No title "...e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11: 27b).
Em uma época politicamente efervescente, onde o pensamento masculino ditava as regras, Cláudia Prócula surge para fazer a diferença e posteriormente ser citada, ainda que sua palavra não tenha sido levada em conta a quem foi destinada. Mas essa mulher provou "que Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes" (1 Co 1: 27b).
Não temos muitos detalhes a respeito de sua vida, mas podemos observar, por suas atitudes, que ela possuía o temor do Senhor.
Em certo livro apócrifo, escrito por alguém cognominado Nicodemos, encontra-se a descrição da esposa de Pôncio Pilatos, governador romano na Judéia, por ocasião da crucificação de Jesus Cristo; sendo neta do imperador Augusto. Este livro afirma que ela era prosélita do Judaísmo, ou convertida ao Judaísmo, pertencendo à classe alta de mulheres da época.
Cláudia Prócula teve papel importantíssimo nos últimos dias de Jesus Cristo, mas ficou quase que completamente de fora dos evangelhos. Apenas o evangelho de Mateus fala sobre ela. Em Mateus 27:19, lemos:
"E estando assentado no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele".
Deus se revela a ela, possivelmente num sonho marcante, e lhe mostra que o "Rabi da Galiléia" era um homem justo. A alma dela angustiou-se ao pensar qual o destino dado a Jesus de Nazaré.
Sabemos que Deus manifestou seu plano a homens no passado, trazendo revelações importantíssimas a reis e profetas. Assim foi com José no Egito, com o rei Nabucodonosor e José, marido de Maria. Entretanto, a única mulher citada na Bíblia que teve um sonho especial foi a mulher de Pôncio Pilatos. E os sonhos de Deus são importantes. Eles se cumprem, e levam o homem às reflexões e decisões na carreira da vida.
Quem sabe se ela teria mostrado ao seu marido que Jesus estava sendo entregue pelos principais dos judeus por motivo de inveja? Quem sabe se ela teria conversado com o seu marido sobre a esperança dos judeus a respeito do seu "Messias", que seria rei de Israel, rei dos judeus, e que aquele seria o tempo referido pelas Escrituras para a Sua vinda entre o seu povo? Quem sabe ela não temia pela própria vida de seu marido, por condenar um justo chamado "O Cristo"?
Cláudia Prócula já presenciara tremendas maldades do governo de Roma em tantas condenações injustas e cruéis. A esposa de Pilatos sabia que era necessário ao seu marido o uso de bom senso e um coração sensível, apesar da dureza inquestionável no cumprimento da lei romana pelo exército sob seu comando.
Podemos supor que o motivo que levou Pilatos apenas mandar açoitar o prisioneiro Jesus, e soltá-lo logo em seguida, tenha sido por influência do conselho de sua esposa. Até o ato de "lavar as mãos", indicando considerar-se isento de responsabilidade sobre o destino dele.
A esposa de Pilatos mostrou ser uma mulher humilde e ágil em tomar decisões. Demonstrou submissão e respeito ao marido e procurou ajudá-lo naquele momento tão difícil, já que este exercia a autoridade romana sobre a Palestina. Ela não se omitiu, e a Bíblia relata o seu sonho de sofrimento com o "Justo Jesus de Nazaré".
A Bíblia nos mostra personagens anônimos, como a esposa de Pilatos, que agiram corretamente na família e não se omitiram de suas responsabilidades. Apesar de não sabermos muito sobre ela, percebemos que era uma mulher presente na vida do marido, e ousava ajudá-lo com conselhos. Pelo menos ela tinha acesso a ele em suas decisões.
Pilatos era duro e inflexível, mas aparentemente permitia que sua esposa expusesse suas opiniões. Tomou decisões brutais na Judéia. O povo judeu não gostava dele, como também não aceitava o domínio de Roma. Era algo difícil de engolir. Entretanto, Pilatos deixou uma pergunta no ar que alcançou a todas as gerações depois dele: "Que farei de Jesus, chamado o Cristo?".
É certo que nem ele, nem sua esposa poderiam se omitir. Lavar as mãos publicamente e dizer-se inocente daquela morte não o isentaria da sua resposta para a eternidade.
Podemos concluir que Deus revela seus segredos a quem Ele quer, quando Ele quer, onde Ele quer e para o propósito que Ele quer. "O Senhor não vê como vê o homem; Ele vê o coração" (1 Sm 16: 7). Os religiosos da época estavam mais dispostos a defenderem suas razões egoístas do que identificarem o "Messias" prometido naquele humilde homem de Nazaré.
Deus usou uma mulher fora do Seu povo, mas que aparentemente O temia. Ele lhe confiou uma revelação: A justiça de Cristo. Ela anunciou o que recebeu do Senhor. E quanto a nós? Temos anunciado o que temos recebido do Senhor? Temos falado de Cristo, mesmo em ambientes adversos? Ou temos "lavado as mãos" e nos omitido como Pilatos? Precisamos aprender com o exemplo da romana Cláudia!
Mônica Valentim
Mônica Valentim é pedagoga, com expecialização em Orientação Educacional e Profissional; pós- graduada em Psicomotricidade. Possui especialização em Modificabilidade Cognitiva PEI- Nível I, Jerusalém, Israel. Bacharelanda em Teologia.
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