Congresso dos EUA votará definição de perseguição aos cristãos como genocídio

A classificação da perseguição das minorias religiosas no Oriente Médio como genocídio traz um peso significativo, marcando uma mudança na forma como os Estados Unidos se posicionam com com relação ao conflito no Oriente Médio.

Fonte: Guiame, com informações do Christian TodayAtualizado: sábado, 12 de março de 2016 às 18:13
Militantes do Estado Islâmico registram execução de 11 prisioneiros xiitas em 2015. (Imagem: Reprodução)
Militantes do Estado Islâmico registram execução de 11 prisioneiros xiitas em 2015. (Imagem: Reprodução)

Na próxima segunda-feira, o Congresso dos Estados Unidos vai decidir em votação se define as atrocidades contra os cristãos e outras minorias religiosas no Oriente Médio como genocídio.

A moção foi amplamente apoiada por republicanos da Câmara e, se aprovada irá representar mais um fator para pressionar significativamente o presidente Obama a seguir este exemplo e também classificar esta perseguição como genocídio. A resolução tem mais de 200 signatários de ambos os partidos (republicano e democrata) e muitos esperam que seja aprovada.

O documento surge após o lançamento de um relatório de 278 páginas, compilando evidências de crimes cometidos contra os cristãos no Iraque, Síria e países vizinhos. O relatório foi lançado em uma tentativa de apresentar ao secretário de Estado John Kerry, provas irrefutáveis de que o termo "genocídio" é o mais adequado para classificar este contexto, depois que ele disse que seria necessária uma "avaliação adicional" para tanto.

No entanto, o diretor do grupo 'Demanda for Action', Steve Oshana, disse ao 'Christian Today' que ele acredita que o governo Obama já tomou uma decisão.

"Eu acho que eles já fizeram sua determinação neste momento e é apenas uma questão de quando ela será publicada", disse ele. "Eu não posso imaginar ainda haja deliberações, sendo que todas as provas que já foram dadas".

A classificação da perseguição das minorias religiosas no Oriente Médio como genocídio traz um peso significativo, marcando uma mudança na forma como os Estados Unidos se posicionam com com relação ao conflito no Oriente Médio. Até o momento, o governo Obama tem restringindo sua descrição sobre os eventos envolvendo o Estado Islâmico e as minorias religiosas como "atrocidades brutais", mas absteve-se de usar o termo genocídio.

Oshana disse que, enquanto houvesse um "efeito correlativo" entre usar o prazo e as medidas subsequentemente tomadas, isso não necessariamente colocaria obrigações legais sobre os Estados Unidos. Em vez disso, ele disse, seria um "imperativo moral".

"Nos casos em que a palavra 'genocídio' não foi usada no e foi usado um termo menor como "limpeza étnica ", muitas vezes vemos que nenhuma medida efetiva é tomada", disse ele.

A decisão provavelmente traz más recordações para a Casa Branca. O ex-presidente Bill Clinton, por exemplo, recusou-se a descrever a situação de Ruanda em 1994, como um genocídio. Ao longo de três meses, grupos de extermínio da tribo Hutu mataram mais de 800.000 pessoas da tribo Tutsi em uma planejada "solução final para eliminar todos os tutsis".

O relatório da organização cristã 'Cavaleiros de Colombo', lançado juntamente com a organização 'International Christian Concern' reúne a evidências de genocídio contra os cristãos no Oriente Médio.

O bispo geral da Igreja Ortodoxa Copta, no Reino Unido, bispo Angaelos, disse que havia um "perigo real" de que a perseguição contra a comunidade Yazidi fosse denominada como genocídio pelos Estados Unidos, mas que o mesmo não aconteceria com a perseguição contra os cristãos.

A cultura Yazidi é um desdobramento do zoroastrismo, que combina antigas tradições religiosas tanto com o cristianismo, como com o islamismo. O Estado Islâmico acredita que eles sejam "adoradores do diabo", e tem marcado sistematicamente o grupo como alvo.

O bispo Angaelos disse ao Christian Today: "O reconhecimento parcial seria, de alguma forma expor a mensagem de que o que está acontecendo com os cristãos é menos criminoso - o que pode não ser o objetivo da mensagem, mas que é como ele soaria no Oriente Médio".

Ele disse que o relatório era bom e necessário, mas precisa de atualização constante.

Recentemente, o parlamento europeu aprovou em votação, uma resolução com esse mesmo objetivo.

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