Sandro Dias, o Mineirinho, fala sobre esporte, família e fé: "O skate pode transformar vidas"

Em participação no 4º Salão Internacional Gospel, Sandro Dias revela que ele e sua família seguem a religião católica, mas tem afinidade com o trabalho feito por skatistas evangélicos e afirma ser do "time do bem".

Fonte: Guiame, Luana NovaesAtualizado: segunda-feira, 10 de agosto de 2015 às 20:20

 


Sandro Dias, o Mineirinho, durante o 4º Salão Internacional Gospel. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo)

 

Sandro Dias, mais conhecido como "Mineirinho", tem o skate no pé desde os dez anos de idade. Começou como brincadeira, mas seu talento com o shape — nome dado a base de madeira do skate — o levou a participar de campeonatos em Santo André, cidade onde nasceu e se profissionalizou.
 
Envolvido no esporte há 30 anos, hoje Sandro Dias coleciona títulos. Hexacampeão mundial pela World Cup Skateboarding (2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2011), tricampeão europeu (2001, 2003 e 2005) e medalha de ouro dos X Games de Los Angeles (2006). Ele também é chamado de “Rei do 540”, e foi o terceiro skatista no mundo a acertar a manobra 900°, e o primeiro a voltá-la durante sua linha em uma competição. 
 
Mas cada vitória exigiu muito esforço e algumas lesões no corpo. "O skate é um esporte que a gente se machuca para aprender alguma coisa. Como em todo esporte, a gente tem que passar algumas dificuldades, sofrer algumas lesões, mas só assim a gente aprende. Se fosse muito fácil não teria graça", disse Mineirinho em entrevista exclusiva ao Guiame durante o 4º Salão Internacional Gospel.
 
Atualmente Mineirinho compete na modalidade vertical, em uma rampa que tem, em média, 4,20m de altura. Nesta semana o atleta irá competir nos Estados Unidos e mais para frente, irá acontecer um campeonato na África do Sul, e logo depois vem mais outros nos Estados Unidos. "Só no Brasil que não está acontecendo nada por causa da crise, mas espero que ano que vem melhore", comentou Dias.
 

Sandro Dias ao lado de Luciana Mazza, organizadora do 4º Salão Internacional Gospel durante oficina de crianças. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo)
 
Família
 
Mineirinho sempre teve a companhia dos pais em suas viagens a campeonatos internacionais. Hoje, casado e pai de um filho de 2 anos e meio de idade, o atleta passou a viajar um pouco mais sozinho. "Meu filho é muito pequeno, então eles ainda não conseguem me acompanhar. Mas quando surge a oportunidade, em época de férias, eu sempre levo comigo meu filho, mesmo pequeno, e minha esposa", conta Dias. "Gostaria muito de sempre levar eles nas minhas viagens, mas infelizmente não dá."
 
Um velho ditado popular diz que filho de peixe, peixinho é, mas Sandro não pensa assim. "Crio meu filho da maneira como fui criado: sem forçar nada", esclarece o atleta. Ele conta que quando criança, seus pais o deixava livre para escolher em que esporte ele gostaria de se envolver — claro que o preço dessa liberdade era o comprometimento com os estudos.
 
"Com ele vai ser a mesma coisa. Se cumprir com as obrigações dele, vai poder fazer o que ele quiser e eu sempre vou apoiar", disse Mineirinho, que no fundo torce para que o filho siga seus passos. "Espero que ele goste de skate também. Se ele gostar vai ser melhor para ele, que já vai ter toda uma estrutura montada, que é a minha pista, e um parceiro para o resto da vida para andar de skate."
 

Sandro Dias, o Mineirinho, durante o 4º Salão Internacional Gospel. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo)
 
 
Sandro Dias e sua família seguem a religião católica, mas ele revela afinidade com o trabalho feito por skatistas evangélicos e afirma ser do "time do bem". "Eu não tenho preconceito nenhum. Não tenho nada contra em vir numa feira gospel, admiro o trabalho que os evangélicos fazem com o jovem, principalmente", diz ele.
 
"Acho que o mundo de hoje oferece muita coisa ruim para os jovens e também para as crianças. O que a gente puder fazer para mudar a vida deles — no momento mais importante, que é a infância e a adolescência — eu faço, sem esforço nenhum", ressalta o atleta.
 
Mineirinho foi convidado pela loja Trinity Skateboards, que cedeu seu espaço no Salão Gospel à organização Christian Skaters, formada por skatistas cristãos que pregam o Evangelho no Brasil e em diversas nações. Uma rampa atraiu diversos jovens e crianças, que tiveram aulas com profissionais do esporte, ao som dos louvores que saíam do palco central do evento.
 
"Para mim é o máximo estar aqui porque eu vejo muitas crianças, ainda mais tendo o skate envolvido. O skate é uma grande ferramenta educacional que pode transformar a vida das crianças. Então, no que eu puder ajudar eu vou fazer o possível para ajudar mesmo, independente de religião, crença ou qualquer outra coisa", finaliza Dias.
 
Pastor Eduardo Franchi em conversa com Sandro Dias, o Mineirinho. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo)
 
Skatistas Cristãos
 
Uma das ações elogiadas por Sandro Dias é feita pela organização Christian Skaters (Cristãos Skatistas, em tradução), que foi idealizada por um skatista americano, e hoje se espalha por diversos países do mundo, como Etiópia, Colômbia, Chile, Alemanha, Honduras, África do Sul e Austrália. No Brasil, a ONG é presidida pelo skatista Eduardo Franchi, que é pastor da Igreja Batista, mas garante que o grupo é aberto a todas as denominações evangélicas.
 
Dentro da organização existem alguns projetos, como a Skate House. Essa casa está sendo construída em São Bernardo do Campo, em São Paulo — cidade que tem a maior pista de skate da América Latina. "Lá temos um grande número crianças que andam de skate, e por isso acabam abandonando a escola, seguindo uma outra linha um pouco complicada. A Skate House nasce por isso, para acompanhar essas crianças", explica Franchi.
 
Dentro dessa proposta, a Skate House irá oferecer, além de pistas de skate, também café da manhã, almoço, reforço escolar e outras ações para alcançar as crianças e suas famílias. "Quando você alcança uma criança, você também alcança uma família", aponta Franchi.
 
Outro projeto é o Papo Radical, que é feito todas as quintas nas pistas de São Bernardo do Campo, Osasco, Alphaville, Sorocaba e outros lugares. Nesse projeto, depois do "rolê" de skate, os atletas vão para um lugar retirado, se juntam e compartilham a Palavra de Deus apenas com Bíblia, sem música. "O skatista tem dificuldade de ouvir da Palavra se for por um pastor ou um missionário. Embora eu seja pastor, quando é skatista falando com skatista a coisa se torna mais fácil", ressalta Franchi.
 
O projeto Christian Skaters esteve presente no Salão Gospel em busca de parceiros. "A nossa missão vive de parcerias. Queremos alcançar parcerias aqui, inclusive já estamos alcançando. Pessoas estão se aproximando da gente, conhecendo o nosso projeto, e através dessa feira conhecendo o nosso trabalho."

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