China financia rede global com mais de 100 sites para propagar comunismo

Um estudo revelou a existência de 123 sites distribuídos por 30 países diferentes, incluindo o Brasil.

Fonte: Guiame, com informações de Gazeta do Povo e Revista OesteAtualizado: quinta-feira, 14 de março de 2024 às 14:55
Congresso de comunistas na China. (Foto representativa: Wikimedia Commons/Gary Stock Bridge)
Congresso de comunistas na China. (Foto representativa: Wikimedia Commons/Gary Stock Bridge)

Um estudo do Citizen Lab — centro de pesquisa da Universidade de Toronto, no Canadá — divulgado no começo de fevereiro, revelou a existência de uma rede operada a partir da China de mais de 100 sites de notícias locais, espalhados por 30 países, entre eles o Brasil.

Conforme notícias do Gazeta do Povo, esses sites serviram para disseminar desinformação e ataques pessoais contra opositores do regime comunista de Pequim.

O estudo, que tem como título “Paperwall: sites chineses que se passam por mídia local visam públicos globais com conteúdo pró-Pequim”, revela como a campanha usa técnicas de engenharia social e manipulação de conteúdo para influenciar a opinião pública.

Entre os temas sensíveis para o regime comunista chinês, estão a origem da Covid-19, a situação de Hong Kong e Taiwan, e as críticas ao Partido Comunista.

Os sites usados pela China não são devidamente registrados como veículos de comunicação, como foi descoberto na Itália, por exemplo. O estudo foi desenvolvido justamente após uma matéria do jornal italiano Il Foglio ter revelado a existência de seis sites de notícias locais que eram usados ​​no país para disseminar propaganda de origem chinesa. 

“Antes dessa matéria do Il Foglio, em novembro do ano passado, o governo da Coreia do Sul também divulgou um relatório identificando 18 sites de notícias locais envolvidos na promoção significativa de propaganda pró-Pequim”, informou ainda o Gazeta do Povo. 

China já se infiltrou em mais de 120 países

Ao analisar todas as informações disponíveis, o estudo previsto pelo Citizen Lab revelou a existência de, ao todo, 123 sites de notícias locais aparentemente aleatórios, distribuídos por 30 países diferentes.

Segundo o grupo de pesquisa canadense, nenhum dos mais de 100 sites eram de fato independente, como se apresentaram, mas sim controlados por uma empresa de relações públicas sediada em Shenzhen, na China, conhecida como Shenzhen Haimaiyunxiang Media Co.Ltda ou somente Haimai. 

Fundada em 2019, a Haimai é especialista em oferecer serviços de distribuição de conteúdo promocional em vários idiomas, incluindo o português. 

Ataques aos opositores do comunismo

O estudo aponta que esses sites, que formam a chamada rede Paperwall, publicavam em seus espaços uma mistura de conteúdo copiado de fontes legítimas das mídias locais, dos países onde estavam hospedados, com comunicados de imprensa de cunho comercial e conteúdo político alinhado com as visões de Pequim.

Nos sites, o estudo aponta que era comum ver ataques pessoais contra figuras reconhecidas como hostis pelo regime chinês, como o virologista Li-Meng Yan, que alega que o vírus da Covid-19 foi criado em um laboratório chinês, e Li Hongzhi, fundador e líder do movimento religioso Falun Gong, que é banido e perseguido na China desde 1999.

Brasil na mira da China

“Entre os domínios identificados pelo estudo do Citizen Lab também constam sete sites voltados para o público brasileiro, que estavam hospedados aqui mesmo no Brasil e possuíam nomes de cidades ou estados nacionais, muitas vezes nomes bastante genéricos como brasilindustry.com ou goiasmine.com”, especificou o Gazeta do Povo.  

O veículo apurou que todos esses sites estão atualmente fora de rede e recomenda que eles não sejam acessados, uma vez que possam estar infectados por vírus.

O pesquisador Alberto Fittarelli alertou para o crescimento da indústria de desinformação por encomenda: “Desde os primeiros dias de pesquisa nesse campo, a indústria de desinformação por encomenda cresceu, levando a  descobertas e interrupções em países ao redor do mundo”. 

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