Cerca de 8 mil mulheres árabes se apresentaram como voluntárias para lutar contra o Estado Islâmico

Muitas mulheres de todo o mundo árabe estão se levantando para defender suas famílias, terras e sua própria liberdade.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: segunda-feira, 17 de agosto de 2015 às 19:34
Mulheres Guerreiras árabes falam sobre batalhas que venceram contra o Estado Islâmico (Imagem: Mail Online / reprodução)
Mulheres Guerreiras árabes falam sobre batalhas que venceram contra o Estado Islâmico (Imagem: Mail Online / reprodução)

Milhares de jovens mulheres se alistaram no exército e pegaram em armas nos últimos meses, na luta contra o Estado islâmico, enquanto o grupo terrorista tenta expandir seus domínios em toda a Síria e no Iraque, matando e escravizando milhares de mulheres e crianças em seu caminho.

"Estado Islâmico planeja aumentar o seu território como fizeram na Síria", disse Nasreen Kobani, de 24 anos ao Christian Post. "... Eles estão lutando para sermos santos e qualificar-se para o Jannah (paraíso islâmico), apesar de cometer inúmeros crimes contra a humanidade. Depois que eles matam civis, mutilam e queimam os os corpos das vítimas".

Muitas mulheres de todo o mundo árabe estão se levantando para defender suas famílias, terras e sua própria liberdade. Hoje, cerca de 8.000 mulheres em toda Síria, Turquia, no Iraque, Irã e em outros países se apresentaram como voluntárias para se juntar-se ao YPJ ('Yekîneyên Parastina Jin', que em curdo quer dizer 'Unidade de Proteção das Mulheres'), também conhecida como a "Unidade Feminina de Proteção", que defende a população curda da Síria e outros civis inocentes, incluindo os cristãos da violência do EI.

"Eu acredito em proteger nossas famílias e nossas cidades da brutalidade dos extremistas e ideais obscuros", disse uma das recrutas. "Eles não aceitam ter mulheres em cargos de liderança. Eles querem que a gente nos cubramos e nos tornemos donas de casa para atender às suas necessidades somente. Eles acham que não temos o direito de falar e controlar nossas vidas", acrescentou ela neste relatório.

As guerreiras seguem uma tradição de mulheres curdas, encontradas no norte do Iraque, e algumas têm operado e sido treinadas com as forças curdas de Pashmerga, desde 1996, em oposição ao regime de Saddam Hussein.


Batalhas

Elas tiveram muitas vitórias desde o início da guerra, incluindo a sua resposta tática, ajudando cristãos que são um grupo minoritário no Iraque e foram alvo de repetidas ondas de ataques dos extremistas. O mosteiro de São Mateus - um dos mais antigos da Planície de Nínive - sobreviveu com a ajuda destas combatentes curdas, que foram capazes de fazer com que o Estado islâmico recuasse, conforme relatado pelo programa '60 Minutes', da CBS.

"Os jihadistas não gostam de lutar contra as mulheres, porque se eles forem mortos por elas, pensam que não vão para o 'céu", disse uma das guerreiras ao 'PBS NewsHour'.

Outras vitórias incluem a ofensiva em Kobani, na Síria, no início deste ano, onde a Unidade lutou militantes do Estado Islâmico no combate braço-a-braço, matando um dos generais do grupo terrorista e retomando o controle da cidade.

"À medida que os civis começaram a fugir, tomamos nossas posições e começamos a enfrentá-los em faixas estreitas e em brigas de rua... Eles enviaram primeiro seus combatentes iniciantes e depois, mais de metade dos veteranos ... perdemos muitas guerreiras naquela batalha. Logo depois, uma coalizão internacional veio com ataques aéreos e estávamos desarmadas e rodeadas por soldados que nos ajudaram a vencer e tirar os terroristas da cidade", disse Kobani.

Apesar das perdas desta batalha, muitas das mulheres começaram a queimar bandeiras do Estado Islâmico em meio a gritos de vitória.

"Eles queriam assumir a nossa terra, mas nós os derrotamos. Nós defendemos a nossa cidade. Nós queimamos suas bandeiras e agora nossas bandeiras estão acenando em todos os lugares", Kobani acrescentou.


Desafios

Mulheres guerreiras na linha de frente do Iraque e Síria também estão desafiando barreiras culturais, tradições e estereótipos dos papéis de gênero para as mulheres no mundo árabe e além.

"Mulheres guerreiras são livres e orgulhosas... livre de todos os limites e restrições culturais. As mulheres estão, na maior parte sob o poder de um homem nesta parte do mundo. No entanto, como soldados somos iguais, mesmo no campo", disse Kobani.

Os militares dos EUA levantaram a sua própria proibição de mulheres em combate, que abriu-se centenas de milhares de postos de trabalho na linha de frente adicionais para elas, de acordo com um relatório do 'New York Times'. A decisão inovadora derruba uma regra Pentágono de 1994, que proibia as mulheres de participarem de atividades como artilharia, carros blindados, infantaria e outras funções de combate. O Pentágono está permitindo três anos, até que Janeiro de 2016, realmente implemente esta mudança.

Dos 28 membros da OTAN, apenas três países - Grã-Bretanha, Turquia e Eslováquia - ainda barram as mulheres diante de funções de combate, segundo o Daily Mail.

O conflito armado interno no Iraque tem aumentado desde janeiro de 2014 e causou uma crise humanitária, que está afetando milhões de iraquianos e sírios.

O A Agência das Nações Unidas para Refugiados estima que cerca de 5,2 milhões de pessoas estão agora na necessidade urgente de assistência humanitária e protecção, devido à contínua violência e insegurança. Muitas das vítimas são crianças. Milhões de árabes foram deslocados, torturados, estuprados e mortos, incluindo as comunidades minoritárias, como os yazidis, cristãos e turcomanos, no norte, além também de xiitas e sunitas (muçulmanos), conforme relatado pelo Christian Post.

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