Paquistão absolve mais de 100 muçulmanos acusados atacar cristãos

Apesar de amplas provas do ataque, o juiz paquistanês aceitou os argumentos da defesa como justificativa para as absolvições.

Fonte: Guiame, com informações do site Hello ChristianAtualizado: segunda-feira, 20 de março de 2017 às 20:06
Centenas de cristãos fugiram do bairro naquela noite, temendo uma nova retaliação. (Foto: AFP).
Centenas de cristãos fugiram do bairro naquela noite, temendo uma nova retaliação. (Foto: AFP).

No dia 9 de março de 2013, cerca de 3 mil muçulmanos atacaram a Joseph Colony, um bairro predominantemente cristão, queimando mais de 170 casas e duas igrejas. O incidente começou depois que um cristão local, Sawan Masih, foi acusado de fazer comentários depreciativos contra Maomé, o profeta muçulmano, três dias antes do bairro ser atacado.

Um dia antes do ataque, houve violência após as orações de sexta-feira, quando cerca de 100 muçulmanos atacaram a casa de Masih com pedras e espancaram seu pai idoso. Masih foi levado sob custódia policial e mais tarde acusado de cometer blasfêmia.

No início deste mês, o ataque completou quatro anos. Centenas de cristãos fugiram do bairro naquela noite, temendo uma nova retaliação. Milhares de muçulmanos atacaram casas, lojas e igrejas cristãs. Nenhum cristão foi ferido durante o ataque, mas suas posses e propriedades foram roubadas e destruídas pela multidão.

Apesar do triste acontecimento, no início deste ano, mais precisamente no dia 28 de janeiro, um tribunal antiterrorismo no Paquistão absolveu os mais de 100 suspeitos acusados ​​de participar do ataque contra o bairro cristão. Durante uma audiência, o juiz Chaudhry Muhammad Azam aceitou os argumentos da defesa e citou "evidência insuficiente" como justificativa para as absolvições, apesar de amplas provas em vídeo e fotografia do ataque.

Decepção

Muitos líderes cristãos manifestaram publicamente sua decepção com a decisão do tribunal, chamando a decisão de "discriminatória e parcial". "O julgamento mostra que as minorias religiosas não são cidadãos iguais perante a lei neste país", disse Tariq Siraj em resposta à decisão do tribunal. "O tribunal não deu qualquer peso para os vídeos e mídia impressa que cobriu o ataque violento", ressaltou.

"Se todos são inocentes, quem queimou as casas?", perguntou Wajid Masih, um cristão da Joseph Colony. "O governo deveria dar uma resposta a essa pergunta". Já uma outra cristã declarou sua tristeza. "Estamos tristes e insatisfeitos com os procedimentos judiciais", disse Zaida Bibi. "Os atacantes não só incendiaram as nossas casas, mas também profanaram igrejas e Bíblias. O governo deve oferecer proteção adequada às vítimas", pediu.

O Diretor Regional do ICC, William Stark, disse: "O ataque à Colônia Joseph e a falta de justiça que as vítimas cristãs receberam é apenas mais um exemplo da perseguição enfrentada pelos cristãos no Paquistão. Devido à impunidade permitida pelo governo paquistanês e às notórias leis de blasfêmia do país, milhares de muçulmanos se sentiram justificados em atacar e destruir todo um bairro cristão para ‘vingar’ as observações de um cristão”, disse.

“Em vez de proteger os cidadãos paquistaneses, como a lei deveria, as leis sobre a blasfêmia costumam cobrir e encorajar os extremistas a cometer atos violentos, exatamente o que aconteceu na Colônia Joseph há quatro anos. Isso tem que mudar. O fracasso do Paquistão em trazer justiça aos afetados pelo ataque não só não protege as vítimas individuais, mas também as comunidades minoritárias vulneráveis ​​do país", finalizou.

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