"Precisamos resistir à ideia de que o islamismo é o problema", alerta professor especialista em religião

"A própria tradição islâmica testifica contra o terrorismo islâmico de hoje", afirma John A. Azumah

Fonte: Guiame, com informações de First Things / UltimatoAtualizado: sexta-feira, 13 de março de 2015 às 19:40
Mesquita islâmica _ imagem ilustrativa
Mesquita islâmica _ imagem ilustrativa

Em um artigo bastante completo e explicativo, John A. Azumah, professor de Cristianismo Global e Islamismo, fala sobre a má interpretação que se faz do islamismo e do islamismo radical.

Todos os dias saem novas manchetes de barbáries cometidas por grupos como Estado Islâmico e Boko Haram, terroristas islâmicos que assolam principalmente regiões como Iraque, Síria e África.

Em seu texto, John comenta as várias vertentes da ação desses jihadistas e chama a atenção para a leitura errada que muitas pessoas fazem da religião islâmica por conta da atitude desses radicais.

Para ele, é "enganoso alegar que os grupos jihadistas representam a verdadeira face do islamismo. Ainda que os editos legais e doutrinários citados pelos jihadistas façam parte da lei islâmica, não há dúvida de que os jihadistas violam a lei ao impô-la com as próprias mãos"

Sobre a conduta do jihad, John A. Azumah frisa que esses grupos terroristas islâmicos estão contra as principais tradições do islamismo, principalmente no que diz respeito ao uso de violência e aos alvos de ataque.

"Os assaltos deliberados contra civis, a matança de religiosos, os atentados a bomba indiscriminados em mercados e prédios, os sequestros e lançamento de aviões cheios de civis contra edifícios ocupados por civis, os ataques a igrejas e mesquitas e a destruição delas — tudo perpetrado pelo al-Qaeda, o EI e o Boko Haram — violam os limites claros que a lei islâmica estabelece para a condução da jihad", escreve o autor.

O professor cita outro aspecto da ideologia jihadista, que é a rejeição aos governos estabelecidos em países islâmicos e a rebeldia, atitudes condenáveis pelo islã quando sem uma justificativa. "A própria tradição islâmica testifica contra o terrorismo islâmico de hoje", pondera John.

"Precisamos resistir fortemente à ideia de que o islamismo é o problema, que o Corão é o problema, que Maomé é o problema. Denunciar o islamismo como uma religião que ama a morte fornece justificativas para zelotes distorcidos", afirma o autor, ponderando que afirmar que os jihadistas representam a essência do islamismo refletem um modo de pensar ocidental.

"Não há dúvidas de que os jihadistas citam textos islâmicos convencionais para justificar seus atos. Mas tenha em mente que, em si, o fato de alguém citar textos islâmicos não faz com que suas ideias e ações sejam necessariamente islâmicas", defende John. E, para explicar, ele usa exemplos de grupos que usam passagens bíblicas em suas falas: "O Exército de Resistência do Senhor na Uganda cita a Bíblia, assim como faziam o Ramo Davidiano de David Koresh, o Templo do Povo de Jim Jones e muitos outros cultos excêntricos cristãos. Isso não faz com que suas ideias e ações sejam cristãs."

Como conhecedor especializado no assunto, John A. Azumah destaca uma palavra aos evangélicos: "Nós também precisamos reformar nossos modos. Em décadas recentes, os evangélicos têm contribuído para tornar invisível a presença e o testemunho cristão em terras muçulmanas. Temos nos rendido a ameaças reais e imaginárias de grupos radicais. Em vez de questionar abertamente a criminalização de missões cristãs e da evangelização em contextos muçulmanos, temos nos empenhado em missões clandestinas e secretas."


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