Carlos Bezerra Jr. escreve sobre o vestido polêmico, trabalho escravo e consumismo

"Precisamos urgentemente rever nossa forma de consumir e as razões para consumir", alerta Bezerra Jr.

Fonte: Guiame, com informações do CanalTechAtualizado: quinta-feira, 5 de março de 2015 às 20:25
Vestido azul e preto ou branco e dourado
Vestido azul e preto ou branco e dourado

'Azul e preto ou branco e dourado?' Essa pergunta tomou a internet e a televisão na última semana, após a foto de um vestido se tornar viral.

Mas segundo o Business Insider, essa não é única polêmica da história, já que a Roman Originals, loja que fabrica o vestido, foi investigada pelo jornal inglês The Observer, em 2007, sob acusações de trabalho escravo.

Com sede no Reino Unido, a loja contratava serviços de uma fornecedora na Índia. Durante uma viagem investigativa, o jornal diz ter encontrado crianças juntas em local apertado produzindo roupas.

Carlos Alberto Bezerra Jr., presidente da CPI do Trabalho Escravo, sabendo disso, publicou um texto em seu Facebook falando sobre o vestido e o consumo de forma sábia.

Semana passada um vestido parou a internet, todo mundo queria debater se era dourado e branco ou azul e preto. Mas a notícia mais reveladora saiu na Business Insider: a empresa que faz o tal vestido já foi acusada de trabalho infantil escravo.

De tanto bater nessa tecla, eu vivo recebendo a acusação de "então agora não pode comprar mais nada?", mas não é esse o ponto. A questão é que precisamos urgentemente rever nossa forma de consumir e as razões para consumir.

Não faz sentido todo mundo falar no tal vestido, as vendas do vestido serem catapultadas pela fama instantânea e ninguém nem pensar como esse produto veio parar no mundo.

Cito na íntegra o depoimento de uma criança que trabalhava na fábrica indiana e foi ouvida pelo jornal The Observer:

"Eu quero trabalhar aqui. Eu tenho onde dormir à noite. O trabalho é duro e minhas costas estão doendo de me debruçar no material, mas eu estou aprendendo. Eu sempre ouço outras crianças brincando na rua lá fora mas minha função é trabalhar. Meus pais precisavam do dinheiro para outros membros da família e me venderam. É meu dever ficar aqui. Um outro menino fugiu. O supervisor me disse que ele está na cadeia. Eu não quero ir para a cadeia."

Para mim, não é mais possível pensar na tal foto do vestido sem pensar nesse menino.

 

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