Estado Islâmico afirma que 'Páscoa é uma blasfêmia', ao assumir ataques no Sri Lanka

Por meio de sua agência de notícias Amaq, o grupo terrorista divulgou um vídeo mostrando oito militantes jurando lealdade ao culto à morte jihadista.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quinta-feira, 25 de abril de 2019 às 14:36
Estado Islâmico assumiu autoria dos ataques no Sri Lanka. (Imagem: Amaq News / Reprodução)
Estado Islâmico assumiu autoria dos ataques no Sri Lanka. (Imagem: Amaq News / Reprodução)

Acredita-se que os atentados a bomba do último domingo (Páscoa) no Sri Lanka sejam o ataque mais letal no exterior já reivindicado pelo Estado Islâmico (também conhecido como IS, ISIL ou ISIS).

O porta-voz da polícia, Ruwan Gunasekera, disse na última quarta-feira que pelo menos 359 pessoas foram mortas nos atentados que atingiram igrejas e hotéis em Negombo, Batticaloa e Colombo.

Com o número atualizado de 359 mortes e mais de 500 feridos, os atentados de Páscoa representam a mais perigosa operação no exterior reivindicada pelo Estado Islâmico desde que o grupo proclamou seu califado em 2014, observa a AFP.

"Agora este é o ataque mais mortal do Estado Islâmico, em qualquer lugar", twittou a jornalista Mindy Belz, que cobriu extensivamente a perseguição aos cristãos, é a editora sênior da revista World e autora do livro "Eles dizem que somos infiéis". A obra mostra a vida dos cristãos perseguidos no Oriente Médio.

Um pensamento semelhante foi emitido pelo correspondente do New York Times, Rukmini Callimachi.

“Ainda estou pesquisando isso, mas até onde posso dizer com esse novo número de mortes, o ataque de Páscoa no Sri Lanka é agora o ataque mais mortal do Estado Islâmico, tanto se comparado com o Iraque e com a Síria e além”, twittou Callimachi. “O ataque de Karrada [Bagdá] em 2016 foi de 340 mortos; A mesquita sufi no Sinai foi 311. O ataque de Paris deixou 130 mortos”.

Reivindicação

O Estado Islâmico, um grupo terrorista islâmico sunita, que antes controlava grandes extensões de território no Iraque e na Síria e tinha afiliados em vários países, assumiu a responsabilidade pelo ataque na última terça-feira (23).

Por meio de sua agência de notícias Amaq, o grupo terrorista divulgou um vídeo mostrando oito militantes jurando lealdade ao culto à morte jihadista, junto ao seu líder, chamado califa Abu Bakr al-Baghdadi.

"Nós prometemos fidelidade ... e obedecê-los em tudo, seja em condições fáceis ou difíceis", disseram os terroristas no vídeo, segundo a Reuters.

A AFP relata que o Estado Islâmico forneceu os pseudônimos dos jihadistas que eles alegaram ter realizado o ataque aos cristãos, que celebravam a Páscoa - o que eles consideraram um "feriado blasfemo".

Todos, exceto um dos militantes mostrados no vídeo, tiveram seus rostos cobertos. Acredita-se que o homem que não cobriu o rosto é Moulvi Zahran Hashim (também conhecido como Mohamed Zaharan), líder nacional do Taekheed Jamaath.

Autoridades suspeitam que o pouco conhecido grupo islâmico muçulmano do Sri Lanka, o Tawheed Jamaath (NTJ), esteja por trás dos atentados, mas estão investigando o envolvimento do Estado Islâmico nos ataques.

Três combatentes supostamente chamados pelos nomes de Abu Obeidah, Abu Baraa e Abu Moukhtar teriam realizado os atentados nos hotéis Shangri-La, Cinnamon Grand e Kingsbury.

Três outros - Abu Hamza, Abu Khalil e Abu Mohammad - realizaram ataques contra igrejas em Colombo, Negombo e Batticaloa.

Os governos do Sri Lanka e dos EUA declararam que a sofisticação e a escala dos atentados sugerem o envolvimento de um grupo terrorista externo como o Estado Islâmico ou a Al-Qaeda, segundo a Reuters.

Complexidade

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse terça-feira que os ataques do Sri Lanka provavelmente foram inspirados pelo Estado Islâmico.

"Todas as indicações são de que isso foi, no mínimo, inspirado pelo Estado Islâmico", disse Pompeo ao analista da CBS News e ex-diretor interino da CIA, Michael Morell em um podcast.

"E eu acho que teremos mais informações desenvolvidas sobre se havia alguma conexão real. A escala e a complexidade do ataque certamente seria algo que um bom analista como você encararia e diria: 'Precisamos cavar muito’. A capacidade de um grupo local realizar um ataque simultâneo e relativamente complexo poderia acontecer. Mas provavelmente é o caso de haver outras pessoas ajudando-os", acrescentou.

Negligência

Dez dias antes dos ataques, um policial enviou um aviso de que o grupo terrorista estava planejando ataques suicidas contra igrejas. Segundo a CNN, a informação foi obtida de um homem suspeito de estar ligado ao Estado Islâmico.

No entanto, esse aviso nunca chegou aos principais funcionários. E agora, o presidente Maithripala Sirisena está exigindo a renúncia do secretário de Defesa e do chefe de polícia.

De acordo com uma tradução do memorando da polícia, desde 2016, Zaharan – líder nacional do Taekheed Jamaath – tem pregado a seus seguidores que o "assassinato de descrentes é um esforço religioso nobre e que o Islã deve ser disseminado através de tais atos".

Há muito tempo, o Estado Islâmico invoca extremistas de mentalidade semelhante para matar “infiéis” e até oferece conselhos sobre como construir bombas e realizar ataques contra locais vulneráveis.

Envolvimento de magnatas

Investigações também têm trabalhado na linha do envolvimento de filhos de magnatas locais do Sri Lanka nos ataques.

Segundo o NY Times, um dos comerciantes de especiarias mais ricos do país, Mohammad Yusuf Ibrahim foi preso sob suspeita de ter conexão com os ataques suicidas.

Um funcionário indiano informou que dois dos filhos de Ibrahim foram identificados em reportagens da mídia como Inshaf e Ilham. Ambos estavam entre os oito homens-bomba que atacaram hotéis e igrejas em toda a ilha.

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