore (EUA), após a inexplicada morte de um homem negro que estava sob custódia da polícia. (Foto: AFP) 

Uma igreja tradicional de Washington distribuiu no último domingo (9), folhetos com "10 regras para sobreviver se for parado pela polícia". Formada majoritariamente por negros, a Igreja Batista Shiloh elaborou o material devido a episódios recentes que envolveram conflitos entre policiais e cidadãos negros norte-americanos.

Os casos ganharam repercussão internacional e, um deles - no qual o jovem Michael Brown morreu baleado por um policial, em Ferguson (Missouri) - completou um ano no último domingo. Manifestantes realizaram um rotesto que terminou com 150 detidos e um homem baleado pela polícia.

O folheto distribuído na igreja orienta seus membros a se manterem calmos, caso sejam abordados e a evitarem o confronto com policiais em qualquer circunstância.

"Lembre que sua meta é chegar em casa em segurança", diz o texto.

Conforme o pastor Thomas Bowen, responsável pela iniciativa, o objetivo é evitar que novos casos como o de Michael Brown se repitam.

Brown foi abordado após roubar cigarrilhas e morreu após levar seis tiros durante uma briga corporal com um policial branco. Após o ocorrido, uma série de protestos (violentos e pacíficos) foram realizados em Ferguson e outras cidades norte-americanas.


Sandra Bland

Em outro caso semelhante, Sandra Bland foi encontrada morta em uma prisão do Texas três dias após ser abordada por um policial, devido a uma infração leve de trânsito. Ela se recusou a apagar o cigarro, o que levou o oficial a retira-la do carro e avisa-la que poderia usar seu aparelho de eletrochoque.

Uma autópsia revelou que Sandra suicidou-se na cela, porém o caso tem sido visto por parte dos norte-americanos como um exemplo da "truculência" com que a polícia trata os cidadãos negros.

Segundo Bowen o folheto de sua igreja pode ajudar em um debate que se arrasta por anos no país.

"Muitas vezes as pessoas sentem que precisam dizer algo (sobre o tema), mas não sabem como. Essas dez regras vão ajudá-las a ter essa conversa", disse.

Segundo o guia, quando abordado, o cidadão jamais deve desafiar o policial, mesmo que não seja culpado de qualquer infração ou crime.

Confira abaixo os conselhos desta cartilha:

Dez regras para sobreviver se for parado pela polícia

1. Seja educado e respeitoso se parado pela polícia. Mantenha a boca fechada.
2. Lembre que sua meta é chegar em casa em segurança. Se sentir que seus direitos foram violados, você e seus parentes têm o direito de fazer uma queixa em sua jurisdição policial.
3. Em nenhuma circunstância discuta com a polícia.
4. Sempre lembre que tudo que disser ou fizer pode ser usado contra você na Justiça.
5. Mantenha suas mãos à vista e se certifique de que a polícia pode vê-las o tempo todo.
6. Evite o contato físico com a polícia. Não faça nenhum movimento súbito e mantenha as mãos longe dos bolsos.
7. Não corra, mesmo que tenha medo da polícia.
8. Mesmo se acreditar que é inocente, não resista à prisão.
9. Não se pronuncie sobre o incidente até se encontrar com um advogado ou defensor público.
10. Fique calmo e mantenha o controle. Cuidado com as palavras, linguagem corporal e emoções.

Culpa de quem?
Muitos ativistas negros destacam que a truculência por parte dos policiais deve ser tratada apenas pelas corporações e a população não deve ser envolvida neste processo.

Porém o pastor Bowen acredita que ambas as parte podem contribuir para melhorar este relacionamento.

"Podemos apontar os erros de alguns policiais e, ao mesmo tempo, mostrar aos nossos jovens como agir com base no que tem acontecido", destacou.

O advogado Eric Broyles faz coro com o pastor e destaca que a população pode se envolver neste processo de forma positiva.

"Todos têm um papel em reduzir as tensões", afirmou. "A polícia não vai mudar da noite para o dia, então tento mostrar às pessoas como lidar com abordagens sem correr riscos desnecessários."

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