Sementes de tâmaras dos tempos bíblicos são “ressuscitadas” após 2 mil anos

O experimento científico deu certo, as sementes germinaram e as árvores já deram frutos.

Fonte: Guiame, com informações de Christian PostAtualizado: quinta-feira, 14 de outubro de 2021 às 15:15
Frutos da tamareira que cresceu a partir de sementes de 2 mil anos, recuperadas de sítios arqueológicos no deserto da Judéia. (Foto: Dan Balilty/The New York Times)
Frutos da tamareira que cresceu a partir de sementes de 2 mil anos, recuperadas de sítios arqueológicos no deserto da Judéia. (Foto: Dan Balilty/The New York Times)

Uma comunidade agrícola que fica no meio do deserto de Arava, em Israel, está trazendo à vida árvores frutíferas dos tempos bíblicos. 

“Estamos falando sobre a ressurreição de sementes de tâmaras com 2 mil anos de idade”, explicou Sarah Sallon, diretora e fundadora do Centro de Pesquisa de Medicina Natural na Organização Médica Hadassah, Jerusalém.

Segundo Sarah, as sementes vêm do deserto da Judéia e de Massada, e fazem parte de um experimento científico. 

“Estamos plantando nossa segunda tamareira fêmea, que brotou de uma semente milenar. Na verdade, esta veio de Qumran — foi encontrada nas cavernas — e para nosso espanto, ela também germinou”, disse Elaine Solowey, a botânica que persuadiu as sementes a crescer.

Sobre a primeira tamareira “ressuscitada”

Cada semente revivida recebe um nome próprio. A primeira tamareira se chama Hannah e foi a primeira árvore feminina a crescer. 


Tamareira Hannah. (Foto: Captura de tela/CBN News)

“Ela foi plantada em 2019. Polinizada por Matusalém, Hannah teve cerca de 100 tâmaras no ano passado e este ano ela deu mais de 600 tâmaras”, contou Sarah que iniciou este projeto há mais de 15 anos depois de se interessar pela medicina natural.

“Eu queria ver o quão medicinal era a flora de Israel, para que era usada e assim por diante. E então percebi que muitas dessas espécies haviam realmente desaparecido. E sabíamos que existiam porque a Bíblia menciona. A Bíblia é o nosso guia de espécies antigas”, disse Sarah à CBN News.

Sobre a palmeira chamada “Judith”

Uma pequena palmeira de aparência jovem, chamada Judith, foi plantada no Kibbutz Ketura, recentemente. Kibbutz são pequenas comunidades israelitas que exercem atividades agrícolas particulares e educativas. O Kibbutz Ketura é composto por cerca de 450 membros, incluindo residentes e crianças.


Ketura é um kibutz que fica no deserto, a 30 minutos ao norte de Eilat, no Vale do Rift Arava. Seu nome deriva de uma colina próxima, que leva o nome da segunda esposa de Abraão. (Foto: Captura de tela/CBN News)

A palmeira Judith que está no kibbutz há apenas 9 anos, carrega uma herança ancestral. Crescendo em uma estufa, ela foi recentemente transplantada para o “Antigo Pomar da Judéia”, como foi nomeado o local pelos responsáveis. 

Ela é a quinta árvore desse tipo a ser plantada lá depois de Matusalém, Adão, Jonas e Hannah — nomes dados às árvores

Sarah observou que muitas pessoas reparam nas tâmaras, palmeiras e em todos os kibbutzim (plural de kibbutz) que estão em crescimento na região. “Todas elas foram plantadas pelo Israel moderno, após sua fundação, em 1950. Então, elas não são árvores originais, elas não cresceram aqui”, esclareceu.

Árvores originais

Anos atrás, em Massada, os arqueólogos encontraram um frasco com antigas sementes de tâmaras. Segundo Sarah, os escritores clássicos costumavam descrever as árvores, especificando com as datas da antiga Judéia. E por qual motivo faziam isso?

“Porque elas eram famosas. Elas eram grandes e davam frutos bem doces e depois ficavam secos e isso permitia que fossem exportados para todo o Império Romano e tinham qualidades medicinais”, explicou Sarah.

Ela disse que obteve 5 dessas sementes originais e as deu para a botânica Elaine Solowey, que desenvolveu um método eficiente para germiná-las. “Acho que o maior problema é hidratá-las adequadamente, porque se você hidrata rápido demais, você as mata e só consegue uma rachadura em cada semente”, explicou a botânica à CBN News.


Dra. Sarah Sallon em frente à balança pesando tâmaras. (Foto: Dan Balilty/The New York Times)

Sobre o projeto de fazer reviver outras sementes

“Até agora, temos cinco machos e duas fêmeas, sete no total. Já experimentei muitas sementes e a maioria delas está mais morta do que pregos de porta”, disse Solowey.

Quinze anos atrás, a primeira árvore que Solowey gerou foi um macho. Eles a chamaram de Matusalém em homenagem à pessoa mais velha da Bíblia. 

Mais de 850 mil tamareiras crescem em Israel. Solowey plantou cerca de três mil delas no Kibbutz Ketura, onde cada árvore produz cerca de 350 libras de tâmaras (mais de 150 quilos) por ano.

Agora Solowey e Sarah estão esperando a frutificação das tâmaras que foram revividas para a primeira colheita. “Vamos fazer os testes das datas para ver se diferem de outras variedades comerciais de tâmaras modernas”, disseram.

Mas, de qualquer forma, ambas concordam que para o kibbutz, é um grande empreendimento. “Se você não olhar para a história, não verá o futuro. E aqui estamos realmente plantando história no Instituto Arava. Esperamos que um dia essas árvores que vieram de 2 mil anos atrás sejam a esperança de paz em nossa região”, concluiu o Dr. Tareq Abu Hamed, diretor do Instituto Arava do Kibbutz Ketura. 

Assista (em inglês):

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