O presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, vai entregar o poder após organizar eleições parlamentares em janeiro de 2012, recusando-se a deixar o governo sem saber quem vai sucedê-lo, disse nesta terça-feira (22) o secretário de mídia do governo e aliado de Saleh, Ahmed al-Sufi. "O presidente Ali Abdullah Saleh disse que vai entregar o poder através de eleições (parlamentares) e da formação de instituições democráticas ao final de 2011 ou janeiro de 2012", informou o secretário. "Ali Abdullah Saleh não quer o poder. Ali Abdullah Saleh não vai sair sem saber para quem vai entregar o governo", acrescentou ele.
Uma coalizão formada pela oposição iemenita rejeitou a oferta de Saleh. "A oposição rejeita a oferta. As próximas horas serão decisivas", disse Mohammed al-Sabry, porta-voz dos grupos que protestam há semanas exigindo a renúncia do presidente. Mais cedo nesta terça, Saleh havia afirmado a comandantes do Exército que o empobrecido país do Golfo Pérsico pode mergulhar em uma guerra civil devido aos esforços para encerrar o que chamou de "golpe" contra seu governo.
Comandantes militares declararam na segunda-feira (21) terem transferido seu apoio para os ativistas pró-democracia
"Aqueles que desejam ascender ao poder por meio de golpes deveriam saber que isto está fora de cogitação. A nação não ficará estável, haverá uma guerra civil, uma guerra sangrenta. Deveriam ponderar isto com cuidado", disse Saleh em discurso perante os comandantes.
O general Ali Mohsen, comandante da zona militarizada do nordeste e parente de Saleh no clã Al-Ahmar, afirmou na segunda-feira à rede Al Jazeera estar apoiando os manifestantes e alertou ele mesmo sobre uma guerra civil caso a repressão aos protestos continue.
"Digo claramente aos irmão oficiais que renunciaram como resultado de fraqueza e de intimidação da mídia: a mídia os tem aterrorizado a ponto de se sentirem como folhas de outono, e eles se arrependerão", acrescentou Saleh no discurso, que mais tarde foi transmitido na tevê estatal iemenita.
Em uma declaração separada a líderes tribais em Sanaa, muitos dos quais dizem apoiar os manifestantes, Saleh repetiu seu alerta sobre uma guerra civil e acrescentou que o país pode enfrentar a desintegração.
"Vocês têm um plano de esfacelar o país, o país será dividido em três em vez de duas metades. Uma parte no sul, uma no norte e uma no meio. É isso que tem sido buscado pelo desertores contra a unidade", disse ele, referindo-se aos rebeldes xiitas no norte e a militantes da al-Qaeda.
Os países ocidentais temem que a crise política possa resultar rapidamente na falência do Estado que faz fronteira com a Arábia Saudita, maior produtor mundial de petróleo, e de importantes rotas de escoamento. Um cenário possível é o Iêmen se separar em zonas de influência tribal, militar ou regional.
A al-Qaeda já usou o país para tentar ataques na Arábia Saudita e nos Estados Unidos nos dois últimos anos.
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