Deputados usam homenagem a Jerusalém para mostrar apoio do Brasil aos palestinos

Em sessão solene na Câmara dos Deputados, parlamentares usaram o espaço para evidenciar o povo árabe.

Fonte: Guiame, com informações da Câmara dos DeputadosAtualizado: sexta-feira, 15 de junho de 2018 às 14:33
Ivan Valente, deputado do PSOL, declarou seu total apoio ao povo palestino. (Foto: CDD).
Ivan Valente, deputado do PSOL, declarou seu total apoio ao povo palestino. (Foto: CDD).

Em uma sessão solene requerida pelo deputado Evandro Roman (PSD-PR), na última quinta-feira (14) a Câmara dos Deputados realizou uma homenagem ao dia mundial de Jerusalém. A data é comemorada todo ano, sempre na última sexta-feira do Ramadã. Apesar da iniciativa, as declarações enalteceram os povos árabes ao invés de ressaltar Jerusalém.

O discurso controverso é percebido na fala de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, que ressaltou sobre o fato da data servir como reconhecimento da comunidade internacional pela manutenção da paz no Oriente Médio. “A ONU, por meio de diversas resoluções defende status especial para a cidade e têm procurado priorizar o respeito e a relevância de Jerusalém”, colocou ele.

“Homenagear Jerusalém implica respeitar a presença palestina na cidade, tendo em vista as circunstâncias históricas e geopolíticas que asseguram ao direito, mas implica, também, secundar as disposições da ONU baseadas no reconhecimento do status religioso e civilizacional da cidade santa e seu forte significado para as três tradições: cristianismo, judaísmo e islamismo”, complementou Rodrigo Maia.

O “relacionamento dos povos” foi a pauta do deputado Evandro Roman, presidente do grupo parlamentar Brasil-Irã. Para ele, comemorar o dia mundial de Jerusalém é importante para pensar sobre a relação que há entre os grupos distintos.

“Ao meu ver, comemorar e homenagear o dia mundial de Jerusalém deveria ser uma unanimidade global para tornar-se um momento de reflexão sobre a importância do relacionamento entre os povos”, disse ele. “Nada mais justo por ser Jerusalém o berço e a cidade sagrada das três principais religiões monoteístas: a Judaica, a Cristã e o Islã”, salientou.

“Lá estão os templos mais importantes das três religiões. Em Jerusalém está arraigada aquilo que o ser humano tem de mais profundo: a sua convicção religiosa que, afinal, determina toda a sua trajetória de vida”, adicionou.

Criação imediata do Estado palestino

Ivan Valente, deputado do PSOL, declarou seu total apoio ao povo palestino. “Nós somos a favor da criação imediata do Estado palestino. Isso é um direito do povo palestino já reconhecido pela ONU, mas pela pressão dos bancos, da grande mídia internacional, que é controlada por grupo judeus, isso não acontece”, colocou ele.

De acordo com o parlamentar, os brasileiros devem entender sobre o que acontece no Oriente Médio. “O problema não está no cidadão mundial judeu ou quem vive em Israel. O problema está numa política de estado que favorece Israel ser uma ponta de lança do imperialismo no Oriente Médio e a necessária questão de dominar o petróleo em todo o local”, ressaltou.

Em defesa de Israel

O deputado Roberto de Lucena (Pode-SP), juntamente com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), mostraram seu posicionamento em favor do Estado de Israel. Eduardo colocou: “Nós muito falamos com relação à Palestina, mas poucas vezes nós também olhamos para os atos realizados pela Palestina contra os direitos humanos”.

Já Sóstenes reclamou da dificuldade que os missionários cristãos têm por conta de censura que alguns países árabes exercem contra outros povos. “A maioria não respeita, não dá visto a missionários cristãos. Eu gostaria de fazer um apelo aos senhores embaixadores por respeito e por convivência na paz. Se nós queremos de verdade a paz, nós devemos ter reciprocidade com os demais”, disse.

Contexto histórico

Para entender melhor esse duelo, é importante revisitar a Guerra dos Seis Dias, entre 5 e 10 de junho de 1967. O conflito envolveu Israel e os países árabes (Síria, Egito, Jordânia e Iraque) com apoio do Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.

Em Novembro de 1967, a ONU aprovou a Resolução 242, que determinou a retirada de Israel de territórios ocupados e a resolução do problema dos refugiados. A ação mostra o não-reconhecimento do avanço de Israel nas terras da parte oriental de Jerusalém, que são reivindicadas pelos árabes.

Enaltecer o povo árabe durante a suposta homenagem a Jerusalém foi na verdade apresentar um posicionamento contra a chamada “cidade santa” por meio de discursos mascarados na tentativa de diminuir a importância e legítima luta dos judeus.

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