Não há ligação direta entre nossos pecados e os eventos catastróficos da vida

É engano acreditar que já que não somos vítima direta é porque não estamos em pecado

Fonte: Guiame, Alexandre RoblesAtualizado: sexta-feira, 24 de abril de 2015 às 14:53
Pecado _ imagem ilustrativa
Pecado _ imagem ilustrativa

(Vocês acham que as pessoas que estavam na boate eram mais pecadoras do que as que estava no Templo? Vocês acham que as meninas que vinham da festa eram mais pecadoras do que aqueles que vinham da vigília? - Perguntaria Jesus, segundo Lucas 13).

Contaram a Jesus que Pilatos estava assassinando galileus, de modo absurdo e agressivo; que misturava seu sangue com o sangue de animais em seus sacrifícios. Outro evento comentado pelas ruas, era de uma torre que havia caído e matado 18 pessoas.

Sempre nos foi natural procurar alguma culpa em quem sofreu.

Essas pessoas que morreram de modo tão agressivo devem ter feito algo grave; ou seus pais; ou eles mesmos; ou em outra vida. Se encontrarmos alguma lógica satisfatória, nos conformamos. E aqueles que estavam sob a torre, estavam no lugar errado, provavelmente não deveriam estar ali.

Pensamos assim quando cai teto em boate repleta de jovens; quando acontece um acidente de carro no retorno de uma festa. Neste caso, foi consequência de uma escolha errada, de um pecado.

Jesus, porém, perguntou de forma retórica, em Lucas 13, o texto que registra as histórias acima: “vocês acham que aqueles galileus eram mais pecadores do que os outros, por causa do que lhes aconteceu? Vocês acham que aqueles 18 que morreram quando caiu a torre de Siloé eram mais pecadores do que todos os outros habitantes de Jerusalém?”. Não, Ele afirmou.

Não é o pecado que causa esse tipo de sofrimento. Chacina acontece ao longo da história contra qualquer grupo, indiscriminadamente, inclusive aos mártires cristãos. Tetos de Templos Religiosos Evangélicos caem sobre fiéis em culto; acidentes de carro matam profetas; terremotos matam ativistas humanitários em atuação de socorro aos mais necessitados.

Não há ligação direta entre nossos pecados e os eventos catastróficos da vida!

Separando as questões, tratamos corretamente. Tragédias, às vezes têm explicações técnicas que podem ser evitadas, mas nem sempre. E o fato de sermos pecadores não gera tais eventos, assim como é engano acreditar que já que não somos vítima direta é porque não estamos em pecado.

A análise simplista do fato nos faz crer que as vítimas são pecadoras e o observador não. Jesus disse que todos são. Não somente quem sofre. E disse que devemos prestar atenção em nosso pecado, não na tentativa de encontrar explicação para tais eventos.

Quanto mais tribal e primitivo é o pensamento religioso, mais facilmente explicamos a vida. Morreu porque é pecador ou estava em lugar errado, fazendo algo errado. Eu que estou vivo, fui contado entre os que merecem viver e não morrer. Lógico!

Jesus explica que tal lógica não é verdade. Lógica reducionista e preguiçosa, aliás.

Vocês acham que as pessoas que estavam na boate eram mais pecadoras do que as que estavam no Templo? Vocês acham que por estarem voltando da festa as meninas eram mais pecadoras do que os pastores que voltavam da vigília? – Perguntaria Jesus para nós hoje.

Há outras razões que devem me fazer avaliar se é certo ou não ir à festa ou à vigília, à boate ou ao templo, mas não a possibilidade do acidente e da tragédia. Maior tragédia sempre será se o teto da minha alma não se sustentar sobre a vida que pretendo viver.

O que nos cabe sempre é avaliarmos a nós mesmos, sobre o quão frágil, quão imponderável, quão curta pode ser a vida. Cabe-nos aproveitar o coração sensibilizado e perdoar, amar, orar, encontrar sentido apesar da brevidade da existência.

Eu sei que não sou menos pecador do que qualquer pessoa que sofre!

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