Estado Islâmico já matou mais de 18 mil iraquianos e desabrigou 3,2 milhões desde 2014

Os grupos de vigilância de direitos humanos também se concentraram em problemas como a violência sexual contínua contra mulheres e crianças, sendo usada pelos militantes como uma das principais ferramentas para oprimir as populações capturadas.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 20 de janeiro de 2016 às 15:05
Refugiado sírio segura sua filha, enquanto tenta cruzar a fronteira da Turquia (Foto: Reuters)
Refugiado sírio segura sua filha, enquanto tenta cruzar a fronteira da Turquia (Foto: Reuters)

Cerca de 18.800 pessoas foram mortas desde 2014 na guerra em curso no Iraque, segundo revelou a ONU em um relatório assustador sobre o número de civis mortos, enquanto 3.500 mulheres e até mesmo crianças permanecem capturadas como escravas sexuais do Estado Islâmico.

"A violência sofrida por civis no Iraque continua a ser impressionante. O chamado 'Estado Islâmico do Iraque e do Levante' continua a praticar a violência e os abusos contra os direitos humanos internacionais e a lei humanitária sistemática.

"Esses atos podem, em alguns casos, ser classificados como crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio", afirma o relatório, que foi compilado e divulgado na última terça-feira pela Missão de Assistência da ONU para o Iraque e pelo Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos.

Outras 36,245 pessoas ficaram feridas no período de tempo registrado entre 1º de Janeiro de 2014 e 31 de outubro de 2015, enquanto que mais de 3,2 milhões de iraquianos foram expulsos de suas terras, o que inclui mais de um milhão crianças em idade escolar.

O Iraque foi devastado pela instabilidade e pela guerra em curso com o Estado Islâmico, que conquistou vasto território em toda a região - incluindo a Síria - buscando fortalecer o seu auto-declarada "Califado".

"Durante o período do relatório, o Estado Islâmico matou e sequestrou grande número de civis, muitas vezes de forma orientada. As vítimas incluem aqueles que são acusados de fazer algum tipo de oposição à ideologia ou regras impostas pelo grupo terrorista, como filiados ao governo, o ex-oficiais de segurança iraquianos, policiais, ex-funcionários públicos, trabalhadores eleitorais e outros profissionais, tais como médicos, advogados, jornalistas e líderes tribais e religiosos", acrescentou o relatório.

"Outros foram raptados e / ou mortos sob o pretexto de ajudar ou fornecer informações para as forças de segurança do governo. Muitos foram submetidos a julgamento por tribunais auto-nomeados do EI, que além de ordenar o assassinato de inúmeras pessoas, impuseram castigos cruéis aos condenados, tais como o apedrejamento e até mesmo amputações".

Os grupos de vigilância de direitos humanos também se concentraram em problemas como a violência sexual contínua contra mulheres e crianças, sendo usada pelos militantes como uma das principais ferramentas para oprimir as populações capturadas.

O Secretário-Geral da ONU para o Iraque, Jan Kubis pediu à comunidade internacional que aumente o seu apoio ao governo iraquiano em sua luta contra o Estado Islâmico, e também à prestação de assistência humanitária às comunidades afetadas que querem voltar às suas terras de origem e reconstruir suas casas.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein disse que o número real de civis mortos pode ser ainda maior que o relatado.

"Este relatório expõe o sofrimento duradouro de civis no Iraque e ilustra do que os refugiados iraquianos estão tentando escapar, quando eles fogem para a Europa e outras regiões. Este é o horror que enfrentam em seus países de origem".

Milhares de cristãos iraquianos foram caputrados violentamente ao longo dos últimos anos, sendo especificamente marcados como alvos pelos radicais islâmicos, e expulsos de suas terras ancestrais.

Robert P. George - presidente da Comissão Norte-Americana sobre Liberdade Religiosa Internacional - e muitos outros alertaram sobre a "miséria e sofrimento nas comunidades religiosas e étnicas indefesas", que continuam em pleno vigor, tanto no Iraque e Síria.

O analista da BBC News, Ahmed Maher assinalou que a invasão do EI em 2014 aumentou o número de civis mortos drasticamente no Iraque, notando que a taxa de mortalidade média mensal entre 2010 e 2013 foi de 400 mortes, que incluíram também a violência doméstica e crimes.

"Os militantes do Estado Islâmico se gabam por matar qualquer um que eles percebam como 'não crentes' de sua ideologia extremista islâmica ou seguidores de outras religiões", destacou.

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