Apesar do preconceito contra Israel, Judeus ganham espaço na Alemanha

 

Surpreendentemente, a Alemanha – responsável pelo Holocausto que matou cerca de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial –, tem sido a nação onde judeus mais prosperam na Europa. Uma das principais razões é que uma jovem e mais confiante geração está formando uma nova identidade judaica.

A comunidade judaica na Alemanha ainda é pequena, cerca de 200 mil dentro dos 80 milhões de pessoas. No entanto, "a vida judaica está florescendo em Berlim e no resto do país", como conta Jutta Wagemann, porta-voz do Conselho Central dos Judeus na Alemanha.

Na cidade alemã de Cottbus, uma igreja católica abandonada foi recentemente transformada em uma sinagoga, com espaço para 460 membros da comunidade judaico-russa. Em 2013, foi aberta a Escola de Teologia Judaica na Universidade de Potsdam próximo a Berlim, fazendo da cidade um núcleo de estudos judaicos na Alemanha.

Em fevereiro, mais de mil judeus de 11 a 19 anos se reuniram no Jewrovision, um concurso de canto e dança semelhante ao tradicional Festival Eurovisão, realizado há décadas por todo o continente. No show de talentos, a juventude celebra o Dia do Senhor, aprende sobre a tradição judaica e reafirma sua própria identidade.

"Houve uma grande mudança geracional", disse Oren Osterer, organizador dos Jogos Macabeus, o maior evento de esportes judaicos, que terá lugar na Alemanha pela primeira vez neste verão. "Muitos na comunidade judaica na Europa não queriam que os jogos acontecessem na Alemanha. Eles achavam que a Alemanha ainda não estava pronta. A geração mais jovem queria que isso mudasse.”

Ódio a Israel x Crescimento judaico

Por outro lado, ainda há uma onda forte de antissemitismo – hostilidade contra Israel. Locais judaicos foram vandalizados, e suásticas aparecem com irritante regularidade. Alguns judeus foram atacados nas ruas de Berlim. Mesmo assim, não houve êxodo em massa de volta para Israel por causa desses acontecimentos.

Na Europa Oriental, onde o antissemitismo está profundamente enraizado, as comunidades judaicas estão se refazendo. Na Polônia, lar de 25 mil judeus, um museu chamado “A história dos judeus poloneses” foi inaugurado em Varsóvia, em outubro do ano passado. A dança judaica e a música popular se tornaram moda. Jovens judeus criaram a marca de moda “Risco OY” com roupas que levam frases escritas na língua iídiche, falada por israelenses, em 2012.

“Há uma nova identidade judaica aqui”, disse Anna Tenenbaum, uma das fundadoras da Risk OY. "Jovens judeus, na Polônia, estão voltando às suas raízes", disse ela. "Nós começamos a procurar a nossa história familiar, mas ao mesmo tempo, não queremos apenas olhar para trás. O futuro é importante para nós. Queremos ser responsáveis ​​pela nossa identidade, e ao mesmo tempo, não ser muito sérios."

Na Hungria, que tem uma comunidade de 150 mil judeus, cerca de 1.500 crianças e adolescentes de 25 países diferentes se encontram no Acampamento Internacional Judaico para Jovens Szarvas. Durante 12 semanas a cada verão, jovens judeus descobrem sua herança cultural e religiosa e aprendem sobre as tradições judaicas. 

Ele disse que a comunidade judaica na Hungria está passando por um "renascimento" apesar da difícil situação política para as minorias, especialmente os não-cristãos. Ele observou que mais de 12 mil pessoas celebraram Judafest no ano passado, um festival de rua que teve um aumento de quase 40% de participantes em relação ao ano anterior. Isso tem acontecido com outras celebrações judaicas.