Se o altar não estiver em nós, não estará em lugar algum

Essa realidade de um “locus” divino que inquieta o coração do salmista, não se reproduz hoje... Na Nova Aliança, não podemos sentir falta de um lugar, de um ambiente físico, espiritualmente falando. Isso porque, Deus não mais se manifesta em geografias humanas, muito menos em coisas que o representem; ele não se apresenta, a priori, fora de ninguém, senão, dentro de alguém.

Deus assim dignificou o homem, fazendo-se homem, para ser o homem o lugar de Sua manifestação. Assim sendo, diante de um Deus que não habita mais em templos feito por mãos humanas (At 17.24), ou o altar estará em nós ou não estará em lugar algum. E o único exílio capaz de impedir o homem de adorá-Lo neste altar, que Ele faz questão de erguer no coração dos símplices de coração como expressão de Sua graça, é o auto-imposto pelo pecado.

Nesta condição, Deus nos resistirá de um lado e não sentiremos falta de Sua presença do outro. O salmista não vivia nesta condição, não porque fosse perfeito, mas por seu estado de confissão "em dia". Por isso seu anelo por proximidade e comunhão com o Criador como uma realidade existencial em sua vida.

A aplicação, portanto, dessa realidade a/em nós hoje, tem muito mais a ver com ‘‘intimidade’’, com a adoração em “espírito e em verdade” (Jo 4) do que com qualquer experiência místico-religiosa de procissão e/ou necessidade de "estar".

A ênfase é do "ser"... Ser em saudade de Deus, em carência afetiva do Criador, em dependência existencial do Pai. Experiências essas, próprias daqueles para quem Deus já se tornou o universo; daqueles para quem Deus tem sempre razão em tudo o que faz; daqueles para quem a glória de Deus, mais do que bênçãos e livramentos, é o que importa; daqueles para quem Deus já lhes tomou por completo e os absolveram para que fossem absorvidos por Ele.

Esses são os que, como pardais, encontram ninho, lar, abrigo, refúgio, altar, vida e verdade em Deus. Pense nisso!