Por milagre, Slater dá "tiro no escuro" e traça plano para pressionar: "Blefar"

Onze vezes campeão mundial diz que já duvidou de si mesmo, lembra conselho de Rickson Gracie para se aposentar e de quando achou bola de golfe que lhe traria sorte

Fonte: Globo.comAtualizado: quinta-feira, 11 de dezembro de 2014 às 10:47
Kelly Slater no Pipe Masters, última etapa do WCT (Foto: Pedro Gomes / Photography)
Kelly Slater no Pipe Masters, última etapa do WCT (Foto: Pedro Gomes / Photography)

Há sempre uma luz no fim do túnel, principalmente, para alguém com o brilho de Kelly Slater. Onze vezes campeão do mundo e dono de sete vitórias no Pipeline Masters, o surfista de 42 anos segue vivo na busca pelo seu 12º caneco. Para ele, apenas a vitória interessa e, ainda assim, terá de torcer por uma combinação de resultados. Se Gabriel Medina avançar à quarta fase, o americano perde as chances de ir ao topo mais uma vez. O outro candidato é o australiano Mick Fanning, que defende o título e luta pelo tetracampeonato. Para Slater, a sua missão é como um tiro no escuro, afinal, os seus dois rivais têm melhores condições. Em tom de brincadeira, ele disse que era hora de começar a blefar.

Kelly Slater Pipe Masters última etapa do WCT no Havaí Surfe (Foto: Pedro Gomes / Photography)
Kelly Slater no Pipe Masters, última etapa do WCT (Foto: Pedro Gomes / Photography)

 

No ano passado, eu achei uma bola de golfe e botei o numero 12 nela. Na hora, eu pensei: 'Esta coisa está rindo para mim'. Quando você fica tão perto por três anos seguidos, às vezes, imagina: 'Será que eu devo parar de tentar mais um título?' Mas, depois você pensa de novo e fala: 'Não, se tenho oportunidade, eu vou seguir em frente' 
Kelly Slater

 - Sei que as minhas chances são mínimas, vou dar um tiro no escuro. Tenho dois caras na minha frente. Está tudo contra mim. Preciso começar a blefar para eles soltarem suas cartas (risos). Mesmo se eu ganhar e o Gabriel ficar em nono, eu perco. E o Mick é muito experiente, determinado e perigoso. Sabe exatamente o que fazer e como deixar os seus adversários em uma situação complicada nas baterias. Vocês (jornalistas) não viram em Portugal? Bastou eu e o Gabriel cairmos na terceira fase para ele ir lá e ganhar. Ele não se abala pela pressão. O Mick nunca ganhou aqui, mas tem vindo mais ao Havaí e costuma ficar entre os melhores, já esteve em final, ficou em terceiro, quarto... Tudo pode acontecer - avaliou o americano. 

Slater lembra que, ano ano passado, quando chegou ao Havaí, encontrou no chão uma bolinha de golfe e escreveu o número 12 em cima dela. Ele acreditava que poderia lhe trazer sorte, mas, ao ver Mick Fanning avançar para a semifinal, perdeu a sua chance de erguer o caneco. Ainda assim, assombrou os rivais em um mar histórico e venceu a etapa pela sétima vez na carreira. Bateu na trave na briga pelo título da temporada, assim como nos dois últimos anos (em 2012, o campeão foi o australiano Joel Parkinson). A lenda do surfe chegou a duvidar de si mesmo, mas, acredita que, se tem a oportunidade de brigar pelo título, não tem por que parar de competir. 

- No ano passado, eu achei uma bola de golfe e botei o numero 12 nela. Na hora, eu pensei: "Esta coisa está rindo para mim". Quando você fica tão perto por três anos seguidos, às vezes, imagina: "Será que eu devo parar de tentar mais um título? Mas, depois você pensa de novo e fala: "Não, se eu tenho essa oportunidade, eu vou seguir em frente" - revelou. 

 

Há seis anos, Kelly encontrou o brasileiro Rickson Gracie, lutador de jiu-jítsu e MMA, que o aconselhou a se aposentar. Na época, ele tinha "apenas" oito títulos mundiais. Slater não desistiu e continuou no topo, se renovando com as novas gerações, fazendo mágica e sempre tirando um coelho da cartola, como oaéreo 720º ou 540º, que surpreendeu a todos na etapa portuguesa, vencida por Fanning

- Quando eu encontrei o Rickson, ele falou: "Você deve parar, já tem oito títulos mundiais e está apenas se expondo. Esses caras podem te vencer, você fez muito pelo esporte". E há não muito tempo o encontrei novamente e falei: "Ei, se eu fosse escutar os seus conselhos, não teria mais três mundiais (risos)". A vida é assim: você ganha e você perde. Nos dois últimos anos, perdi por uma bateria, e já ganhei também por uma bateria três ou quatro vezes - contou o americano. 

PIPELINE: "COMO ANDAR DE BICICLETA"

 

surfe Kelly Slater nas quartas do Pipeline Masters (Foto: ASP)
Para Kelly Slater, que se recupera de lesão, surfar em Pipeline é como andar de bicicleta (Foto: ASP)

O americano, que fraturou dois dedos do pé direito em Fiji, ainda se recupera da lesão e diz estar "enferrujado". Na terça-feira, surfou escondido em uma praia em Haleiwa, longe dos holofotes, como costuma fazer durante as etapas, e viu que ainda não está 100%. Apesar das dores, diz que surfar em Pipeline é como andar de bicicleta.   

- Estou meio enferrujado, vou testar meus equipamentos, mas o mais importante para mim é estar em cima da prancha. Eu não fico preocupado com manobras ou outra coisa, eu quero apenas sentir o timing da onda, e como a minha prancha reage. Posso até fazer algumas manobras, mas vou pegar tubos. Estou tentando entrar no timing, recuperar os músculos, mas eu me senti ok (surfando em Haleiwa), bem, é como andar de bicicleta - finalizou.

A janela de espera do Pipeline Masters começou na segunda-feira, mas até agora apenas a triagem foi iniciada - parou antes da final. Os dois primeiros colocados entrarão na chave principal, que pode ser disputada até dia 20.

O QUE MEDINA PRECISA PARA SER CAMPEÃO MUNDIAL

- se for eliminado até a terceira fase => precisa que Kelly Slater não vença a etapa e que Mick Fanning não chegue às semifinais. Se Fanning for eliminado nas quartas, decide o título da temporada numa bateria homem a homem com o brasileiro.
- se for eliminado na quinta fase => Mick Fanning não pode chegar à final;
- se for eliminado nas quartas ou nas semifinais => Mick Fanning não pode vencer a etapa;
- se chegar à final => conquista o título, independentemente da campanha de seus rivais

Por Carol FontesDireto de Oahu, Havaí

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