Novo livro "Samurai de Cristo" relata histórias de cristãos perseguidos no Japão

O livro retrata o holocausto de mulheres, homens e crianças em 1638, quando, o governante do Japão ordenou uma cruzada contra seus próprios súditos e afirmou que "os cristãos tinham que morrer para que a paz voltasse a ser estabelecida no país".

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: domingo, 22 de maio de 2016 às 18:56
Japoneses se emocionam durante homenagem às vítimas de Fukushima, no Japão. (Foto: BGEA)
Japoneses se emocionam durante homenagem às vítimas de Fukushima, no Japão. (Foto: BGEA)

Um novo livro intitulado "Christ's Samurai" ("Samurai de Cristo") conta a história do cristianismo primitivo no Japão durante a era feudal, no século 17, quando alguns cristãos foram marcados com ferros quentes - como se fossem gado - e crucificados, por terem sido apontados como parte de uma revolta.

Os crentes também foram vestidos com casacos de palha feitos de grama e incendiados, segundo relatos do livro, que foi reportado pelo jornal 'Japan Times'.

Autor do livro e professor da Universidade 'Xi'an Jiaotong' na China, o pesquisador Jonathan Clements também descreve como uma mulher grávida foi mantida em uma jaula submersa - o que levou à morte, tanto da mãe, como do bebê - em um incidente que pode ter provocado a Rebelião Shimabara, uma revolta no sudoeste do Japão, que foi de 17 de dezembro de 1637 a 15 de Abril de 1638, durante o governo de Edo Bakufu, o último regime militar feudal japonês.

"Em 1638, o governante do Japão ordenou uma cruzada contra seus próprios súditos, um holocausto de homens, mulheres e crianças, como parte de um culto apocalíptico", diz o livro em sua introdução.

"Os agricultores, alegando ter a bênção bênção divina, treinaram samurais em combate e proclamaram que os fogos no céu logo anunciaram o fim do mundo. O Shogun (comandante militar) convocou soldados já aposentados para uma última batalha, antes que a paz pudesse ser declarado no Japão. Segundo o líder, para que a guerra tivesse fim, os cristãos teriam que morrer", conta o livro.

As forças do Shogun venceram depois que milhares de cristãos foram abatidos.

O museu 'Sawada Miki Kinenkan', em Kanagawa informou esta semana que mais de 30 guardas armados com espadas teriam provavelmente sido cristãos disfarçados.

"É extremamente raro encontrar guardas de espada (cristãos ocultos), após a adoção de políticas anti-cristãs", disse um funcionário do museu, de acordo com o Asahi Shimbun. "Os resultados indicam que eles mantiveram sua fé profunda (apesar da perseguição)".

Yuhiko Nakanishi, presidente do grupo sem fins lucrativos Nihon token Hozon Kai, disse: "Uma característica dos guardas com espadas, que surgiram após a adoção das medidas anti-cristãs por parte do governoda época, é que os cristãos esconderam cuidadosamente suas cruzes. Concluímos que os desenhos mostram a fé dos cristãos que se escondiam".

Restos mortais do padre Sidotti, encontrados no Japão. (Foto: Japan Times)


Arqueologia
No mês passado, autoridades japonesas descobriram os restos mortais de um padre italiano do século 17, conhecido como o "último mártir missionário" enviado ao Japão.

O Japão é um dos países com menor número de cristãs no mundo.

Os japoneses valorizam mais as relações humanas, explicou Minoru Okuyama, diretor do Centro de Treinamento Missionário no Japão, durante sua apresentação no Tokyo 2010 Globais Missões Consultas.

"Eles têm medo de afetar as relações humanas de seus familiares ou de sua vizinhança, embora eles saibam que o cristianismo é o melhor caminho", disse Okuyama, que já seguiu o budismo e xintoísmo. "Assim, os japoneses fazem muito mais pelas relações humanas que pela verdade. Consequentemente, podemos dizer que, para os japoneses, uma das coisas mais importantes é a harmonia".

Menos de 1% da população do Japão é cristã, embora a religião tenha sido levada ao país há mais de 150 anos. Okuyama observou que o cristianismo está prosperando na vizinha China e na Coreia, porque a mentalidade das pessoas é "fazer mais pela verdade ou princípios que pelas relações humanas".

Okuyama, no entanto, afirmou: "A semente do Evangelho nunca é lançada em vão. Vamos fazer o nosso trabalho!".

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