Religiosos palestinos vêm ao Brasil para convencer governo a não mover embaixada

“Israel usa a Bíblia para colonizar a Palestina”, diz pastor de comitiva contrário à transferência da embaixada.

Fonte: Guiame, com informações da Folha de S. PauloAtualizado: quinta-feira, 24 de janeiro de 2019 às 16:49
Pr. Mitri Raheb, integrante da comitiva palestina que vem ao Brasil. (Foto: Reprodução/YouTube)
Pr. Mitri Raheb, integrante da comitiva palestina que vem ao Brasil. (Foto: Reprodução/YouTube)

Uma delegação de líderes religiosos palestinos chega nesta sexta-feira (25) ao Brasil para tentar convencer o governo brasileiro a “desistir de seus controversos planos no Oriente Médio”. O encontro em solo brasileiro é motivado pela promessa do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv a Jerusalém.

O grupo inclui líderes evangélicos, católicos e luteranos. Um deles, Mitri Raheb, pastor da Igreja Evangélica Luterana de Natal em Belém, conversou com a reportagem do jornal Folha de S. Paulo sobre os planos e a importância de homens de fé para mudar a opinião do governo brasileiro.

Ao ser perguntado se a questão de Jerusalém é mesmo religiosa, Raheb disse que o conflito árabe-israelense é político, e não religioso. “É um conflito por terra, direitos e recursos. Mas ainda assim o conflito tem um aspecto religioso. Israel usa a Bíblia para colonizar a Palestina”.

Alguns dos partidos islâmicos usam a religião também. Como cristãos palestinos, continuamos a dizer que, apesar de o conflito ser político, a religião tem um papel positivo importante. A religião pode ser parte do problema, mas tem o potencial de também ser parte da solução.

Igrejas

Raheb contou que tem trabalhado nos últimos 30 anos de maneira ativa com a advocacia junto a igrejas e que quando recebeu o convite, teve a impressão de que esta missão ao Brasil em particular é importante devido ao presente contexto no Brasil e ao que está em jogo.

Para ele, as igrejas continuam a ser um importante ator no hemisfério ocidental. “Elas moldam de alguma maneira a opinião pública, e muitas igrejas também se dedicam a questões de justiça e paz”. Ele cita como exemplo a África do Sul, durante o Apartheid.

Raheb disse ainda que as igrejas católica e evangélica brasileira, que estão crescendo, são importantes atores na questão. “Algumas delas têm uma agenda bastante de direita e religiosa e compram a narrativa cristã-sionista. Por isso que é importante reforçar as relações entre as igrejas no Brasil e na Palestina”.

Pressões

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o negociador-chefe palestino Saeb Erekat afirmou que seu governo responderá com sanções diplomáticas e econômicas caso Bolsonaro cumpra sua promessa de campanha.

No final de dezembro o Guiame noticiou que uma delegação ministerial da Liga Árabe já havia manifestado intenção de viajar ao Brasil em janeiro com o mesmo objetivo.

De acordo com o jornal, a Liga Árabe alertou o governo brasileiro de que suas relações diplomáticas com os países de cultura árabe serão prejudicadas, caso o governo brasileiro efetivo sua intenção de transferência, que na prática é o reconhecimento de que Jerusalém é a capital de Israel.

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