Incoerentemente a Itália, país que abriga o Vaticano, teve uma antiga Igreja Católica transformada em uma mesquita durante a Feira de Artes da Bienal de Veneza. No entanto, o local de culto foi fechado antes da finalização do evento pelas autoridades da cidade.
Os organizadores do evento disseram que sua intenção era sondar os limites da liberdade religiosa e destacar o projeto controverso de construir mesquitas em países ocidentais.
No entanto, as autoridades venezianas disseram que não havia permissão para que a igreja fosse usada como um local de culto religioso, e que a ordem de fechamento não tem referência com a intolerância religiosa.
Além disso, o local violou regulamentos de segurança, segundo as autoridades. O número de visitantes, incluindo os muçulmanos, excedeu a capacidade do edifício. Cerca de 130 pessoas entraram na igreja para as orações da sexta, sendo que o máximo permitido são 90.
A mesquita se tornou "uma das exposições mais visitadas fora da área principal de exposições da Bienal", disse Björg Stefánsdóttir, diretor do Centro de Artes. "O debate que está acontecendo é um reflexo nítido da atualidade, dos preconceitos e condições do mundo hoje."
Veneza e as cidades vizinhas tem uma população de cerca de 20 mil muçulmanos. Os líderes da comunidade disseram que estavam desapontados com o fechamento da mesquita.
"Foi uma iniciativa destinada a tolerância, mas a reação da cidade foi duramente equilibrada – esta era uma mesquita temporária que deveria ficar aberta durante sete meses", disse Mohamed Amin Al Ahdab, líder da comunidade muçulmana em Veneza.
Intolerância?
Intolerância religiosa nada mais é do que a falta de reconhecimento e respeito pelas diferenças ou crenças religiosas de outros. Ironicamente, o projeto que tem a intenção de combater essa intolerância, apenas a estimulou.
Respeitar as diferenças é entender que cada expressão religiosa tem seu lugar, e que os espaços não devem ser invadidos. Colocar uma mesquita dentro de uma Igreja que prega o cristianismo não irá fazer com que seguidores de ambas religiões se tornem mais tolerantes, mas sim o contrário. Fará as pessoas pensarem que as religiões devem ser misturadas, e que a linguagem deve ser unificada forçadamente.