“Sou gay e contra a adoção de crianças por homossexuais”, diz escritor francês

Além dele ser porta-voz da organização que defende o casamento exclusivamente heterossexual, Pierre escreveu um livro explicando por que ele considera injusta a adoção gay.

Fonte: Guiame, com informações da AFPAtualizado: quarta-feira, 27 de abril de 2016 às 15:19
"os filhos adotivos já se interrogam incessantemente sobre os motivos do seu abandono", diz o escritor. (Foto: Reprodução/YouTube).
"os filhos adotivos já se interrogam incessantemente sobre os motivos do seu abandono", diz o escritor. (Foto: Reprodução/YouTube).

O escritor e documentarista francês Jean Pierre Delaume-Myard é alvo de críticas da classe LGBT na Europa há alguns anos. O motivo faz com que ele fique “manchado” por uma “culpa imperdoável”. Além dele ser porta-voz da organização La Manif pour tous na França (que defende o casamento exclusivamente heterossexual), Pierre escreveu um livro explicando por que ele, homossexual, considera injusta a opção do casamento e, sobretudo, da adoção gay.

“As crianças devem ter uma mãe mulher e um pai homem. Qualquer outra opção é uma discriminação. E digo isso como homossexual.”, afirmou o roteirista em entrevista para o jornal italiano Avenire.

“Gostaria de dizer antes de tudo que os lobbies gay não representam todos os homossexuais. No debate sobre a inserção da homogenitorialidade no sistema jurídico italiano, os homossexuais foram passados para trás. Não foram considerados na sua diversidade intelectual, espiritual e política, mas reduzidos a uma prática sexual que implica necessariamente certas exigências, como a união civil e a necessidade de ter filhos”, exemplifica.

Questionado pelo fato dele não concordar com a classe ativista gay, a entrevista relembra que Pierre foi acusado de homofobia. “Homossexual e homofóbico. É o cúmulo. E ainda assim é disso que me acusa a comunidade gay. São os mesmos que dizem que ‘La Manif pour tous’ na França é um movimento homofóbico. Mas gostaria de dizer que nem na Itália nem na França sofri a mínima hostilidade por causa de minha orientação sexual”, relatou.

O jornal levanta a questão de que possivelmente o erro seja pensar que da orientação sexual devem necessariamente derivar escolhas políticas e certo tipo de empenho social. O escritor responde que tem se levantado como cidadão, antes de sua orientação. “Eu aceitei ser porta-voz de La Manif pour tous não como homossexual, porque isso é secundário, mas como cidadão. Isso porque não é a nossa sexualidade que orienta o nosso pensamento. Aqueles que pensam assim – é preciso dizer com clareza – são autênticos homofóbicos. É por isso que, ao meu ver, não é ilógico ser homossexual e defender a família”, pontuou.

Criança X Família

“Toda criança precisa prioritariamente de um pai e de uma mãe para crescer. Há uma autêntica diferença entre ter dois ‘pais’ ou duas ‘mães’ e ter pais heterossexuais. A verdadeira paridade encontra a sua única fonte no casal que gera. Somente ali ela é incontestável. Pretender eliminá-la é negar a realidade. Todos devemos a vida à paridade homem-mulher”, pontuou.

“É verdade que um casal homossexual pode trazer a uma criança tanta felicidade quanto um casal heterossexual. Mas não é só isso que conta. Uma criança deve ser capaz de se identificar com os componentes masculinos e femininos de seus pais. Do ponto de vista psicológico, uma menina pode entender que dois homens, que não querem ter uma mulher, possam ao mesmo tempo querer uma menina como filha? O mesmo para um menino diante de duas mulheres que pretendem se passar por suas mães”, ressaltou o escritor.

Questionado pelo fato dele ser tão firme em considerar inoportuna a adoção por parte dos homossexuais, Pierre responde que “os filhos adotivos se interrogam incessantemente sobre os motivos do seu abandono por parte dos pais biológicos. Acrescente a isso a dificuldade de entender uma filiação homossexual e tornaremos a sua vida ainda mais árdua – é como condená-los a uma pena dupla”.

Para finalizar, ele explica a importância da criança ter pais heterossexuais. “A criança adotada por dois homens ou duas mulheres poderá dispor de educadores, adultos de referência, mas continua privada de pais. E isso porque os pais do mesmo sexo não podem indicar uma origem nem sequer simbólica. Ela será, de fato, privada de pais duas vezes: primeiro com a vida, e ainda uma vez com a possibilidade de um casal gay adotá-la”.

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