Pastor compartilha testemunhos sobre ação da Igreja no Líbano: “Temos visto o agir de Deus”

Em parceria com igrejas e ONG's locais, o pastor André Argente tem mobilizado equipes para atender as pessoas atingidas pela grande explosão em Beirute.

Fonte: Guiame, por João NetoAtualizado: segunda-feira, 17 de agosto de 2020 às 15:29
Pastor André Argente mora no Líbano há três anos, onde atua como voluntário em uma ONG e também em parceria com igrejas locais. (Imagem: Guiame / Youtube / Reprodução)
Pastor André Argente mora no Líbano há três anos, onde atua como voluntário em uma ONG e também em parceria com igrejas locais. (Imagem: Guiame / Youtube / Reprodução)

Na última sexta-feira (14), o Guiame conversou ao vivo com o pastor André Argente, em uma live exclusiva, na qual o líder cristão teve a oportunidade de contar mais sobre as ações da Igreja no Líbano, principalmente após a grande explosão em Beirute, que deixou centenas de mortos, milhares de feridos e cerca de 300 mil pessoas sem moradia.

O pastor explicou que apesar da região ser um tanto hostil e uma área de tensão, Deus tem feito grandes coisas naquele país e compartilhou testemunhos de como a ação dos cristãos locais tem alcançado a população e também, de alguma forma, está abrindo portas para o avanço do Evangelho.

“Esta é uma parte hostil do planeta, mas temos visto o grande agir de Deus em muitas coisas, principalmente neste momento”, afirmou.

Desafio: aproximação com os libaneses

André explicou que como estrangeiro, se aproximar do povo libanês para oferecer ajuda, normalmente não é uma tarefa fácil, porém esta grande tragédia está mudando esse quadro.

“Não é muito fácil a gente conseguir chegar e oferecer apoio a eles. Muitos daqueles a quem oferecemos apoio, dizem: ‘Ah! A gente não precisa. Não, muito obrigado’. Creio que Deus tem dado oportunidade, principalmente depois daquilo que vivemos aqui com a grande explosão, de poder estar nos aproximando muito mais dos libaneses agora”, explicou.

A ação de André em parceria com outros pastores, Michel Matar, líder de uma igreja local, foi rápida e estratégica, mirando não somente famílias necessitadas, mas também hospitais atingidos, permitindo assim que esses locais pudessem receber feridos o mais rápido possível.

“Essa região se trata do que a gente pode chamar de ‘panela de pressão’. Então, sempre estamos nesta expectativa, nesta linha de tensão, literalmente prontos para a ação. Por nós participarmos de ONG’s, já temos contatos certos de pessoas ou igrejas que podem nos ajudar nessas horas”, contou.

Maratona da solidariedade

A explosão aconteceu no dia 4 (horário local de Beirute) e no dia 5 pela manhã, o pastor André e sua equipe já estava percorrendo toda a região atingida. Enquanto isso, outro grupo já estava fazendo cerca de 500 sanduíches para distribuir com água e biscoitos nas áreas mais afetadas da cidade. Preparados os kits, os dois grupos se encontraram para fazer a distribuição.

Já no dia 6, com a ajuda do pastor Michel Matar, o pastor André liderou uma equipe de mais de 30 pessoas na limpeza de um hospital que havia atingido e danificado pelo impacto da explosão. O grupo contou com ajuda de mais voluntários de uma ONG local.

“A gente não tinha nem como acessar o hospital, porque a calçada estava cheia de entulho, escombros, vidro… Então, já fomos limpando e juntando o lixo dessa calçada para poder entrar no hospital e começar a ir pelos andares, mas não podíamos usar elevadores. Em um dia eu fui e voltei cinco vezes, porque eu tinha que levar e voltar com equipes. Não havia luz e tínhamos que usar lanternas para andar pelas escadas. Uma cena de filme e para nós, brasileiros, essa não é uma realidade que estamos acostumados a ter”, relatou.

“Depois de três dias trabalhando nesse hospital, conseguimos ver os resultados, separar o que era vidro, o que era metal, o que era escombro. Depois tivemos que tirar tudo dos andares por escada. Então, fizemos filas e filas pelos andares para descer as sacas com os entulhos”, acrescentou.

Enquanto parte dessa equipe se mobilizava do lado de fora do hospital, entregando água e outros materiais, como capacetes, luvas, máscaras que os voluntários precisavam utilizar para ajudar na limpeza.

No dia seguinte à ação no hospital, André e sua equipe foram a outra área bastante atingida pela explosão e distribuíram roupas às famílias afetadas pela tragédia. Posteriormente, o grupo montou mais de 100 cestas básicas para entregar às famílias necessitadas, enquanto outra equipe buscava saber quais pessoas precisavam mais desses mantimentos.

Após a distribuição das cestas básicas, a equipe visitou casas que foram destruídas pela explosão, vendo como seria possível ajudar as famílias a repararem os danos. Segundo o pastor, famílias estão dormindo ao relento e com a chegada do inverno rigoroso do Líbano essa situação se agrava ainda mais.

“Essas coisas nos levam a sempre estar pensando à frente. Por isso nossa ação foi de imediato”, afirmou André.

Clamor pelo Líbano

André contou que a explosão agravou um cenário que já era um realidade muito preocupante no Líbano, somando assim um conjunto de crises. Ele contou que foi em momento de oração que lhe veio à mente uma canção para levar uma mensagem de esperança e ao mesmo tempo um clamor pelo Líbano. Curiosamente, a canção foi lançada dois dias antes da grande explosão, que praticamente destruiu metade de Beirute.

“Desde outubro do ano passado a questão aqui está muito difícil, com muitos protestos, uma crise econômica, etc. Em março entrou a questão da pandemia e tudo isso foi somatizando. Durante um tempo que estava em oração aqui, Deus me deu essa letra, baseada no livro de Efésios, com Jesus se colocando em nosso lugar, como se dissesse: ‘Eu fiz tudo isso por vocês, eu tornei vocês filhos, antes que vocês pensassem, me sacrifiquei na cruz por vocês’”, contou.

“Pode parecer que não tem mais esperança, que não tem mais solução, mas Jesus sempre vai se mostrar como a esperança, a única esperança”, disse.

No dia em que ocorreu a explosão, logo após a notícia se espalhar, André começou a receber muitas ligações e mensagens de amigos, preocupados com sua segurança e também com notícias sobre pessoas atingidas.

“Na minha mente só vinha: ‘Eu sou a esperança’. Isso ficou martelando muito forte no meu coração”, relatou. “Estávamos em um hospital onde havia enfermos e nós fomos para limpar, tirar entulho e nos deparamos com roupas manchadas de sangue, com lençóis de crianças do berçário manchadas de sangue e muitas coisas mais que nos deixaram marcados e chocados”.

“Eu fiquei pensando: ‘A pessoa já não estava bem, estava no hospital, precisando de ajuda e acontece isso?’. Teve andares em que o teto caiu e só dava pra ver a maca cheia de entulho”, acrescentou. “Imagina o terror dessas pessoas, não entendendo o que estava acontecendo. Muitas delas devem achar que não existe mais esperança. Mas aí, Deus vem e diz: ‘Eu sou a esperança! Mesmo que aconteça tudo isso e não pareça ter solução, eu vou continuar sendo a esperança!’”

Testemunho

“Ela estava em um dos andares [do hospital], de onde dava para ver uma casa que havia sido totalmente destruída, porque a parede da frente caiu e dava para ver por dentro da casa”.

Um dos rapazes que estava com Amanda se empenhou em conseguir o telefone da dona daquela casa para oferecer ajuda a ela. Após conseguir o número, o jovem fez contato com ela.

“A senhora se importa da gente entrar na sua casa para limpar?”, perguntou o rapaz.

A idosa havia sofrido um grande corte na cabeça, devido à queda de partes da casa e seu marido estava hospitalizado. Ainda muito abalada, ela respondeu ao jovem.

“Vocês podem fazer o que quiser. Não vou voltar aqui tão cedo, depois de tudo o que aconteceu. Não quero voltar para cá”.

Então, ele convidou Amanda e mais uma amiga para ajudar na limpeza da casa. Os jovens limparam o local por completo, tiraram todos os escombros e entulhos, trocaram as roupas de cama. Ao final do trabalho, o rapaz fez um vídeo de como havia ficado a casa e enviou para essa senhora. Imediatamente, ela ligou para o rapaz, emocionada.

“Eu amo vocês! Eu não acredito que existam pessoas assim”, disse a idosa ao telefone.

Clique no vídeo acima para conferir a live completa.

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