"Igrejas que trabalham em favor do país são exemplo para a sociedade", diz coordenador da Lava-Jato

O procurador da República e coordenador da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol ministrou a palestra "10 Medidas Contra a Corrupção", na Igreja Batista Central de Fortaleza (CE) e conseguiu o apoio de 7 mil pessoas nesta campanha do Ministério Público.

Fonte: Guiame, João NetoAtualizado: sexta-feira, 30 de outubro de 2015 às 14:18

Escritor e repentista Euriano Sales declamando o cordel sobre as "10 Medidas Contra a Corrupção", no palco da Igreja Batista Central, em Fortaleza / CE (Foto: Guiame)

Na última terça-feira (27), a tenda da Igreja Batista Central foi marcada pela chamada ao combate à corrupção. Com a palestra do procurador da república e coordenador da Operação Lava-Jato, Dr. Deltan Dallagnol, milhares de pessoas receberam mais informações sobre a campanha "10 Medidas Contra a Corrupção" e também tiveram a oportunidade de aderir à iniciativa, com suas assinaturas. Mais de 7 mil formulários de apoio assinados foram entregues ao palestrante na ocasião.

O evento teve sua abertura com um momento de louvor, liderado por integrantes do grupo de louvor da Igreja Batista Central e também uma apresentação inicial das 10 Medidas Contra a Corrupção em formato de versos de cordel, na voz de Euriano Sales.

Já no momento da palestra, de forma didática e com uma linguagem clara, o procurador Deltan Dallagnol ajudou a esclarecer o cenário político e social em que a operação lava-jato tem se desdobrado e como esta campanha das 10 Medidas pode beneficiar o país.

Deltan explicou que a proposta da campanha é, entre outras ações, fazer ajustes no código penal brasileiro, evitando que atos corruptos pareçam ter "mais lucros do que custos" para quem os comete.

"Nós devemos olhar para o corrupto como alguém que toma decisões, baseado em custos e benefícios, que são pesados em pratos de uma balança. No prato dos custos estão a propabilidade da punição e o montante da punição, que no Brasil praticamente não existem. No prato dos benefícios está o dinheiro que a pessoa [corrupto] desvia. A realidade para essa pessoa é que o pratos dos benefícios pesa muito mais que o prato dos custos", disse.

Procurador da República e coordenador da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol ministrou uma palestra sobre as "10 Medidas Contra a Corrupção", na IBC Fortaleza (Foto: Guiame)

10 Medidas
Entre as medidas que visam combater a corrupção neste projeto apresentado pelo Ministério Público Federal, estão a transparência e proteção à fonte de informação, criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos, aumento das penas e crime hediondo para corrupção de altos valores, celeridade nas ações de improbidade administrativa, reforma no sistema de prescrição penal, entre outras.

Para que o projeto seja apresentado ao Congresso Nacional, o Ministério Público precisa coletar 1,5 milhão de assinaturas e tem se empenhado em conseguir este apoio do povo brasileiro. Os formulários assinados podem ser entregues nas sedes do MPF ou enviadas pelo correio, para o endereço da Força-Tarefa Lava Jato, em Curitiba (PR): Procuradoria da República no Paraná, Rua Marechal Deodoro, 933 - Centro, Cep 80060-010 - Curitiba/PR.


"Pequenas Corrupções"
Pessoas que reclamam da corrupção na política, mas compram CD's / DVD's pirateados, furam fila, estacionam em locais proibidos ou cometem outros atos como estes, chamados de 'pequenas corrupções'. Este é a realidade de boa parte da sociedade brasileira, a qual sofre com a desonestidade, mas não apenas na política.

Comentando este cenário, Deltan falou com exclusividade ao Guiame e explicou que estas 'pequenas infrações' criam um cenário em que a corrupção na política é cada vez mais possível e que o combate à desosnetidade deve se efetivar como um todo.

"Pesquisas como algumas feitas pelo IBOPE apontam que vários atos de corrupção são praticados na sociedade: são as 'pequenas corrupções' ou 'corrupções privadas'. Não temos dúvidas de que estes 'pequenos' atos abram portas para que a 'grande' corrupção, ou seja, corrupção política aconteça. Nós vemos este fenômeno como um sistema da sociedade que tolera a corrupção e um subsistema (político) em que a corrupção é ainda mais acirrada", destacou.

"Se nós queremos mudar esta realidade, temos que atuar sobre o todo. Por isso que a nossa proposta de medidas de combate à corrupção, inclui a realização de campanhas de marketing de massa contra a corrupção. Essa é a ideia para mudar o todo. Outras medidas mais específicas são para atuar sobre a área política / eleitoral, como a tipificação do 'crime de caixa dois eleitoral, a punição de partidos políticos que se envolvem com a corrupção e a lavagem de dinheiro eleitoral".

Líder da Igreja Batista Central, o pastor Armando Bispo (à esquerda) declarou seu apoio à Campanha "10 Medidas Contra a Corrupção" e celebrou a coleta de 7 mil assinaturas, na ocasião. (Foto: Guiame)


Igrejas ativas
Quando questionado sobre a relevância da participação das igrejas nesta campanha, o procurador lembrou que estas instituições têm sido peças importantes na mobilização desta campanha e citou que já haviam demonstrado seu poder de mudanças na aprovação do projeto "Ficha Limpa".

"As igrejas foram as maiores responsáveis na coleta de assinaturas do caso Ficha Limpa. Eu diria que quando você quer que alguma coisa aconteça, você não pede ajuda para uma pessoa que não faz nada, mas sim para uma pessoa que já está envolvida com bastante coisa... aí sim essa coisa acontece", afirmou.

"A Igreja está envolvida com a conscientização do amor ao próximo em várias dimensões: espiritual, material, emocional e a mudança do nosso país. Fechar as brechas, por onde o dinheiro público escorre e diminuir o prejuízo às classes mais necessitadas, é uma bandeira de amor ao próximo, com a qual as igrejas ficam ainda mais engajadas. Quando as igrejas (católicas ou evangélicas) estão apoiando e trabalhando em favor do nosso país, dão um exemplo para toda a sociedade", finalizou.


Fazendo a diferença
Pastor da Igreja Batista Central, Armando Bispo expressou sua satisfação em receber a palestra ministrada por Deltan Dallagnol em sua comunidade e também em ver o espaço repleto de cidadãos dispostos a saber mais sobre como é possível combater a corrupção de modo efetivo.

"[...] Sendo pastor de ovelhas e tentando ser exemplo para o rebanho, levando o rebanho a uma conscientização de que o evangelho não é só a salvação da alma, mas também a mudança do indivíduo como ser humano, o cuidado com seu corpo, com seu meio, com sua família, creio que é esse evangelho que me faz acreditar que é possível participar de campanhar e de momentos do país, como estes", disse.

"Esta é a forma mais cristã que temos de mostrar amor pelos perdidos, amor pelos que estão sofrendo. Pode ser até mais do que dar uma cesta básica, por exemplo. É mudar uma conjuntura, que poderia propiciar a estas pessoas que são dependentes das cestas básicas, uma autonomia maior para trabalhar, crescer, progredir e ver o meio em que vive ser mudado".

O pastor finalizou seu depoimento, fazendo um apelo para que todos contribuam para a campanha, preenchendo os formulários de apoio e registrando suas assinaturas para adicionar aos registros do MPF.

"Um prédio é construído com vários tijolos, uma corrente é formada por elos. Se você não tiver todos os elos participando, não consegue puxar nada. Então chegou a hora de deixar de criticar e participar efetivamente. Então a minha assinatura compôs estas 7 mil assinaturas que recolhemos hoje aqui, em tão pouco tempo. Não deixe de participar. A sua assinatura é importante. Talvez ela seja aquela que vai completar esses 1 milhão e meio de assinaturas", lembrou.

Para saber mais sobre a campanha e assinar o seu formulário de apoio, acesse: http://www.combateacorrupcao.mpf.mp.br/10-medidas 

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