Boko Haram usa cerca de 1.000 crianças como 'escudos humanos', em Camarões

Enquanto os militantes islâmicos mataram mais de 15.000 pessoas em ataques contínuos ao longo da Nigéria desde 2009, eles também têm procurado expandir suas operações em outros países da região, em uma missão para estabelecer um califado Africano.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: terça-feira, 9 de junho de 2015 às 14:27
Criança é expulsa de sua comunidade, em Geidam (Nigéria), após invasão do Boko Haram
Criança é expulsa de sua comunidade, em Geidam (Nigéria), após invasão do Boko Haram

O gupo terrorista nigeriano Boko Haram já sequestrou mais de 1.000 crianças e as tem usado em Camarões (país vizinho) como escudos humanos - o que foi condenado por autoridades da ONU como uma das ações desumanas destes terroristas.

"O sistema que eles usam é simplesmente desumano", disse a coordenadora humanitária da ONU para os Camarões, Najat Rochdi à AFP.

Enquanto os militantes islâmicos mataram mais de 15.000 pessoas em ataques contínuos ao longo da Nigéria desde 2009, eles também têm procurado expandir suas operações em outros países da região, em uma missão para estabelecer um califado Africano.

O Boko Haram segue os passos do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, embora o exército nigeriano que tenha conseguido expulsá-los de vários esconderijos nos últimos meses.

O Boko Haram também sofreu grandes perdas ao se envolver com o exército de Camarões, mas ainda tem realizado com sucesso uma série de ataques transfronteiriços, nos quais invadem as aldeias para roubar suprimentos, matam pessoas e sequestram crianças.

Relatos colhidos pela ONU mostram que Boko Haram tem usado algumas dessas crianças como escudos humanos, colocando-os na linha de frente de tais ataques.

"Que eu saiba, as crianças foram usadas como escudos humanos ... [e] tinham idade entre oito e 12", disse Rochdi.

"O pior foi as crianças ... Obviamente, isso criou uma situação horrível", ela acrescentou, observando que os soldados camaronenses foram profundamente traumatizados por ter que enfrentar crianças no campo de batalha.

A coordenadora humanitária disse que não ainda sabe se as crianças raptadas eram de Camarões e da Nigéria ou de outros países africanos.

A UNICEF disse que pelo menos 743 mil crianças foram separadas de suas famílias e comunidades pelo conflito na Nigéria, apenas nos estados de Borno, Yobe e Adamawa.

Na semana passada, o grupo terrorista matou dezenas de pessoas, incluindo cristãos, em uma série de ataques a aldeias na Nigéria.

"Eles destruíram primeiro os postes de telefones antes de invadir nossa comunidade - isso foi para impedir-nos de telefonar e pedir ajuda", disse um pastor da comunidade cristã Pambula-Kwamda, em Madagali - área do governo local de Adamawa.

"Eles mataram 10 membros de nossa igreja [Igreja dos Irmãos na Nigéria, ou EYN] usando facões".

A ONU também disse que os militantes islâmicos continuam a usar mulheres e meninas em seus ataques suicidas.

"As crianças não são instigadas estes ataques suicidas, são utilizados intencionalmente por adultos da maneira mais horrível, pois elas são, em primeiro lugar, as vítimas e não os responsáveis", disse o representante da UNICEF Jean Gough.

Grupos de direitos humanos como a Anistia Internacional têm documentado, entretanto, que eles dizem que são abusos cometidos por militares da Nigéria, e no início desta semana acusou-o da autoria de mortes de milhares de pessoas por meio de inanição, asfixia além de tortura-las até a morte.

O relatório de 133 páginas, com base em centenas de entrevistas, incluindo alguns com fontes militares e exposição de documentos do Ministério da Defesa que vazaram, diz que as forças armadas "cometeram incontáveis atos de tortura; centenas, se não milhares, de nigerianos se tornaram vítimas de desaparecimento forçado; e pelo menos 7.000 pessoas morreram em detenção militar, como resultado de assassinato, fome, a superlotação extrema, além negação de assistência médica".

A Anistia pediu ao governo do novo presidente nigeriano Muhammadu Buhari para garantir que os civis na Nigéria estejam protegidos do terrorismo, mas ao mesmo tempo disse que é preciso haver uma repressão contra a "cultura de impunidade" dentro do exército.

"Esta evidência doentia expõe como milhares de homens e rapazes jovens foram arbitrariamente presos e deliberadamente mortos ou abandonados para morrer em detenção nas condições mais terríveis. Isto fornece fortes razões para investigações sobre a possível responsabilidade criminal de membros das forças armadas, incluindo os níveis mais altos", disse Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional.

"Enquanto uma investigação urgente e imparcial destes crimes de guerra é vital, este relatório não é apenas sobre a responsabilidade criminal das pessoas. É também sobre a responsabilidade da liderança da Nigéria a actuar de forma decisiva para pôr termo à cultura de impunidade no seio das forças armadas".

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