O Ministério Público Federal solicitou inquérito civil público sobre o livro “A Estratégia – O plano dos homossexuais para transformar a sociedade”, de autoria de Louis P. Sheldon, editado no Brasil pela editora do pastor Silas Malafaia, a Central Gospel.
O parecer do procurador da República Sergio Gardenghi Suiama acata pedido da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) que alega que a obra “perpetra uma inegável incitação ao ódio, ao preconceito e à discriminação com os homossexuais”.
“The Agenda” é, há anos, a cartilha da estratégia política de igrejas evangélicas fundamentalistas nos EUA. No Brasil, lideranças políticas religiosas têm adotado, recentemente, a estratégia de considerar o segmento LGBT como alvo preferencial de ataque. Para eles, os homossexuais são a principal ameaça ao estilo de vida em suas igrejas, desde que se tornaram mais organizados, realizam paradas gays e fazem advocacy em governos e parlamentos.
Lógica neonazista
No ofício, a entidade cita especificamente trechos do livro nos quais constam as afirmações: “Os promotores da estratégia, do plano homossexual, são pessoas cheias de ressentimento e ódio, misturados com autorrejeição e vergonha, e não desistirão até que tenham erradicado cada traço de moralidade e autocontenção” e “O problema não é simplesmente o tipo de sexo preferido pelos homossexuais, mas o estilo de vida que abraçam. Doenças, infecções, vícios em drogas e álcool, e ferimentos são comuns. Além disso, a evidência de disfunções sociais e emocionais é igualmente aterrorizante”.
Segundo o Folhagospel, o procurador afirma em sua representação, que os trechos destacados evidenciam que a obra em questão não está voltada somente à defesa de uma posição política. O autor qualifica o que chama de “estilo de vida gay” como “repugnante”, “perigoso”, “vulgar” e “assassino”, e afirma textualmente que homossexuais são “sexualmente imaturos”, moralmente irresponsáveis e emocionalmente instáveis”. São também, segundo sugere o autor, responsáveis pela transmissão de doenças e molestadores sexuais de crianças inocentes.
O livro foi lançado em março deste ano e trata-se, segundo a editora, de uma publicação de 288 páginas de análise de 33 anos do escritor sobre o tema.
A Central Gospel ainda não se manifestou sobre a decisão do MPF-SP. Contudo, o pastor Malafaia negou em outra oportunidade que a sua editora tenha livro que promova ódio e preconceito.
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