Nigéria, país que mais mata cristãos, será investigada por Corte Internacional

O motivo da visita ao país é a investigação de crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: sexta-feira, 13 de maio de 2022 às 12:50
Karim Khan, promotor da Corte Internacional de Crimes (ICC) em visita à Nigéria. (Foto: Portas Abertas)
Karim Khan, promotor da Corte Internacional de Crimes (ICC) em visita à Nigéria. (Foto: Portas Abertas)

Karim Khan, o promotor da Corte Internacional de Crimes (ICC, da sigla em inglês), fez a primeira visita à Nigéria para discutir os próximos passos na investigação de crimes contra a humanidade e crimes de guerra. 

Desde 2010, há evidências desses delitos sendo coletadas, mostrando que há ações terroristas pelo grupo Boko Haram, entre outros extremistas islâmicos.

Embora a visita seja necessária e muito aguardada pela comunidade internacional, há controvérsias. De acordo com a Portas Abertas, como a Nigéria é signatária do Estatuto de Roma, que fundou a ICC, essa intervenção é questionada pela demora que já custou milhares de vidas.

A Corte deve ser um recurso de última instância para intervir em crimes contra a humanidade e genocídios, por isso o promotor afirma que concedeu esse tempo para que o governo nigeriano tentasse resolver suas demandas por conta própria. 

Crimes denunciados há anos

A visita do promotor da Corte Internacional demorou mais de oito anos para acontecer. Até antes desse período, vários crimes já estavam sendo denunciados.

Desde 2009, o Boko Haram começou os ataques recorrentes no país. Primeiro nas delegacias e acampamentos do exército no estado de Borno. 

Depois, o grupo organizou novas linhas de ataque quando sequestrou 275 meninas na escola de ensino fundamental de Chibok, em abril de 2014. A hashtag #BringOurGirlsBack se espalhou pelo mundo.

Até mesmo a então primeira-dama dos Estado Unidos, Michelle Obama, a publicou em seu Twitter. Com a pressão, o governo da Nigéria fez promessas de que resgataria todas as meninas, na campanha eleitoral de 2015. 

Porém, o presidente Buhari não deteve o Boko Haram e não fez justiça contra o líder deles, Abubakar Shekau que, possivelmente, explodiu a si mesmo com um colete suicida, no dia 19 de maio de 2021. 

A morte de Shekau piorou a insegurança no país. O grupo se separou e formou alianças com outros extremistas, como Ansaru, e alguns grupos ligados à Al-Qaeda no Magreb Islâmico. 

Onda de mortes e sequestro

O clamor pela visita do promotor teve grandes motivações: pelo menos 38 pedidos de investigação de crimes, vários deles com provas da negligência do governo. Era motivo mais que suficiente para ter adiantado a visita do promotor. 

Juntos, Boko Haram e ISWAP, mataram mais de 2 mil pessoas em 2021. Em 2020, este número foi três vezes maior. Além disso, mais de 4 mil mulheres e meninas foram raptadas pelo Boko Haram apenas no Nordeste da Nigéria. 

Em abril deste ano, oficiais nigerianos afirmaram “não poder informar o número de nigerianos mortos” por causa das eleições do próximo ano. 

Isso mostra que pessoas de dentro do governo acreditam que a prioridade é a imagem pública, não a transparência e prestação de contas.

Perseguição e morte de cristãos são ignoradas

Conforme a Portas Abertas, os cristãos perseguidos na Nigéria só souberam da visita do promotor Karim pela grande mídia. Eles não foram notificados e nem convidados para conversar com ele.

Isso quer dizer que Karim só ouviu um lado da história — do governo nigeriano. A Associação Cristã da Nigéria (CAN, da sigla em inglês) disse que Karim fez tentativas de contato para tratar da causa dos cristãos perseguidos. 

A CAN aponta para a injustiça e violência religiosa que matou cerca de 25 mil cristãos e o governo nigeriano não fez nada para impedir. O promotor não conversou com nenhuma das vítimas ou seus representantes. 

Na semana passada, o Guiame publicou sobre o caso dos oito cristãos mortos por terroristas funalis durante um ataque à comunidade Chinke. Após ameaças e alertas antecipados de que haveria o ataque, a polícia nigeriana foi avisada, mas não fez nada para impedir e permaneceu em silêncio diante do pedido de socorro pelos cristãos. 

Os únicos crimes investigados que se referem à perseguição religiosa são os que estão associados com raptos e abusos sexuais, como a situação vivida por Leah Sharibu, as meninas de Chibok, entre outros.  

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