David Quinlan fala sobre sua trajetória: "Mais apaixonado, mais faminto, mais sedento"

Em entrevista exclusiva, David Quinlan fala sobre seu ministério, trajetória musical e vida familiar.

Fonte: Guiame, por Adriana BernardoAtualizado: quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015 às 12:58

Após apresentação especial com músicas do CD “Um lugar para 2” realizada na Igreja Assembleia de Deus Vida Triunfante, na noite de 23 de janeiro em Bragança Paulista, David Quinlan fala sobre seu ministério e sua trajetória musical. O cantor irlandês de nascimento e brasileiro de coração – chegou com 5 anos ao Brasil – falou sobre suas composições, sobre o ministério pastoral e a família. Acompanhe:

Como você avalia sua estada em Bragança Paulista, na igreja Assembleia de Deus Vida Triunfante, onde tivemos um grande mover de Deus com muitas vidas voltando para Jesus e muitas outras se convertendo?

Nosso foco foi alcançado, que é sempre o de exaltar a Cristo, saquear o inferno e povoar os céus. Não importa aonde a gente vá, esse é o nosso objetivo através da palavra cantada, da palavra pregada. Nosso objetivo é sempre exaltar a Cristo, porque a gente sabe que quando faz isso, Ele mesmo atrai os homens a Si.

E qual o sentimento depois de alcançar esse objetivo?

Ficamos muito felizes sempre, como o que aconteceu nessa noite: a vibração, a paixão, a intensidade, a entrega. É sempre bom estar no meio de um povo apaixonado por Cristo e hoje a noite foi assim. As pessoas participaram do início ao fim, desde o Cid Guerreiro (que abriu a apresentação) até o final, porque pudemos presentear Deus com tantos corações, tantas almas que sei que nessa noite realmente foram impactadas. Então, a gente fica muito feliz com tudo isso.

Fale um pouco do CD “Um lugar para 2”, que você tem trabalhado fortemente pelo Brasil:

É um CD de adoração, lançado no final de 2013. Todos os anteriores foram gravados ao vivo: com muita celebração, muito solo, muitos instrumentos, uma pegada bem jovem. Inclusive, quem mais se identifica com a gente ao redor do Brasil é a moçada. Só que esse tem um foco diferente, que é realmente levar as pessoas a terem uma intimidade maior com Deus. 

Como surgiu o título “Um lugar para 2”?

Quando Deus nos deu esse nome, eu pensei no amor que tenho pela minha esposa. Embora a gente saia muito em família, de vez em quando saímos apenas nós dois e, nesse momento, eu procuro um lugar mais reservado... Então, se vamos a um restaurante, chego e peço um lugar para dois. Para mim e minha esposa. Não quero mais ninguém, não quero amigos... Tem dias para isso. Mas agora quero apenas um lugar para dois. E pensando nisso nasceu o desejo de fazer um CD com essa perspectiva, com esse foco de levar as pessoas a um lugar secreto, um lugar de intimidade, ao esconderijo do Altíssimo, onde ela possa ser curada, liberta, amada. Onde ela possa ser abraçada.

E como foi o processo?

Falei com vários amigos a esse respeito. Todos me abraçaram, abraçaram essa causa, como Ana Paula Valadão, Nívea Soares, Mari Rocha, o Fernandinho, André Valadão, Pr. Cirilo, Coral Kemuel... Falei com toda essa galera, e todo mundo abraçou. Inclusive minha filha Angel, de 12 anos, canta uma canção comigo. Foi a primeira vez que tive a alegria e honra de tê-la participando comigo em um CD. Quis falar sobre adoração, sobre intimidade porque é um “lugar” onde eu fui transformado e impactado – nos momentos de intimidade com Deus. Também onde ouvi o coração Dele através de sua Palavra, de joelhos ou prostrado ao chão. E o meu desejo é que as pessoas entendam que é muito mais que apenas a salvação.

Fale mais a respeito...

A salvação é apenas a porta de entrada. Depois dela, a gente tem todo o contexto da grandeza Dele, da Pessoa Dele, da majestade Dele... A Palavra de Deus diz que nós somos transformados de glória em glória, para que a gente possa “suportar” o que for necessário. Então vamos conhecendo, aos poucos, que Ele é amor demais, é santidade demais, é brilho demais, é loucura demais... Mas como diz a Palavra de Deus: Ele escolhe as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias. Por isso, a gente a passa pela porta da salvação, depois corre para os braços do Pai, e nesse processo a gente vai conhecendo o Senhor, cada dia mais.

Vimos muitos jovens entregando a vida para o Senhor, subindo junto com você e com o Pr. Isaque para receberem oração... Como é para você essa relação da música, do louvor com o seu chamado pastoral?

Eu aprendi há algum tempo atrás, já que sou músico, que a batida do coração de Deus são duas batidas. Uma batida para mim é intimidade, porque ele deseja ser íntimo dos seus. E não adianta você falar de alguém que você não conhece, sem ter intimidade, sem autoridade, sem propriedade. Infelizmente, a gente vê tanto disso hoje em dia: pessoas querendo mais se mostrar e aparecer do que falar daquele que fez a diferença na vida delas. Então, para mim a primeira batida do coração de Deus é intimidade para com aqueles que se chamam pelo Seu nome. A segunda são almas. Quando nós o conhecemos, descobrimos, como diz na Bíblia, que o desejo dele é que ninguém se perca, que todos sejam alcançados, que todos sejam salvos.

Como vê sua participação nesse propósito?

Sinto-me muito honrado em poder usar aquilo que amo, que é a música e no estilo que eu gosto (o pop-rock, porque sou um “rocheiro”, que é um roqueiro firmado na Rocha) e o talento que o Senhor me deu, como estratégia para poder transmitir esse amor de Deus. Sabemos que o louvor liberta e as pessoas vêm, muitas vezes, atraídas pela bateria, pela guitarra, pelo sax e outros porque gostam da energia que a música libera. Então, nada melhor do que pegar essa ferramenta, que a música, e recheá-la com tudo que tem a ver com Deus: Palavra de Deus, carinho de Deus, paz de Deus, abraço de Deus... E oferecer para aqueles que estão ali querendo “curtir” a música. Eles vão em função da música, mas são tomados, arrebatados, atropelados pela palavra viva que aquela música carrega, gerando libertação, gerando o reconhecimento de que elas não podem sair daquele lugar do mesmo jeito que chegaram.

E isso acontece, não é?

Sim, em função de um reconhecimento, mediante a Palavra do Jesus que a gente exalta da abertura até o final das nossas apresentações. E quando você vê, no final, aquela colheita... Nos últimos dez anos de ministério, nosso foco tem sido somente esse: colheita, colheita, colheita... E elas vêm através da palavra cantada ou pregada. No final, a gente sempre faz apelo e vê pessoas vindo à frente, geralmente um grande número de jovens, e o nosso coração se alegra. Sabemos que, naquele momento, o céu está em festa, mas meu coração também entra em festa, porque eu sei que o Senhor usou a todos nós: eu, o pastor, a igreja, os intercessores, todo o trabalho de oração que foi feito antes de chegar aquele momento para que tivéssemos aquelas almas resgatadas, saqueadas do inferno, trazidas das trevas para a luz, e sabemos também que aquilo que Deus tem para elas, dali para frente e se elas tomarem posse, será revolucionário!

Você sempre canta “Abraça-me”, uma música muito conhecida, muito querida, muito íntima... Como é sempre cantar essa canção, sempre tão requisitada?

Essa música já tem 12 anos. Ela nasceu no dia em que minha filha Angel nasceu. Foi uma experiência muito forte que tive com Deus no nascimento da minha filha. Meu plano de saúde não permitia passar o tempo todo com ela, após sair do hospital cheguei em casa com uma mistura muito grande de sentimentos: ternura, alegria, paixão e a vontade de estar junto dela, que era a coisinha mais linda. Afinal, passei nove meses cantando pra ela enquanto estava no ventre da mãe. Desde que soube da sua concepção eu ministrava, eu cantava, eu amava. Agora que ela nasceu, estava em meus braços eu não podia passar a noite com ela. Cheguei em casa alegre, feliz, apaixonado e triste. Decepcionado comigo mesmo. Assim, fui pra Bíblia, peguei o violão e o Senhor me levou pra lugares diferentes, onde diz que a gente tem que ser como criança para receber o Reino de Deus. Fui pra Apocalipse 2, onde diz que temos que voltar para o lugar onde caímos e voltar ao primeiro amor... Com isso eu fui sentido uma invasão, uma presença de Deus enorme. 

Então ela nasceu de um misto de sentimentos e inspiração bíblica...

Sim, palavra de Deus que se misturou com o que eu estava sentindo. Eu senti a presença de Deus tomando aquele lugar onde eu estava e ele ministrando em meu coração, falando que muitas vezes Ele se sentia daquela maneira: também triste e alegre. Alegre pela salvação, mas triste porque muitos não querem, não estão interessados em ter um relacionamento com Ele que seja duradouro, diário, mas interessados apenas no que Ele pode fazer e não na pessoa que Ele é. E Deus foi se derramando sobre mim e me levando a estes lugares diferentes na Bíblia e a presença de Deus foi me tomando... E eu fui cantando: Pai, quero ser com o criança, te amar pelo que és e não pelo que Tu podes fazer, não pelas tuas promessas. Obrigado, sou muito agradecido, mas eu quero te amar pelo que Tu és, voltar a inocência, voltar ao primeiro amor e crer em Ti. Não quero crer em minhas próprias forças, em meu talento, em minha personalidade; quero crer em Ti, quero que tua luz brilhe em mim.

Realmente, foi uma experiência muito especial...

Foi mesmo. E assim nasceu essa canção, em meio a uma das experiências mais fortes que eu já tive em minha vida. Embora já tenha 12 anos que essa canção nasceu – e neste período Deus já me deu várias outras canções que a gente canta em todos os lugares onde chegamos --, por incrível que pareça, se eu não ministrar “Abraça-me” o povo me cobra um tanto... (risos).

Diante desse testemunho fica fácil entender o motivo. Ela carrega esse sentimento todo que você viveu e a experiência de estar próximo de Deus, como num abraço...

Ela traz uma intimidade, um desejo [de estar próximo do Pai]. Isso chega até as pessoas, isso as toca. Elas se sentem amadas, valorizadas, queridas e acho que isso é importante; é o segundo mandamento.

Nada como um abraço... Ele é tão simples e tão necessário.

Você está com 22 anos de estrada. Como avalia o momento que está vivendo hoje? Afinal, com esse tempo todo já demonstra uma maturidade, já é um desempenho diferente daquilo que era anteriormente. Como se vê hoje?

Mais apaixonado, mais faminto, mais sedento, mais enlouquecido por ver o Brasil sendo tomado por essa glória que mudou minha vida. Realmente, eu era uma criança, mas agora sou um adolescente. (risos) Sei que ainda tenho muito mais pra apender. Uma das coisas que eu peço ao Senhor é que eu jamais me acostume com os aplausos, com as multidões, com a salvação, com aqueles que se arrependem. Eu oro: Pai, eu quero a cada dia me surpreender, eu quero sentir a cada dia aquela infantilidade do primeiro amor, preciso disso, não posso deixar... Ás vezes, a gente amadurece demais, a gente deixa o primeiro amor e acha que nossos títulos e nossos diplomas nos deem direito de sermos pessoas indiferentes... Infelizmente, a gente vê muito disso na igreja, as pessoas não têm mais aquela expectativa da simplicidade da presença de Cristo. Então, a despeito destes 22 anos, eu me sinto ainda bem novo em tudo o que Ele tem pra mim.

Você é pai, marido, tem sua família... Como é para você ter que se ausentar tanto em função de seu chamado, de seu ministério? Sair muitas vezes e entregar para “os estranhos” aquilo que, de repente, sua não pode ter que é a sua presença. Você convive com isso numa boa? Como é essa situação pra você?

Minha filha caçula começou a engatinhar eu não estava em casa. Ela deu os primeiros passos, eu não estava em casa; a primeira vez que ela falou “papai” eu não estava em casa... Minha esposa me ligava e dizia o que estava acontecendo. Pra mim esse é o lado mais pesado do ministério. Eu sou uma pessoa muito caseira. Amo estar com minha família, amo sair e fazer coisas junto com eles. Já vi todos os desenhos do Bob Esponja que você pode imaginar (risos) com minha filhinha caçula, porque é o desenho predileto dela. Sou uma pessoa muito de casa. A gente tem um escritório -- onde cuidamos da nossa agenda e pra dar conta do projeto social que nós temos – que é dentro de casa, porque viajo tanto que quando eu estou em casa, estou em casa, estou ali para a família, estou ali pra poder investir tempo na vida daqueles que Deus me deu. Quando saio pra resolver qualquer coisa, como ir ao banco ou shopping, minha caçulinha está comigo. Eu reconheço que, ministerialmente falando, essa distância é a parte mais pesada. Nós somos muito apegados... Glória a Deus que hoje existem celulares e redes sociais que nos aproximam...

Mas eles compreendem?

Existe uma graça muito grande sobre minha vida, sobre a vida da minha esposa e sobre a vida de nossos filhos para nos ajudar a suportar estes momentos. Toda a família entende que estamos no centro da vontade de Deus, que estamos fazendo a obra do Pai, resgatando vidas, tirando jovens das drogas, da prostituição, dessa loucura que o mundo oferece... E com nosso ministério redirecionamos as vidas para um lugar de segurança... Então, minha família se alegra que eu esteja fazendo estas coisas. A Daniele, minha filha do meio, estuda nos Estados Unidos, onde faz Teologia, estuda Louvor e Adoração, aprendeu a tocar bateria, violão, piano e está se engajando com todas suas forças para poder seguir os passos do pai. Embora seja muito difícil, a gente vê os frutos nas vidas deles daquilo que eu conto como testemunho, daquilo que relato e das ministrações. Eles estão comigo.

Início de ano, o que vem por aí na carreira de David Quinlan?

Estamos lançando, neste mês de fevereiro, uma coletânea de músicas de nossa carreira. Fomos para o Facebook, onde temos muitos seguidores, e perguntamos para nosso público (os que estão com a gente há 22 anos e os filhos destes, a nova geração) quais as músicas – ao longo desse período -- que eles mais gostaram, que mais tocaram a vida deles. As que gostariam de ouvir repaginadas, com o som atual... Afinal, minha voz naquela época era diferente, meu som naquela época também era diferente... Eles participaram bem, escolhemos doze canções que sairão neste CD. Então, será um trabalho com canções repaginadas que contam a história do meu ministério. E no final deste ano de 2015 a gente grava um CD com inéditas.

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